ENTREVISTA: Pax

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Primeiramente, agradeço a vocês por disponibilizarem o tempo de vocês para responder algumas perguntas. Uma breve introdução, a banda PAX toca um Stoner Rock muito bem elaborado e interessante, diferente do que estamos acostumados a ouvir, pois com essa explosão da cena Metalcore nos dias de hoje, eles trazem algo mais saudosista, mas ainda assim soando moderno, vale muito a pena conferir.

GroundCast: Como começou a banda? Todos vocês sempre foram músicos desde a infância, com influência da família ou não?

PAX: A banda começou nos primeiros meses de 2005 e na época era formada por Arthur Zarpelon, Thiago Veiga, J. Monaco, Leandro Rocha, Levi Martins e Filipe Ambrico. Ainda no mesmo ano, Levi deixa a banda por motivos pessoais e Leandro tambem sai para seguir sua carreira com o NX Zero. A PAX tomou forma de verdade com a entrada de Nathan Bomilcar, substituindo o Leandro, e que ajudou a estabilizar a direção do projeto. O Filipe saiu em meados de 2007 e desde então preferimos seguir como quarteto. Daí pra frente os passos foram mais firmes até o momento em que o Nathan precisou nos deixar e acabou seguindo apenas com seu projeto paralelo, Hoping to Collide With, no qual divide as guitarras com Daniel Ribeiro, que veio para a PAX. A maioria de nós desenvolveu interesse por música muito cedo, sim.

De uma forma geral o grande interesse por música deve ter se aguçado em nossa adolescência, mas não houve influência de família para os membros atuais.

GroundCast: Quais as influências de vocês?

PAX: Fomos e temos sido influenciados por diversos artistas. Quem ouvir nosso primeiro EP, PRELUDE, vai perceber influência de bandas como Black Sabbath, Led Zeppelin, Deep Purple, Grand Funk Railroad, entre outros, alem de trabalhos de artistas contemporâneos que carregam as mesmas influencias. E isso sem falar de bandas de cabeceira como Anthrax, Pantera e Metallica… é tanta coisa que fica difícil dizer.
Na verdade, o que nos importa é mais a atitude genuína e a autenticidade da expressão do artista. Somos influenciados tambem por ideias, não apenas por música.
Ultimamente as bandas que mais tem influenciado nossos novos trabalhos são bandas como Tool, Mastodon, A Perfect Circle, Porcupine Tree e Deftones, que são referências para as novas composições.

GroundCast: PAX é uma banda de Stoner Rock, esse é um estilo muito pequeno se formos analisar as grandes massas (até mesmo rock e heavy metal). Qual o motivo de terem escolhido esse estilo para tocar?

PAX: Acreditamos que as situações nos encaminharam para isso. O Stoner Rock é o estilo com o qual nos identificamos mais e nos sentimos melhor fazendo. Mas não nos prendemos a isso a ponto de limitar nossos processos criativos. Como falamos, Mastodon tem sido uma grande influência mesmo sendo uma banda de prog/metal. O fato de ter pouca abertura ou ser um estilo grande ou pequeno não influencia. As coisas se sustentam quando são feitas com sinceridade e isso é perceptível. Acreditamos que a expressão artística é algo que vem da alma. E quando se está fazendo o que se gosta, se obtem prazer no resultado e apenas isso já é suficiente.

GroundCast: Como tem sido a aceitação do público? E como vocês enxergam a cena underground atual do Brasil?

PAX: No geral a resposta tem sido boa. Estamos participando de um concurso onde em menos de uma semana, quase 300 pessoas deram apoio e compartilharam nossas músicas. Quando lançamos o clipe, foram mais de 1000 visualizações na primeira semana. Números a parte, percebemos que embora o Stoner alcance um nicho pequeno de mercado, uma galera tem nos apoiado.

Quanto à cena underground, sabemos que tem bastante coisa legal rolando. É sempre interessante conferir, pois a maioria das bandas criam de maneira despretensiosa. É mais pelo fato de estar realizando o trampo e podendo levar sua mensagem (seja qual for) do que por outro motivo. Todas as vezes que alguem torce o nariz dizendo que o rock no Brasil perdeu sua força, sempre citamos o Medulla, do Rio de Janeiro, e o Black Drawing Chalks, de Goiânia. São bandas que fazem som maduro e muito profissional e que estão aí pra provar que o rock continua vivo!

GroundCast: Vocês estão envolvidos em outras bandas ou a PAX é a única banda que vocês fazem parte?

