Helalyn Flowers: Entrevista com a dupla

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Helalyn Flowers é um dos projetos mais interessantes que surgiram dentro da cena alternativa, misturando synthpop, heavy rock, música eletrônica e outros. Recentemente entrevistei a dupla, cujo resultado pode ser conferido abaixo.

N0emi


GROUNDCAST Bem, estamos agradecidos por esta entrevista com vocês dois. Para darmos início, conte-nos um pouco sobre suas carreiras como músicos. Quando começaram a compor?

(Max) Comecei quando era moleque e sempre tentei fazer o melhor possível. Iniciei cantando em minha primeira banda aos treze anos e escrevia meus primeiros riffs e músicas. Meu início foi com metal e Hardcore punk, tornando-se minhas principais marcas. Depois formei banda atrás de banda e aprendi a tocar também guitarra e baixo. Sempre escrevi músicas com uma atitude honesta. Isto quer dizer não esconder suas reais influências e tentar ser você mesmo o tempo todo. E isto é uma coisa que nunca mudei.

(N0emi A.) Graças ao meu irmão, que tocava guitarra em uma banda, meu contato foi precoce. Nunca passei um dia em silêncio, a música está presente em cada segundo de minha vida, então comecei a ficar viciada em metal e hard rock. Depois me interessei em outros gêneros, do grunge ao classic rock e até a música eletrônica. Trabalhos como o “Appetite for Destruction” do Guns’n’Roses, “Countdown to Extinction” do Megadeth e “No More Tears” do Ozzy Osbourne foram importantes como influência para minhas linhas vocais. Desde então, nunca parei de cantar e com esta experiência breve comecei a me dedicar aos meus próprios projetos, começando com uma banda de New goth-metal chamada “The Claw”.

GROUNDCAST O que significa o nome Helalyn Flowers? Tem algo especial nele?

(N0emi A.) Claro que tem um significado. Helalyn é um termo arcaico para “oculto”, “árido”. As flores [nota do tradutor: Flowers, em inglês] simbolizam a vida que cresce onde não deveriam. Então isto é uma metáfora descrevendo a energia para romper os limites, a nossa concepção de vida, onde nada é impossível se você realmente quer que aconteça.

Max

GROUNDCAST Quando vocês decidiram começar um projeto orientado na música eletrônica?

(Max)O primeiro embrião do nosso projeto começou com o “The Claw” em 2004, nossa primeira banda, focada em uma linha mais próximas do classic rock, com baixo, guitarra, bateria e vocal. Pessoas vieram e saíram porque todo mundo queria tocar como as bandasfamosas da época, como o Evanescence e o Lacuna Coil. Até decidirmos continuar como uma dupla, os sintetizadores e as baterias eletrônicas, começaram a fazer parte de nossas metas e ideias. Foi neste ponto que o Helalyn Flowers oficialmente teve início. Hoje acho que nunca tocamos “música eletrônica”, do contrário, pois guitarras, baixo e vocais sempre tiveram um papel importante, fazendo com que a parte mais “mecânica” da música dê uma dimensão mais profunda às nossas composições. Temos muitas partes cantadas para deixar nossa música orientada apenas por batidas.

GROUNDCAST N0emi era uma vocalista que cantava metal e hard rock. Quando você decidiu mudar sua direção musical?

(N0emi A.) Olha, meu direcionamento não mudou, uma vez que estas influências fazem parte do meu estilo em diversos tons. O que mais quero enquanto canto é dar o máximo em interpretação de acordo com a atmosfera de cada canção. Desde “Stitches Of Eden” (lançado em 2009 pela Alfa Matrix) temos uma linha mais “dark”, minha voz se aproxima de um pop ácido, muito mais presente. Esta é a atitude de não se impor limites, mas tomar como as várias formas que você precisa para tocar seu mundo.

GROUNDCAST Como são feitas composições de vocês? Quem é a “mente criativa” no projeto?

