Entrevista: Carline Van Roos

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Confira a entrevista que a simpaticíssima Carline Van Roos concedeu para o Groundcast.

Primeiramente, gostaria de agradecer por responder nossas perguntas e muito obrigado por me adicionar no Facebook, espero que dessa forma possamos manter contato frequentemente. Sou um grande fã de Doom Metal e suas bandas “Remembrance”, “Aythis” e “Lethian Dream” são fantásticas. Você é única e excepcional de muitas formas.

Groundcast: Para começar, conte-nos como tudo começou, a ideia de ser musicista e ter uma banda. Você sempre esteve em contato com a música?

Carline Van Roos: Olá, sim, eu sempre estive em contato com a música, sempre tive isso em minha mente desde que eu era muito nova.  Porém, comecei a tocar alguma coisa apenas com 16 anos (guitarra e baixo). Após muitos anos tocando sozinha, fundei o Lethian Dream com Matthieu Sachs, em 2002. Assim foi como tudo começou, alguns anos mais tarde, aprendi um pouco de teclado e criei o Remembrance e quando eu senti que deveria ter o meu próprio projeto, comecei a escrever músicas para o Aythis, isto em 2006.

Groundcast: Quais são as suas influências? Você conhece alguma banda brasileira?

Carline: Minhas influências são completamente diversas. Eu não posso dizer que sou influencia especificamente por uma banda ou outra, posso definir que sou influenciada por música mais emotiva ou obscura. Bandas do Brasil, infelizmente apenas Sepultura e Angra vem em minha cabeça agora, como disse, infelizmente não conheço nada do Underground brasileiro, o que é uma pena.

Groundcast: Por qual motive escolheu tocar Doom Metal? Dentre tantos estilos, esse foi o que escolhestes, tem algum motivo especial para tal?

Carline: Para ser honesta, não escolhi necessariamente um estilo, apenas componho o que eu vejo e sinto, posso dizer que o mesmo acontece com Mattheu. Eu acho que somos atraídos por música depressiva, não necessariamente Doom Metal.

Das minhas bandas/projetos, acredito que o único que pode ser realmente classificado como Doom é o Remembrance.

Lethian Dream é algo mais Ethereal. Agora posso dizer que o Lethian Dreams está mesclando uma música mais lente e em algumas partes riffs mais “rápidos”, mas ainda contendo a tristeza e a melancolia. Eu mesma não sei como descrever o estilo do novo álbum (Season of Raven Words), mas eu li sobre em alguns sites as pessoas dizendo que é Post-Black-Doom, acredito ser uma boa descrição, pelo menos para mim.

Groundcast: Você é talentosa, algo que posso dizer que é difícil e raro de se encontrar no meio do metal. Em algum momento em sua carreira você sofreu algum tipo de preconceito? Não é “normal” (o que de certa forma me entristece) uma garota fazer tudo em uma banda e você praticamente faz isso em 3 bandas. Pode nos contar como foi sua experiência no mundo da música?

Carline: Muito obrigada por suas palavras. Que eu me lembre nunca sofri nenhum tipo de preconceito por ser uma garota. Talvez eu tenha sofrido, mas eu realmente não me importo com o que as pessoas dizem. Eu faço todo trabalho no Aythis, agora no Lethian Dreams e Remembrance, são duas pessoas pensando e compondo. Eu tenho ótimas lembranças de minhas primeiras experiências no mundo da música, mas o que posso te dizer agora foi o primeiro ensaio com o Lethian Dreams ou mesmo o primeiro lançamento de qualquer uma das bandas que faço parte.

Groundcast: Recentemente nós fizemos uma entrevista com o Beyond the Pain (Progressive Death Metal) e eu disse sobre o fato de que mais gosto nas bandas francesas são que elas em grande parte são únicas. Eu posso te dar exemplos como o Anorexia Nervosa, Alcest, Les Discrets, Carnival in Coal, Wormfood e obviamente as suas bandas. O que você acredita que tenha de diferente e único em sua música, para que assim ela se torne tão especial?

