ENTREVISTA – Huldre

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Conversamos com Bjarne – baixista do Huldre – e num papo muito interessante ele nos conta um pouco da banda. Para os que gostam de Folk Metal é uma ótima banda para se começar a ouvir,

Groundcast: Para começar, poderia nos contar um pouco sobre a banda para as pessoas que ainda não conhecem vocês?

Claro! Bem, a banda começou como uma ideia no ano de 2006 com Laura Emilie Beck (violino), Nanna Barslev (vocais) e Bjarne Kristiansen (baixo), que queriam fazer uma banda dinamarquesa de folk metal (o que é algo incrivelmente raro por aqui), mas somente ganhou forma quando, depois de 2010, Lasse Olufson (guitarra), Troels Nørgaard (flauta e hurdy grudy) e Jacob Lund (bateria) se juntaram à nós, daí colocamos o nome Huldre e começamos a compor algumas das músicas que vocês podem escutar hoje Daí lançamos uma demo em 2010 e dois álbuns, “Intet Menneskebarn” (2012) e “Tusmørke” (2016), ambos com boa aceitação da crítica especializada.  Em 2014, conseguimos o terceiro lugar na competição Wacken Metal Battle e tivemos a honra de tocar lá, o que nos ajudou muito com a divulgação da banda.
Então, fizemos muitos shows ao longo dos anos e trabalhamos para refinar nossa marca dentro do folk metal ao mesclar a música tradicional nórdica com heavy metal, de forma bastante equilibrada. 

 

Groundcast: O que influencia vocês?

Muita coisa e nada. Não temos uma influência apenas como uma banda, mas nossa música é um produto de todas as nossas referências individuais.  São seis pessoas com seis diferentes visões que se conhecem e fazem boa música.

 

Groundcast: O grupo tem uma demo e dois álbuns, o Intet menneskebarn  e o Tusmørke. Como vocês enxergam a evolução da banda desde esse começo até agora?

Tínhamos no começo uma visão mais anarquista para nossas músicas, que pode ser notado na demo e no primeiro álbum. Muitas melodias brigam pela atenção do ouvinte. No Tusmørke, a gente tentou fazer algo melhor, onde cada instrumento pode ser percebido e carrega uma melodia em cada parte da canção, com outros instrumentos dando apoio. Isto é muito mais estruturado e bem planejado do que fora no começo.

 

Groundcast: No ano passado vocês lançaram o Tusmørke e, pessoalmente, não conhecia a banda e gostei muito do que ouvi. Eu ainda devo uma ouvida no Intet menneskebarn. Falem um pouco mais sobre como este último trabalho foi produzido e porque demorou quatro anos para ser lançado.

Então, isto aconteceu possivelmente por uma mistura de estarmos muito ocupados com os shows, do nosso perfeccionismo como compositores, assim como o fato de que tudo na banda é feito em consenso, o que significa que todo mundo tem que gostar do que está fazendo e isso fez com que precisássemos de quatro anos para fazer o álbum. Graças ao Wacken Metal Battle em 2014, o interesse pela banda foi revitalizado, o que fez com que fizéssemos muitas apresentações. Algumas das músicas foram feitas não muito tempo depois do lançamento do Intet Menneskebarn, o que fez com que muitas das músicas novas já aparecessem no nosso setlist ao vivo.  Esperamos que não demore tanto tempo até o próximo disco, mas a gente nunca sabe…
Por outro lado, este é um bom caminho de composição, uma vez que sentamos e decidimos colocar ume esforço extra para finalizar todas as partes que ficavam faltando, permitindo que tivéssemos uma criação mais fluída e mais natural para as canções.

 Groundcast: Sobre o que vocês falam nas letras?

A maior inspiração vem de antigos contos populares, do folclore e dos contos de fadas. As antigas e sombrias histórias de amor e morte sem finais felizes. O conflito entre os pagãos e a cristandade, entre humanos e a natureza. O folclore normalmente tem histórias muito tristes, a despeito das melodias felizes de suas canções e a gente continuou essa tradição.

 

Groundcast: Desde quando muitas bandas de folk metal começaram a aparecer pelo Brasil que muitos eventos especializados surgiram, tentando trazer apenas bandas da cena viking/folk. Por que você acha esse tipo de fenômeno surgiu? O que você pensa sobre o assunto?

Para a gente é impossível falar de como isso ocorre no Brasil, mas parece que isso reflete um ressurgimento das pessoas pelo gênero. Aqui na Dinamarca nunca houve muito interesse no folk metal, ainda que nos países vizinho rolem “ondas” muito grandes, especialmente pela Alemanha e Noruega nos anos 1990. Então isso faz que, para algumas pessoas, isso pareça uma novidade. Mas então, por que? É complicado responder de forma consistente. Talvez seja porque as pessoas ao redor do mundo sempre estiveram interessadas pelos vikings, e isso aumentou muito com algumas séries sobre o assunto, talvez até aumentando o interesse pela cultura. Quem sabe…

 

Groundcast: Hoje eu moro na Alemanha, um local onde a cena metal é muito forte, temos festivais em tudo quanto é esquina. Como é a cena aí na Dinamarca e quais os grandes nomes daí, sem contar o King Diamond e o Merciful Fate, que creio serem bem conhecidos no mundo todo e não somente pelos dinamarqueses.

Aqui é definitivamente uma cena muito forte e vibrante. Como aí na Alemanha, também temos um monte de festivais em tudo quanto é canto, desde aqueles que duram apenas um dia até alguns muito notórios, como o Copengell, onde iremos tocar nesse verão.
Tem muitas bandas grandes por aqui e é difícil dizer apenas algumas, mas isto é, claro que depende muito do que você curte.

 

Groundcast: Estamos na era da internet e vocês sabem como é fácil baixar qualquer coisa. Em países como a Alemanha, que tem muitas restrições quanto ao que se pode baixar, muita gente ignora essas restrições e fazem esses downloads, da mesma maneira que muita gente também recebe punições por conta disso. Então, o que pensam a respeito disto, desta “liberdade” que a internet nos dá de compartilhar as coisas e sobre serviços de streaming como o Spotify?

De muitas formas, a internet modernizou o que se fazia na época em que se compartilhavam fitas demos. É muito mais fácil para uma banda, de qualquer lugar do mundo, ser ouvida, o que é muito bom. Contudo, isto também significa que há muito mais música para escolher e muito mais gente fazendo música ruim, fazendo com que seja preciso garimpar um pouco para achar alguma coisa que presta. Isso é uma outra coisa boa, sem contar que os serviços de streaming que são muito baratos, fazendo com que a sua música possa ser ouvida no mundo todo. Temos fãs em todo o lugar por causa disso, e no fim das contas, o que importa é que mais gente vem comprar nossos produtos e assistir aos nossos shows, então, sabe, é isso que a gente tem a dizer.

 

Groundcast: O que vocês planejam para o futuro da banda?

O mesmo de sempre: fazer mais música, tocar em mais locais e, talvez, fazer um videoclipe em algum lugar no meio do caminho.

 

Groundcast: Muito obrigado por esta entrevista. Agora você pode dizer alguma coisa para os nossos leitores.

 Muito obrigado por lerem esta entrevista e se você está curioso, pode nos encontrar no facebook, no seguinte endereço: facebook.com/Huldre Sintam-se livres para nos escrever, a gente não morde não.


Ilustrador, designer, vocalista, artista plástico e pentelho ans horas vagas. Fã de heavy metal e outras coisinhas mais.