END HITS: Entrevista com Mario Pina e Vinas

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Olá caros leitores, desta vez conversei com o Mario (baixista) e o Vinas (vocalista) da banda paulistana End Hits. E claro, disto surgiu mais uma entrevista. A banda que faz um som calcado nos anos 90 mas com a sua própria personalidade e que acaba de lançar seu primeiro álbum neste ano.

GROUNDCAST O End Hits nasceu em 2009 certo? Então, como foi a formação da banda? Era pra ser apenas um projeto ou algo mais sério?

END HITS: A banda foi formada da vontade dos membros de fazer um som que não       soasse extamente como hardcore clássico, que era o que tínhamos em outras bandas, uma
forma de trabalhar com outras influencias e coisas que gostamos bastante, que tão um
pouco fora desse contexto.

 

GROUNDCAST  O nome da banda tem a ver com o nome do quinto álbum do Fugazi? Ou é apenas uma coincidência?

END HITS: Todos nós na banda gostamos muito do Fugazi e desse disco deles, alem de acharmos o nome bem legal, e temos muita admiração pela sua trajetória e postura como banda, mas é importante ressalatar que nossa musica não remete em nada a musica do Fugazi (risos).

 

GROUNDCAST  Vocês gravaram neste ano o debut da banda, “Fire Walk With Me”. Como se deu o processo de criação/composição das músicas e do álbum em si?

END HITS: Aconteceu tudo muito rápido, uma vez estabelecida a nova formação da banda em novembro do ano passado, começaram a aparecer as musicas e as letras, a gente se viu relutante em alguns momentos sobre como o disco tava soando e o que a gente queria, mas teve esse momento em que a gente deixou as musicas seguirem seu curso natural ao invés de ficar forçando a barra com uns lances nada a ver, e daí a coisa fluiu. Outras musicas já existiam de forma mais crua e instrumental, de outras fases da banda, a gente aproveitou o que era legal, acrescentou outras coisas e tudo entrou no disco. A gente ta bem satisfeito com o resultado.

 

GROUNDCAST  Qual o motivo da banda cantar suas músicas em inglês? Vejo que essa é uma prática que está cada vez mais se tornando “rara” nas bandas independentes.

END HITS: Pois é, até que tem aparecido bandas compondo em inglês, mas realmente não são maioria, tem sido assim de 2000 até aqui, é legal as bandas que se preocupam em compor em portugês, no nosso caso a gente só acha que em inglês soa mais como as coisas que a gente gosta bastante, a gente tem dificuldade de visualizar o som da nossa banda em português, pelo menos até aqui.

 

GROUNDCAST  Vocês gravaram um clipe para música titulo do álbum, foi algo natural ou já era programado por vocês?

END HITS: A gente gosta bastante de somatizar a nossa musica essa parte visual de imagens e desenhos, complementam o som e as letras sabe? É uma extensão. Com o clipe foi dessa forma, a gente achava legal a ideia de fazer um clipe com uma espécie de conceito que remetesse ao tema predominante das letras que é inadequação, e a escolha da musica foi um consenso entre a banda e o diretor que é o Juliano Peleteiro.

 

 

GROUNDCAST  Em agosto, tive a oportunidade de ver o show do “Chuva Negra feat. End Hits” isso porque o baixista e um dos guitarristas do Chuva tiveram problemas e não puderam vir para o RJ. A relação de vocês é tão próxima que possibilitou esse convite?

END HITS: Sim, além do pessoal das bandas serem amigos, o Marcelo que toca bateria no Chuva já foi baterista dessa banda, esse tipo de colaboração acaba sendo bem comum. Quando não acontece a colaboração, rola uma chantagem em cima de informações valiosas que ambos os lados tem, sobre situações constrangedoras de rolês errados e presepadas de bêbado, e foi dessa forma que o mario e o adriano acabaram aparecendo por esses lados cobrindo o baixo e a guitarra do chuva (risos).

 

GROUNDCAST  Mas agora voltando a falar do debut de vocês, ele já saiu ou tem previsão de sair em formato físico?

END HITS: A Cérebro Surdos Gravações se propôs a lançar o disco em vinil, a gente ta se movimentando nesse sentido mas tem uma parte de burocracia, e um problema grave que a gente tem de organização na banda que tem atrasado esse lançamento. Saindo em vinil ou não, a gente planeja sim lançar Em formato físico, seja como for.

 

GROUNDCAST  E como tem si do os shows de divulgação do álbum de vocês? Previsão de fazerem um show aqui no RJ?

END HITS: Os shows tem sido bem legais, ta tendo um retorno bem legal. De cada show que a gente faz tem pelo menos sempre uma pessoa que vem falar coisas legais ou que se interessa pelo nosso trabalho de alguma forma, e isso, considerando a quantidade de bandas que tem nesse meio, já é bem surpreendente e gratificante pra nós. Mesmo que o publico do show consista apenas em um casal se pegando no sofá e um tio bêbado emocionando sozinho na pista, pensando que a gente tá tocando Raul Seixas (baseado em fatos reais) a gente acaba se divertindo e dando risada da mesma forma.