Carline: Obrigada. Bom é realmente difícil dizer o que temos de especial, talvez o fato de nos preocuparmos mais com sentimentos e emoções do que com a técnica em si. Alcest e Les Discrets são bandas que tem muita emoção em suas músicas, mas não sei te dizer se isso é uma característica comum de bandas francesas.

Groundcast: Você falou de suas influências anteriormente, mas o que te ajuda a compor além da música?

Carline: Natureza, sonhos, eventos bons e ruins da vida.

Groundcast: A pergunta de um milhão de euros (risos), qual sua opinião sobre a internet e MP3s? Levando em conta que hoje em dia é muito fácil se conseguir músicas de graça e somado ao fato de alguns CDs não chegarem ou serem extremamente caros (principalmente no Brasil).

Carline: Eu consigo ver um lado positivo e um lado negativo em tudo isso.

Positivo, pois as bandas conseguem mais atenção. É muito fácil hoje em dia você descobrir um artista novo, apenas precisa se sentar em frente ao computador e em poucos minutos você já conseguiu um álbum completo. É algo tentador para qualquer amante da música.

Nós ficamos muito felizes, pois vimos que pessoas que não podiam comprar o CD do Lethian Dreams queria muito fazer o download de forma legal, então por esse motive nós o colocamos no ITunes (entre outras plataformas de download legalizado).

Mas em todo caso, o mais importante é que as pessoas escutem o que fazemos, não importa se comprar o CD ou não. Isso realmente nos deixa felizes.

A parte ruim de tudo isso é que: gravar e lançar um CD com qualidade é muito caro. Se ninguém comprar o CD nós não teremos dinheiro para investir em lançamentos futuros. Para complicar mais a situação, as gravadoras estão passando por períodos difíceis e fechando uma a uma, pois se as gravadoras não conseguem vender seus produtos, elas fecham as portas, isso é algo normal. Se as bandas não conseguem gravadoras, elas não conseguem lançar seus CDs, mas caso consigam lançar de forma independente, tudo depende de quanto vendem. Caso não vendam, não conseguem investir em um próximo lançamento. Acredito que dentro de uns 10 anos, as únicas gravações realmente boas em qualidade virão das grandes gravadoras.

Groundcast: Recentemente você gravou o “Season of Raven Words” com o Lethian Dreams. Existe algum conceito por trás das músicas? E algum plano para gravar algo com o Remembrance este ano?

Carline: “Season of Raven Words” é quase todo baseado na natureza. Sim, nós estamos trabalhando em algo novo para o Remembrance, mas não posso te prometer que saíra esse ano. Nós não queremos pressionar a nós mesmos para lançar algo.

Groundcast: Muitos artistas tem um trabalho e fazem da música algo paralelo. Isso acontece com você?

Carline: Eu não sou professional. Acredito que isso acontece muitas bandas, muitas mais experientes do que nós. A questão de download ilegal com certeza influencia para que isso aconteça.

Groundcast: Se Carline não fosse musicista, o que ela seria?

Carline: Não me imagino não sendo musicista!

Groundcast: Como você vê a atual cena (Heavy Metal) na França e no mundo?

Carline: Isto é difícil de responder, pois não sigo muitas bandas, sabe como é, existem tantas. E imagina para alguém como eu que não ouve apenas metal, mas também neoclassical, ambiente e alternative rock por exemplo. É muito difícil para eu acompanhar algo e infelizmente eu não tenho muito tempo para tal.

Groundcast: Bom Carline, muito obrigado por responder nossas perguntas, agora o espaço é seu para dizer algo para os leitores do Groundcast e seus fãs no Brasil.

Carline: Muito obrigada pela entrevista e pelo suporte, desejo o melhor para todos os fãs brasileiros! Não hesitem em curtir nossas páginas no facebook para que fiquemos em contato com vocês.

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Ilustrador, designer, vocalista, artista plástico e pentelho ans horas vagas. Fã de heavy metal e outras coisinhas mais.