(Max) Normalmente eu venho com uma estrutura básica e a N0emi faz as letras e as linhas de voz. Mas não existe nenhuma regra especial para isto. No nosso novo disco temos partes iguais nas composições. Isto quer dizer que nós dois somos a “mente criativa” e não somos um projeto-solo com convidados.

GROUNDCAST De onde vem a inspiração para as letras?

(N0emi A.) Escrevo as letras após compor a estrutura melódica da música. Deste modo, minha fonte de inspiração vem da própria música. A componho como uma trilha sonora de cenas imaginárias. É a combinação de imagens e sons emergindo da minha cabeça que inspira minhas letras. A raça humana vivendo em uma nova era, crescendo e se destruindo, a perda da sensibilidade e a necessidade de reatar nosso mundo em colapso são os temas principais do que escrevo, colocados de uma forma metafórica-surrealista.

GROUNDCAST Vejo que são participativos na mídia social, como Facebook e Twitter. Quão importante são estas mídias em seu trabalho?

(N0emi A.) Devo admitir que atualmente as redes sociais atuam de forma fundamental na promoção da banda. Então tentamos ser tão participativos quanto possível, mas sem cair na compulsão de ter milhares de acessos, postando uma miríade de novidades inúteis apenas para aparecermos na tela. De acordo com nossos seguidores, nossas novidades são filtradas pela estrita necessidade de se manterem atualizados com relação às atividades da banda. Mas como amante da aproximação física para a música, posso dizer que a experiência que vivemos anos atrás, tocando em fanzines, entrevistas em revistas, troca de demos e outras coisas está há muitas milhas de distância comparada ao apogeu criado pelas redes sociais, estas também são muito dispersas para mim. Acho que o balanço é sempre a chave para as coisas funcionarem direito.

GROUNDCAST E como vocês definem a música de vocês? Em seu site tem a definição de um “trabalho de rock com influências de New Wave/Punk, Alternative, Electro e Rock”, mas noto influências do electro-pop, rock industrial e outros.

(Max) Amamos música e nossos gostos cobrem uma grande quantidade de estilos. Claro, todos que você mencionou são as chaves de nosso som. Quando sua música começa a ser ouvida por muitas pessoas você tende a rotulá-la, então estas podem se sentir mais direcionadas para o que compomos. Honestamente, não gosto de rotular minha música. Somos simplesmente o Helalyn Flowers.

GROUNDCAST Quais são as suas influências?

(Max) Minha formação é com metal e hardcore mais alguma coisa de industrial como Ministry, Skinny Puppy, Fear Factory, Optimum Wound Profile etc. Em “Stitches Of Eden” quis deixar emergir as influências dos anos 80 como Iggy Pop, Killing Joke, Duran Duran, Ultravox, Talk Talk , mais algumas coisas de hardcore e hair metal desta mesma época. É o meu tributo pessoal a todos estes anos em que eu era uma criança extremamente tomada pela música, então estas bandas são parte de mim também. Mas estou mais ligado nos sons do metal, thrash metal e classic heavy metal.

GROUNDCAST Suas músicas são apreciadas por góticos e, claro, tocadas em clubes góticos. Sua música é feita para este público?

(Max) Na verdade não toco para “góticos”, isto é bobagem. Toco para mim e gosto quando as pessoas sentem boas vibrações com a nossa música. Não gosto da cena gótica moderna, porque ela me parece mais focada na aparência e na moda que na música. Além disso, não curto esta atitude pseudo-decadente de ficar choramingando. Eu realmente gosto de alguns grupos como Faith & The Muse e London After Midnight, pois têm ideias e músicas inteligentes.

GROUNDCAST Você considera seu projeto orientado ao gótico?

(Max) Musicalmente o Helalyn Flowers é influenciado por bandas como Lords Of The New Church, Siouxie and The Banshees, Killing Joke e Marilyn Manson. Então sim, isto é rock gótico, mas temos também um lado rock e metal que nos “aproxima” mais do punk. Gosto do gótico oitentista, mas realmente não sei o quanto nossa música é gótica. Talvez você possa nos dizer mais. 😉

GROUNDCAST Com quais artistas vocês gostariam de excursionar?

