Entrevista: Beyond the Pain

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Arnold Petit, vocalista do grupo Beyond the Pain concedeu uma entrevista para o GroundCast. Eles são uma banda de Progressive Death Metal da França, que lançou ano passado seu trabalho de estreia, “Swallow the Real”. Confira abaixo um pouco sobre seu trabalho, mp3, futuro musical e a cena do Heavy Metal por lá.

GroundCast: Bom, para começar, fale como tudo aconteceu, como surgiu a banda? Conte um pouco de sua carreira musical.

Arnold Petit: Beyond The Pain começou das cinzas de uma banda que Jean-Cristophe (guitarra), Paul Emmanuel (baixo) e nossa ex-guitarrista Laetitia estavam tocando. Quando a banda acabou ,eles fizeram o primeiro rascunho do que seria a Beyond the Pain no meio de 2008. Chamaram Matt (bateria) e eu (Arnold, vocal) no verão e Eira (tecladista) entrou um ano depois. O foco de nossa reunião era expressar nossos gostos variados no metal, entre outros gêneros, especialmente o progressivo e o death metal, que são os estilos que somos mais fãs. Começamos com algumas demos e compomos músicas para tocarmos ao vivo. Então lançamos nosso primeiro EP, que eventualmente se tornou um álbum, produzido por Jean-Cristophe (exceto a masterização, feita por Brett Caldas-Lima). Durante o processo, Laetitia deixou a banda e logo foi substituída por Steve Cheney, que nos trouxe energia e experiências que influenciaram as músicas que vieram depois. “Swallow the Real”, nosso primeiro CD, saiu em Janeiro de 2010 e conseguimos muitos reviews positivos. Nós ainda estamos promovendo este álbum!

GroundCast: Quais são as suas influências?

Arnold: Falando estritamente de música não posso realmente dizer que nós temos “influências”. Nunca pensamos nisso quando começamos a compor nossas músicas. Todos na banda são compositores e temos gostos em comum, assim como gostos muitos diferentes também. Buscamos fazer uma mistura de melodia e agressividade, tentando colocar tudo o que gostamos dentro do metal nas composições. Apesar de nossas diferenças, todos estamos conectados de muitas formas, mas em caminhos diferentes. Como, por exempl,o Paul e eu somos fãs de Dark Tranquillity e Tool. Jc e Paul, ambos amam Pink Floyd e Opeth. Steve e JC compartilham da mesma paixão por estruturas musicais mais progressivas, como Pain of Salvation. Matt e Eira são fãs de Amorphis. JC e eu amamos Smashing Pumpkins e Devin Twonsend, Eira e eu somos fãs de Paradise Lost e por ai vai. Como você pode ver existem muitas conexões  e nunca falamos, “Certo, vamos fazer essa música como a daquela banda”

GroundCast:  Quando eu vejo que uma banda vem da França, bom, sempre  a escuto com cuidado e isso se deve por eu sempre ter uma grande surpresa. Tenho grande exemplos como o Anorexia Nervosa, Wormfood, Carnival in Coal, Alcest, Les Discrets, Lantlos, Amesoeurs, Old Silver Key e por ai vai. Esses são exemplos de grandes bandas e eu imagino que deva ser difícil se manter uma banda por aí. Beyond the Pain não é uma exceção, mas gostaria de saber de vocês, o que acham que a música que vocês fazem tem de diferente e encantador? O que pensam ser único em seu som?

Arnold: Bem, posso apenas dizer que você tem um bom gosto, as bandas que mencionou são realmente excelentes. E obrigado por nos incluir nessa lista, realmente apreciamos isso e muito. Eu não sei se temos algo “único”, mas eu devo admitir que não compomos as músicas como a maioria das bandas faz, que geralmente tem um ou dois compositores apenas. Na Beyond the Pain, todos são compositores e ajudam efetivamente na musicalidade das canções. Constantemente um de nós aparece com um esboço da música e o restante começa a conectar as partes, como um esqueleto, para que dessa forma tenhamos algo que a banda toda gosta. Nós estamos em constante mudança, descobrindo coisas novas todos os dias e novas maneiras para nos expressar. Acredito que essa forma de pensar é o que nos faz “únicos”, nossa cooperação mutua para que percebamos os mínimos detalhes das composições. Sinto que algumas músicas do Swallow the Real (álbum de estreia), foram feitas rápida demais, para ser honesto, acredito que poderíamos dar um “reforço” nelas ainda, mas as músicas tem sua agressividade e eu gosto de todas, sem nenhuma em especial, mas nós vamos tentar trabalhar mais em nossos futuros trabalhos.