PAX: Estamos sim. Arthur Zarpelon (vocal e guitarra) é também vocalista da banda Hellhound Syndicate e baixista das bandas Gramophones e JAZNO Maligno. J. Monaco é tambem baterista na Hellhound Syndicate, Gramophones, JAZNO Maligno e Projeto Caixa Preta. O guitarrista Daniel Ribeiro, toca tambem na banda Hoping to Collide With. Thiago Veiga (baixo) toca violino e é segundo maestro na Orquestra da IP Unida de São Paulo.

GroundCast: Recentemente assisti a um clipe da PAX, como tem sido a repercussão do clipe? Tem dado bastante retorno para a banda?

PAX: O clipe de PURE tem nos ajudado a alcançar algumas coisas. Como dito anteriormente, foram 1000 visualizações em menos de uma semana. Hoje em dia é quase que obrigatório que as bandas tenham algum material audio-visual. Isso dá uma cara pro som e ajuda as pessoas a entender qual é a sua.
No caso de PURE, não tínhamos nenhum orçamento. Era a banda, o Jean Machado (um amigo que sempre nos apoiou), um galpão, um tripé, uma câmera, algumas lentes e o som do carro pra ajudar. Algumas coisas mostram o que você busca: Se você vai esperar um investidor comprar a sua ideia ou vai se virar com o que tem pra fazer o melhor trabalho que conseguir. E a repercussão que PURE nos trouxe, sendo um trabalho totalmente independente, nos animou bastante a continuar batalhando.

GroundCast: Alguma turnê planejada para 2012?

PAX: Para 2012, estamos planejando lançar um álbum completo de 9 a 11 músicas que já estão sendo trabalhadas. Com certeza vamos tentar organizar uma turnê pra fazer a divulgação, mas por hora não temos datas nem nada definido.

 

GroundCast: Quais são as maiores dificuldades que vocês encontram em ter uma banda no Brasil e o que fazem para superar essas dificuldades?

PAX: Uma das maiores dificuldades no Brasil é ter uma banda autoral. Muitos bares pagam super bem para bandas covers, mas não valorizam o trabalho próprio. Isso dificulta na caminhada porque você precisa se sustentar de algum jeito e acontece que banda que opta pelo autoral acaba tendo muitas despesas. O jeito é trabalhar para se ter uma renda e correr com a banda em paralelo. Não desprezamos o trabalho das bandas covers ou tributos, a crítica aqui é direcionada para os estabelecimentos.
Tem tambem o fato de escolhermos trabalhar nossas músicas em inglês dificultar um pouco a compreensão das letras pelo público. Mas partimos de uma visão mais global da coisa. Queremos levar nosso trabalho tambem para fora do Brasil.

GroundCast: Muitos rockeiros/metaleiros estão reclamando dos grandes festivais no Brasil e inclusive vaiando alguns artistas. Qual o ponto de vista de vocês como banda acerca disso?

PAX: Ser vaiado ou não, é um risco que se corre a partir do momento que você pensou em expor um trabalho seu. Você nunca vai agradar a todos, e como artistas, as bandas precisam estar prontas pra isso.

Quanto aos festivais, não entendemos a lógica na escolha das bandas. O que aconteceu com o Carlinhos Brown em 2001 no Rock in Rio poderia ter sido evitado. A pessoa que comprou o ingresso pra ver Guns ‘n’ Roses, Papa Roach e Oasis não quer assistir ao show do Carlinhos Brown. Isso é óbvio. Dizem que você tem que respeitar o artista no palco pelo seu trabalho, mas aquele não era o público dele. Se você montar um festival com as bandas Calypso, Batom na Cueca, Mastruz Com Leite e colocar o Krisium no meio, o resultado será o mesmo.

Um aspecto frustrante dos festivais é a falta de apoio as bandas. A maioria não oferece cache, alguns nenhuma ajuda de custo se quer. As bandas as vezes se deparam com uma postura do tipo “eu já to te fazendo o favor de deixa você tocar aqui. Toca ai e não enche saco se nåõ coloco outro no teu lugar” e isso é muito frustrante.

GroundCast: Muito obrigado pela entrevista, este espaço é de vocês para que digam algumas palavras para os leitores do GroundCast.

PAX: Gostaríamos de agradecer a todos vocês que leram esta entrevista e a todos que nos têm acompanhado e dado suporte durante esses anos.

A quem está começando, vá atrás do que vocês gostam e não deixem nada nem ninguem atrapalhar isso. Nós escolhemos moldar ou sermos moldados!

Agradecemos tambem a GroundCast pela oportunidade e pela atenção que tiveram conosco.

 

 

Para conehcer mais a banda: Facebook


Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.

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