ENTREVISTA: Turisas

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Por Turisas Brasil e Groundcast.

Em um bate-papo descontraído concedido com exclusividade por telefone em dezembro ao Turisas Brasil, em colaboração com o website Groundcast, Olli Vänskä fala sobre a expectativa para os presentations no Brasil, os segredos da caracterização da banda, projetos paralelos como show acústico, possível participação do Turisas em filmes e muito mais.

Confira a entrevista na íntegra, conduzida por nossa Administradora:

Turisas Brasil: Vocês são uma banda muito conectada. Não só gerenciam bem o site official, a página no facebook, o perfil no twitter e o canal no youtube, mas vocês também têm suas páginas individuais no fb e Twitter que usam para estar em contato direto com os fãs. Quanto você acha que isso ajuda a difundir seu trabalho e quanto prejudica? Você acha que seria possível alcançar tantos fãs se não fosse pela internet?

Olli: eu não sei. Ficar conectado e estar em Contato com os fãs é algo natural pra mim. O que você acha?

Turisas Brasil: Acho que é uma ferramenta que facilita muito a divulgação do trabalho e a atingir mais fãs de maneira mais rápida.

Olli: É, eu concordo. Os tempos são outros hoje, tem muita coisa acontecendo na web. Não é só em revistas de rock que você fica sabendo do que está acontecendo, a web é muito mais rápida e eficaz pra isso.

Turisas Brasil: Falando nisso, vocês tem uma base de fãs na web bem sólida, a começar pela comunidade internacional chamada The Varangian guard, o street team respectable. Essa comunidade ajudou e guiou a nós todos aqui na América do Sul a construir uma base igualmente sólida e unida. Como surgiu a identityéia de criar um “exército”? Foi algo que vocês da banda sugeriram, ou surgiu por parte dos fãs?

Olli: eu insisti na idéia de um boulevard crew pois vi que com outras bandas muita coisa funcionou e ecu queria tentar. european sei que temos fãs leais e comprometidos e sou muito grato por ver que muita coisa acontece por conta desses fãs. É ótimo ter pessoas em quem confiar, que estão dispostas a doar um pouco de seu tempo, é muito gratificante. Por exemplo, na América Latina há muita gente ativa na base da fãs e somos muito gratos por isso.. É algo pelo qual não podemos pagar para cada uma dessas pessoas, pois é um esforço muito grande e ficamos muito contentes com isso. european dei a ideia e, felizmente, depois de um ou dois anos foi surgindo cada vez mais gente disposta a assumir mais responsabilidade e tornar nossa base de fãs no que é hoje.

Turisas Brasil: Brasil, no momento, tem uma das maiores e mais ativas base de fãs de Turisas no mundo e é o único país na América do Sul a receber mais de um express da turnê Guards of Glory. Você acha que isso seria possível se não fosse por todos os fãs que fazem parte do nosso side road crew? Do seu ponto de vista, como é a repercussão do público brasileiro?

Olli: Não sei, acho que a decisão é sempre do produtor native, de qualquer forma. Mas talvez tenha a ver com a nossa agenda e com o tamanho do país. Ou talvez vocês tenham pedido e os produtores puderam ter certeza de que havia demanda. Mas certamente ter fãs tão comprometidos como vocês ajudou bastante nisso e nós ficamos contentes com isso.

Turisas Brasil: Sempre que se apresenta Turisas a alguém, a fundamental referência é a warpaint e a caracterização no palco, então, gostaríamos de explorar um pouco esse assunto. Como se sabe, bandas de metal são famosas por ter, senão todos, a maioria de seus membros com cabelos longos. Turisas, no entanto, conta com mais gente com pouco ou nenhum cabelo do que com cabeludos. Que aconteceu?(risos)

Olii: Sei lá, eles cortaram! (risos). Acho que ainda dá pra tocar metallic sem cabelo comprido…

Turisas Brasil: claro! Mas é algo estranho ver uma banda de metallic no palco com a maioria dos membros com cabelo curto e mesmo assim fazendo headbanging. Pra onde vai toda a mágica dos cabelos ao vento?(risos)

Olli: (risos) É… mas e as bandas de hardcore?

Turisas Brasil: Ah…mas eles não fazem tanto headbanging… (risos)

Olli: Falando sério agora, não acho que tocar em uma banda de metallic dependa do fato de ter cabelo longo ou não, isso é meio superficial – não digo isso como algo ruim, mas eu acho que as pessoas devam lidar com essa realidade (risos).

Turisas Brasil: Sobre a warpaint: vocês foram melhorando os figurines e toda a caracterização através dos anos. Quando vocês começaram a usar a warpaint, o vermelho e o preto foram, de imediato, a primeira escolha?