GroundCast: Muito bem, essa pergunta é sempre um pouco complicada. Vivemos em uma época em que é muito difícil vender CDs, eu por exemplo, os encontrei por causa da internet (eu achei o CD de vocês para download). Caso não saibam, é impossível achar algumas bandas para vender aqui no Brasil e muitas vezes você tem que importar e acaba pagando um preço abusivo. Qual a posição da banda em relação à internet e o MP3?

Arnold: Sim, você está certo, estamos vivendo uma realidade, onde muitas bandas se preocupam e CDs vão passar a ser cada vez mais raros, mas para nós é normal e nada alarmante, pois não temos uma gravadora e a divulgação, distribuição e venda do nosso CD é feita por nós mesmos, seja pela internet ou em nossos shows. Para facilitar, fizemos apenas 500 cópias do CD, então, sendo honesto, mesmo pensando em todos os problemas que essa “era digital” possa acarretar, dentro de um espectro muito amplo, nós da Beyond the Pain, como uma banda nova vemos isso como algo muito útil. Ficamos surpresos ao ver que nosso álbum está disponível em vários formatos na internet e como isso ajuda a espalhar nosso nome e nossa música pelo mundo. Como um grande fã das bandas que escuto, claro que sempre tento comprar os álbuns desses artistas, para apoiar, principalmente bandas com que temos tocado junto. E isso não tem nada a ver com materialismo, apenas é uma forma que encontrei de mostrar respeito e apreciação pelo trabalho alheio.

 GroundCast: Conte-nos sobre o conceito por trás do álbum “Swallow the Real” e como ele está sendo aceito, muitos comentários positivos

Arnold: Não acredito que exista um conceito por de trás do álbum, as músicas nele presentes, são apenas nossas primeiras músicas, que fizemos em conjunto. O próprio nome, “Swallow the Real” pode ser interpretado de muitas maneiras, mas para nós, reflete o simples e universal “ser humano”, em muitos aspectos de sua vida, forçados a aceitar o que lhe é dito e imposto neste muito em que vivemos, com um sistema que nos empurra toda essa violência das mídias, e com isso temos medo de cada um na rua, de nos perdemos em nossa individualidade e sonhos. Estando alerta sobre isso, talvez sair dessa “realidade” possa deixar qualquer um louco. Isto seria como um eco para o próprio nome da banda, onde depositamos tudo de negativo para encorajar o individuo a agir por si mesmo e se tornar forte cada vez mais.

Quanto à aceitação do álbum, estamos recebendo muitos bons reviews dos veículos de comunicação especializado e estamos muito felizes por isso, pois não esperávamos muito para ser sincero. Já faz mais ou menos um ano que o CD saiu e mesmo assim ainda recebemos criticas bem positivas das pessoas. Isso faz com que queiramos gravar mais e estar cada vez mais no palco, que é um local fantástico de estar, e com isso conseguimos alcançar uma dimensão maior das coisas, poderia dizer que “Swallow the Real” preparou terreno para o que está por vir de uma forma muito satisfatória.

GroundCast: Quais são os planos futuros? O que podemos esperar para os próximos álbuns?

Arnold: Agora no começo de 2012 estamos parando com os shows para que possamos compor novas músicas, com as ideias que tivemos no último ano, mais com o que já começamos, claro que o ritmo diminuiu, pois com os shows fica muito difícil administrar o tempo de compor e tocar. Ainda continuaremos abertos para convites para tocarmos ao vivo, mas estaremos mais focados no nosso próximo álbum. Muitas coisas vão evoluir, a agressividade, a emoção, as partes melódicas e é exatamente isso que colocaremos no próximo lançamento, ainda mais que agora temos Steve na banda, nós vamos explorar ainda mais suas ideias com coisas bombásticas e puxadas para algo mais extremo, musicalmente falando, ele é realmente o que queríamos para a banda e por isso o chamamos.