 

GROUNDCAST A internet tem sido uma boa ferramenta para divulgação do trabalho de vocês? Além dos shows claro.

END HITS: A internet é muito útil, tanto pra nós, como pra qualquer banda independente, na internet você tem tudo, programas de edição de som, tutoriais, e tudo que você precisa pra gravar seu disco e divulgar seu trabalho, o limite é a criatividade. Esse meio deu uma grande guinada com o advento da internet, e putz, é muito legal ver as pessoas fazendo suas porias coisas ao invés de saírem desesperadas atrás de produtores e assessores de imprensa antes mesmo de comporem a primeira musica da banda, da pra enxergar tudo com mais otimismo nesse sentido. As coisas vão mudar, já estão mudando.

 

GROUNDCAST  Vocês acham que um dia será possível viver somente da música?

END HITS: Viver de musica, é um sonho, lógico, mas o cenário que a gente imagina em que a gente se sentiria confortavel vivendo só de musica, é um cenário que nos parece utópico, pelo menos do pouco que a gente sabe que uma banda tem que fazer pra alcançar essa condição nos dias de hoje, e enfim não nos parece nada atraente nesse sentido. Mas a gente ta falando de viver da banda pra valer sabe? Ter uma qualidade de vida no minimo decente, que é diferente de ganhar um cachê ok, ter ai, uma renda suficiente pra poder sair na foto do RG com a camisa do Corinthians e tatuar a cara. Difícil dizer, na verdade a gente realmente não tem muito conhecimento desse mundo ou do que rola nele, a gente só sabe de alguma coisa ou outra que escutamos de amigos ou conhecidos que tem seu foco pra essa direção, e a gente pode ta muito enganado nesse sentido, em outra mão conhecemos amigos que são bem agilizados com suas bandas, organizam seus próprios eventos, e acabam tirando um dinheiro legal da banda, nada que cubra todos os gastos, mas que da uma boa ajuda com as contas de casa e gastos da banda, e enfim, isso já é bem legal, você sente reconhecimento pelo seu trabalho, ganha pelo que faz, e não tem que adaptar uma virgula na sua proposta musical ou no que quer dizer nas letras entende? É algo saudável pra se ter como horizonte. No nosso caso, pelo menos por enquanto, a gente já se diverte bastante com o que a gente conseguiu até, tendo fontes de renda paralelas a banda, dessa forma, a gente tem pleno controle sobre nossa produção, o que a gente quer tocar, o que a gente quer falar e como queremos nos apresentar. Temos conversado ultimamente sobre organizar nossos próprios eventos 100% por nós mesmos, ou nos juntarmos com amigos de outras bandas pra ver como da pra fazer esse tipo de coisa junto, sem ninguém ganhar em cima da gente sabe? No que se refere a lucro e prejuízo  ser responsável por tudo que entra e sai do evento, esse tipo de coisa. Se em algum momento isso que nos parece esse cenário mainstrean mudar, ou mesmo se nos dermos conta de que estávamos completamente enganados sobre tudo isso, a gente vai considerar as possibilidades, seria legal sim, ter as nossas musicas tocando no rádio ou ver o nossos clipes passando o tempo todo na TV mantendo a integridade da nossa proposta musical, e tirar nosso sustento disso. Mas por hora a gente ta bem satisfeito e feliz com o que a gente já tem no “nosso mundinho”. Ainda sim, é como foi dito, a gente sabe muito pouco mesmo sobre tudo isso.

 

GROUNDCAST  Deixo o espaço aberto para deixarem a mensagem para quem curte o som de vocês e obrigado pela atenção.

END HITS: A gente queria agradecer essa oportunidade de divulgar nosso trabalho e falar um pouco das nossas idéias. Uma mensagem pra quem ta lendo? Se você quer ter uma banda, reúne seus amigos da rua ou do colégio e monta essa banda hoje mesmo! Mesmo que nenhum deles tenha a menor idéia do que é um acorde ou do que fazer com a bateria, dane-se sabe? Monta a banda e aprende a tocar no meio do processo, existem bandas que se tornaram ícones e que começaram desse jeito, é urgente derrubar esse mito da nossa cultura de que pra fazer qualquer coisa que você queira você tenha que se enfiar em algum tipo de curso do qual você vai deixar um puta dinheiro, pra só depois de uns dois anos poder colocar em pratica seus planos (a gente não ta falando de medicina aqui ok? Risos), quantas pessoas não deixam de começar a fazer qualquer coisa que querem pensando dessa forma sabe? Lógico que ter qualquer tipo de orientação profissional ou especialização acrescenta e muito ao seu trabalho, mas pra começar ou mesmo pra ser bom, isso não é uma via de regra, só é muito conveniente pras pessoas que vendem esse peixe ou pra quem optou por fazer as coisas dessa forma, fazer as pessoas acreditarem que é a única forma de se fazer qualquer coisa. A internet tá ai também, hoje em dia existem formas e formas de adquirir conhecimento sobre diversos oficios por sua própria conta, você depende basicamente da sua vontade, determinação e esforço. Mãos a obra! Um grande abraço a todos, e mais uma vez obrigado pelo espaço.

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