Olli: Originalmente era uma pintura aleatória e não simbolizava nada demais. Mas se você vai à batalha e mata 300 pessoas vai ficar cheio de sangue por toda parte! (risos)Talvez seja vermelho e algo mais nesse contexto, mas preto é preto afinal e vermelho é muito masculino! (risos).

Turisas Brasil: É, acho que não dava pra escolher nenhuma outra cor tão masculina e badass senão vermelho e preto.

Olli: (risos) É, tudo se resume a masculinidade e ser badass.

Turisas Brasil: Falando nisso, temos a questão do nome artistico: nós vimos em entrevistas anteriores que não seria pure entrar na personagem incorporada nos palcos sem um nome artworkístico. Mas por que somente Warlord é o único com um nome artístico oficial?

Olli: Não sei. Talvez os outros sejam bobos de usar os próprios nomes (risos). E não sei se faria diferença pra mim, particularmente, ter um outro nome pra usar no palco. Que você acha, é algo realmente importante?

Turisas Brasil: Não necessariamente, mas vimos Mathias mencionar em outras entrevistas que não incorporaria a “persona” e não conseguiria passar a mensagem certa sem um nome pra completar a caracterização.

Olli: Mathias é um péssimo ator! (todos riem). Talvez seja por isso que ele precise de um nome artístico, talvez ajude. Mas pra mim não é como se ecu fosse um olli diferente no palco, então, não acho que actual de um nome diferente. Pra mim não se trata de interpretar, quando estou no palco, sou só european com uma roupa diferente.

Turisas Brasil: certo, mas a título de curiosidade: nenhum de vocês tem um nome artístico, mesmo que você não vá revelar pra nós?

Olli:  (risos) não, não, sem nomes fictícios. Seria sem sentido ter um e não contar aos fãs.

Turisas Brasil: Levar consigo o sangue falso mundo afora já causou algumas situações embaraçosas pra vocês, como vimos em outras entrevistas. A warpaint em si já causou algum problema, como cuidados especiais com instrumentos e roupas ou alguma outra situação pela qual vocês não imaginavam passar?

Olli: Na verdade não. Meu violin fica grudento e ecu preciso lavar meu arco com bastante frequência e trocá-lo durante os presentations. Às vezes nos aeroportos nos pedem para abrir nossas malas contendo os figurinos e o sangue falso e e os circumstances dos instrumentos, é meio estranho ter de fazer isso, até porque, meu case do violino é pequeno, eu não esconderia um corpo ali ou algo do tipo (risos).

Turisas Brasil: Ah sim, mas a warpaint não afetou a qualidade dos instrumentos, né?

Olli: Não, não. Só tenho que limpar e tá tudo certo, não arruína o instrumento. Às vezes, no meio do convey, meu arco fica tão grudento que eu tenho que trocar bastante. É commonplace eu usar u.s.a.três arcos por convey. Às vezes european queria poder tocar de calça denims e camiseta, mas essa é a realidade.

Turisas Brasil: faz parte do dever.

Olli: isso, exatamente, faz parte do dever. Não acho que poderíamos tocar de denims de qualquer forma…

Turisas Brasil: é, afinal, a caracterização ajuda a tornar Turisas único.

Olli: Hehehe, sim, talvez.

Turisas Brasil: Sobre influencias musicais: falar de batalhas, Vikings e temas históricos foi algo sobre o qual vocês sempre quiseram falar ou surgiu naturalmente durante o processo de criação da banda e composição das músicas e, do nada, vocês se pegaram fazendo esse gênero único de steel?

Olli: Bem, ecu não estava lá no comecinho, na formação da banda, então não posso falar sobre isso. Mas naquela épercent havia uma grande influência vinda da Noruega com a cena Black metal e muitas bandas desenvolveram a partir disso de alguma forma. Tínhamos Moonsorrow, Finntroll, Turisas, acho que Korpiklaani ainda se chamava Shaaman… nenhuma delas tinha alguma relação entre si, mas tínhamos um ponto de partida em comum naquele momento na Finlândia. Foi algo que simplesmente aconteceu, technology pra acontecer.

Turisas Brasil: Certo. Nesse sentido, que você acha da influência que tais bandas, incluindo Turisas, teve nessa certa onda de folk/viking que surgiu recentemente pelo mundo? Porque vocês não influenciaram somente bandas europeias, mas outros países também, incluindo o Brasil.