 
 

GroundCast: E as turnês? A banda está fazendo alguma turnê ou apenas shows locais?

Arnold: Ainda não fizemos nenhuma turnê, os shows estão sendo mais individuais e têm ocorrido pela França. Nós tivemos nosso primeiro show em Londres em outubro (que foi realmente muito bom). Para fazermos uma turnê de verdade, como mencionado antes, nós precisamos de tempo para criar algo novo e mostrar isso para as pessoas.

GroundCast: Como vocês descreveriam a “cena” metal hoje em dia? Nós temos muitas bandas de Metalcore e estilos similares e algumas pessoas até dizem que isso é um tipo de “evolução do Heavy Metal”, qual a opinião de vocês a respeito?

Arnold: Você sabe que somos fãs do estilo como um todo, não nos preocupamos com os gêneros e sub-gêneros que as pessoas criam a todo momento, na verdade essa é a única coisa com a qual nos preocupamos.

Mas já que comentou a respeito do Metalcore, eu realmente não acredito que é uma evolução do Heavy Metal, ou qualquer coisa do tipo, seria mais algo da mídia, assim como foi para o Nu Metal nos anos 90. Temos muitas bandas, algumas muito talentosas que estão em algum desses sub-gêneros, mas infelizmente muitas dessas bandas ficam presas nesse eterno “marketing”, sabe, você tem que ser isso ou parecer aquilo. Eu realmente não me importo e já desisti de acompanhar esse tipo de coisa. Não existe um estilo melhor ou pior de Metal, se o metal se tornar apenas qualitativo e for julgado pelo gênero que pertence (Black, Death, Thrash, etc), então não faremos mais metal.

GroundCast: Quais as dificuldades que vocês têm como banda? Normalmente os músicos tem um trabalho paralelo, como é com vocês da Beyond the Pain?

Arnold: Infelizmente sim (risadas)! Todos nós temos um trabalho e a música é nosso “trabalho paralelo”, talvez isso a torne mais excitante. Ganhamos dinheiro fazendo música e acredito que isso seja um caminho natural dentro deste meio. Todos nós trabalhamos e temos os horários mais esquisitos possíveis, o que faz com que os ensaios se tornem um tanto quanto caóticos. A parte mais difícil de se ter uma banda é se promover, sentimos isso na pele no último ano. É realmente muito difícil encontrar uma “equipe” que esteja disposta a trabalhar sério e da maneira adequada e principalmente no seu tempo. Nós ainda não possuímos isso, nem empresários temos, mas acredito que essas coisas serão resolvidas no futuro.

GroundCast: Para terminar, vocês tem esse espaço para vocês falarem com os leitores do GroundCast e com seus fãs do Brasil. Obrigado mais uma vez pela entrevista.

Arnold  Gostaríamos de agradecer o interesse que vocês tiveram em nossa musica, é muito gratificante ver veículos de mídia de outros países interessados em nós, é realmente uma honra. Andei olhando o site GroundCast e apesar de não entender português (risos), pude perceber que é um bom site, que dá um suporte bacana para as bandas e para a cena, o heavy metal precisa de mais páginas assim, obrigado a vocês do GroundCast por isto. Nosso álbum “Swallow the Real”, ainda está disponível, então se quiserem uma cópia, mandem um e-mail ([email protected])ou entrem em contato conosco pelo Facebook (http://www.facebook.com/#!/pages/Beyond-The-Pain/96451686153), MySpace (http://www.myspace.com/beyondthepainmusic) ou Revebnation (http://www.reverbnation.com/beyondthepain).

Sintam-se a vontade para nos deixar uma mensagem, realmente apreciaremos isso.

Obrigado pelo apoio.

Horns Up Brasil!


Ilustrador, designer, vocalista, artista plástico e pentelho ans horas vagas. Fã de heavy metal e outras coisinhas mais.