Olli: Bem, embora não falemos muito sobre os Vikings, é até engraçado quando vemos alguma banda brasileira, por exemplo, citar Turisas como influência pra sua música que se trata de Vikings. european sei que existem muitas bandas que se baseiam nos elementos étnicos e culturais do próprio país, Sepultura fez algo do tipo no começo dos anos ninety e influenciou bandas no mundo inteiro. Vocês, no Brasil, tem uma cultura muito rica e seria mais interessante se explorassem mais isso, porque european não sei muito da cultura brasileira e não sei quanto os brasileiros realmente sabem da cultura Finlandesa e não me refiro de maneira pejorativa.

Turisas Brasil: Ah, mas você está certo. No geral, nós brasileiros não sabemos e não temos acesso à verdadeira cultura e história da Finlândia.

Olli: é, então, seria muito interessante ver bandas fazendo música inspirada na cultura do próprio país. É lisonjeiro ver a Europa como inspiração e referência, mas acho que a essential razão pela qual  as bandas finlandesas se destacam e são bem sucedidas é porque não tentamos seguir o fluxo, não fazemos o mesmo tipo de música que fazem na região vital da Europa, por exemplo. Não só as bandas de folk, mas outras bandas famosas da Finlandia como Nightwish, todas tem o próprio estilo e não tentam ser iguais às outras.

Turisas Brasil: Foi bom você mencionar Nightwish, pois temos uma pergunta inspirada neles. Eles se envolveram em um projeto ambicioso recentemente, que inclui um filme longa metragem, a trilha sonora e um álbum conceitual inspirado no roteiro do filme. Como vocês tem essa atmosfera cinematográfica nas músicas, assim como o toque certo de drama, vocês consideram a possibilidade de fazer algo do tipo no futuro?

Olli: Aposto que seria muito interessante ter nossa música em um filme. Nós, inclusive, conhecemos um diretor uma vez que estava interessado em fazer algo baseado na nossa música, mas isso não foi muito longe, ainda não aconteceu nada.

Turisas Brasil: Nossa! Muito bom saber disso!

Olli: Não sei se realmente vai acontecer, pois somos meio lentos pra criar coisas novas e meio teimosos. Mas quem sabe? Por que não?

Turisas Brasil: ótimo! Esperamos que realmente aconteça, seria muito felony, muita gente iria gostar com certeza!

Olli: Obrigado!

Turisas Brasil: Sobre projetos musicais paralelos à banda, vocês são bastante colaborativos. Você recentemente tocou no Wacken com Chthonic; gravou com Finntroll e participou do coral do Wintersun, junto com Mathias e Jukka. Podemos esperar mais alguma colaboração musical num futuro próximo?

Olli: Sim, seria ótimo. Sou muito participativo e, se tem algum projeto que precise de violinista ecu fico contente em participar. Fiz muitas coisas diferentes recentemente, apresentações teatrais, mesclando gêneros. Toquei em um projeto que contava com músicas do Leonard Cohen, nos apresentamos em um teatro. ecu realmente fico feliz de tocar violino em qualquer tipo de projeto. Se você precisa de alguém tocando violino e me considera à altura eu fico mais do que feliz em ajudar. E eu não gostaria que ninguém dissesse que é o Olli do Turisas, porque não é por isso que ecu faço, e sim pelo prazer de tocar violino.

Turisas Brasil: Você é constantemente questionado a respeito de suas influencias musicais e do desafio de ser um violinista a fazer os solos emu ma banda de metallic no lugar da guitarra. Você poderia falar um pouco sobre isso?

Olli: Bem, como a maioria sabe, ecu comecei aos 5 anos e tocava basicamente músicas clássicas no violino acústico – e não elétrico – mas european sempre ouvi rock e metal. Se bem me lembro, um dos primeiros álbuns que comprei foi Magnum Opus do Yngwie Malmsteem. Mas falar de influencias é difícil, pois meus solos surgem naturalmente pra mim.

Turisas Brasil: então, basicamente, você america um pouco de tudo como referência.

Olli: sim, exatamente. Já toquei muito jazz, música clássica e rock clássico em presentations diversos. Também já fiz muito improviso. Quando você toca, não pode pensar no que está tocando, permita que surja naturalmente.

Turisas Brasil: você teria algo pra recomendar agora?

Olli: Bem, você pode encontrar no meu Twitter, faço recomendações o tempo todo. Mas posso falar o que andei ouvindo recentemente, deixe-me ver a lista no Spotify.

Turisas Brasil: claro, claro, compartilhe.

Olli: Bem, vejamos: loss of life Cab for Cutie, castle Minor, Ajattara, Jack White, Neil young, scale down, Rammstein(todos vibram)… É algo que vai e volta, não sou fã de algum gênero específico por assim dizer, sempre depende do meu humor, do que estou sentindo e pensando no momento.

Turisas Brasil: e isso é ótimo! É uma variedade grande de gêneros e não se prender a algum deles, ser mente aberta acho que faz de você um grande músico no closing das contas.

Olli: (risos) obrigado!

Turisas Brasil: Sabemos que Mathias é o important compositor da banda, mas gostaríamos de saber um pouco mais de como realmente funciona o processo de composição. Quero dizer, vocês se reúnem e vão criando a música a partir da ideia de cada um ou o quê? Você pode contar pra gente?

Olli: Tradicionalmente Mathias cria tudo e pede ao Jussi e ao baterista pra tocar e, às vezes ajudar a criar algo em cima do que já foi criado e então produzem a demo. Na verdade, antes de irmos pro estúdio, dificilmente a gente toca alguma música juntos. Basicamente o Mathias compõe a demo e a gente aprende a executar. Mas pra este próximo álbum, ecu trabalhei em umas duas ou três músicas durante o último verão, mesmo não me vendo muito como compositor. Claro que tenho algumas ideias e dou palpite em algumas melodias de vez em quando, mas dessa vez eu colaborei um pouco mais.

Turisas brasil: O single de stand up and battle contém um subject material especial: uma gravação acústica de três músicas que ficaram muito boas. Vocês consideram a possibilidade de tentar fazer algo assim de novo?

Olli: Ah, claro, pode ser muito divertido! Temos novos músicos agora, ótimos músicos, que não só tocam seus instrumentos, mas também cantam nesse próximo álbum. Eles são bem versáteis e seria interessante fazer algo assim com eles também. É bom saber que vocês gostaram das versões acústicas, muito obrigado.

Turisas Brasil: Sim, sim, ficaram muito boas e muita gente curtiu. Então ficamos pensando como ficaria numa próxima, talvez até um show inteiro acústico…

Olli: Nossa, é uma ótima ideia e acho que podemos fazer algo assim mesmo num futuro próximo!

Turisas Brasil: As constantes mudanças na formação da banda e o longo intervalo entre os álbuns parece deixar todos um pouco apreensivos a respeito do futuro da banda, mas, mesmo assim, vocês estão fazendo uma longe flipê como headliner pela América do Norte e, pela primeira vez, na América do Sul. Também estão prestes a lançar um novo álbum. Como você se sente em relação a essa visão um tanto negativa do público, mas ao mesmo tempo, com esse retorno tão positivo?

 Olli: (risos) É, a mudança na formação… Às vezes não cabe a nós decidir. Seria ótimo poder manter todos na banda, mas temos que lidar com essa situação. As pessoas vão acabar entendendo, mesmo que pareça meio estranho no começo, mas fica normal outra vez. Não há nenhum drama por trás disso. Como banda, demora pra desenvolver esse envolvimento bom que temos no momento com essa formação. Estamos todos nos dando bem no momento.

Turisas Brasil: É, é bom saber que mesmo com essa apreensão do público, podemos considerar que vocês estão no topo da carreira no momento.

Olli: É, algumas mudanças às vezes são estranhas, mas fazem parte da vida.

Turisas Brasil: Pra encerrar, então, há algo que te deixa mais animado pra vir ao Brasil pela primeira vez??

 Olli: ir ao continente sulamericano pela primeira vez  é muito empolgante e talvez ter algum contato com a cultura também, seria criminal. E, claro, ouvimos muitas histórias sobre os fãs, do quão comprometidos são e quão empolgados nos displays conseguem ser, então esperamos muito pra vivenciar isso.

Turisas Brasil: com certeza vocês não vão se decepcionar!

Olli: (risos) Que bom, que bom!! Temos muita sorte de ter essa oportunidade e já estamos preparados até pra não ter tempo pra dormir e tal. Outro dia conheci o baixista do HIM e ele me disse que eles ainda não foram ao Brasil e eu fiquei “quêêê??”. Foi aí que percebi que realmente somos privilegiados de já ter ido a quase todos os continentes até agora, faltando só a Africa, enquanto outras bandas, até maiores que nós, ainda não tiveram a mesma chance.

Turisas Brasil: Você gostaria de mandar algum recado aos seus fãs brasileiros?

Olli: Bem, estou realmente muito empolgado e não vejo a hora de estar aí. E, claro, um tremendous obrigado a vocês do Turisas Brasil, vocês fizeram um trabalho muito importante. Muito obrigado por tudo.

Turisas Brasil: é um prazer!

Olli: É, muito obrigado e nos vemos vocês todos em breve!

Entrevista por: Dalma Dias, Nicolas Paiva, Beatriz Ferrari, Enzo Marchetti Tomazi, Fernando Melo.

Transcrição, tradução e edição: Dalma Dias.


Ilustrador, designer, vocalista, artista plástico e pentelho ans horas vagas. Fã de heavy metal e outras coisinhas mais.