(Max) Com as bandas que sempre ouvi: Metallica, Iron Maiden, Megadeth etc, apenas pelo prazer de dividir o palco (pelo menos um pouco dele!). É uma coisa sentimental, sabe, estou interessado na música e não na vida pessoal das pessoas.

(N0emi A.) Coloraria também bandas como Rammstein, Pain, Paradise Lost ou mesmo Evanescence, assim como qualquer projeto com vocalistas femininas. Mas excursionar com pessoas legais é importante, pois não há nada pior que dividir uma turnê com gente arrogante.

GROUNDCAST Quais artistas vocês recomendam hoje?

(Max) Não sei, para falar a verdade… escuto um monte de coisas clássicas e recentemente tenho gostado da nova onda do thrash metal que tem surgido, com boas bandas aparecendo. Para todos os brasileiros fãs de metal e punk sugiro dar uma escutada em meu projeto solo, o The Wet (www.facebook.com/thewetofficial ou www.thewetofficial.com). É um cruzamento violento entre o thrash/death metal, hardcore e industrial, como se você misturasse Ministry, Sepultura e Throbbing Gristle. Seu apoio é muito bem vindo.

GROUNDCAST Conhecem alguma banda brasileira?

(N0emi A.) Sepultura, Sarcofago, Angra são as que consigo lembrar no momento. E eu amo estas bandas brasileiras pela sua selvageria, sua maneira sanguinolenta e instintiva de tocar este tipo de metal. É como ouvir um ritual entre a terra as almas.

(Max) Além destas eu adicionaria Ratos de Porão, Dorsal Atlântica, Krisiun, Eminence, Overdose e outras. A forma como vocês tocam metal e punk é a melhor do mundo!

GROUNDCAST N0emi, você é uma garota muito bonita e imagino que muitas se inspiram em seu visual e comportamento. Você se considera algum tipo de símbolo sexual?

(N0emi A.) A verdade? Absolutamente não! Acho que sou bonita como muitas outras garotas no mundo…

GROUNDCAST Algo que sempre pergunto aos artistas é sobre o compartilhamento de mp3. O que pensam sobre isto, especialmente em países como o Brasil, onde seus discos não chegam e, quando isto acontece, custam até quatro vezes o seu valor original. Eu mesmo somente conheci o trabalho de vocês por conta da internet e atualmente uso do serviço do Spotify.

(Max) Para falar a verdade acho isto um plano mundial para matar a música existe e entrou em operação desde os anos 90. Grandes selos tiveram uma grande responsabilidade neste processo, por não construírem estratégias de marketing e não reduzirem os gastos. É uma questão de educação para a música. Hoje, penso que um monte de discos “clássicos” são lançados mas são enterrados sob toneladas de burocracia e ignorância. Eu mesmo construí um grande site em que você pode ouvir três músicas de cada disco e então decidir se quer comprar ou não. Toda gravadora deveria fazer algo assim e teria uma grande chance de tirar seus álbuns desta obscuridade e ver o quão caro é tentar vender estes discos em países fora do grande império Anglo-Americano. Vejo isto como uma alternativa melhor e mais útil que gastar todo seu dia postando no Facebook fotos suas recém-tiradas do celular, ou será que estou enganado? [nota de tradução: este trecho precisou de adaptação por conta de não fazer muito sentido para nós uma tradução sem contextualizar um problema nosso]

(N0emi A.) Concordo que altos custos não ajudam nas vendas de discos. Mas muitos usuários devem entender que a distribuição ilegal não é diferente de roubar uma cópia física de uma loja. E uma banda pequena sofre um bocado com este tipo de fenômeno. Deste jeito, as pessoas levarão a somente conseguirem sobreviver as bandas ricas. Acho que se pessoas conseguem arranjar dinheiro para ter o IPhone mais recente, então também podem encontrar um jeito de comprar um álbum de seus artistas favoritos se realmente quiserem…

GROUNDCAST A Europa e os EUA têm passado por uma crise financeira muito grave. Como isto os têm afetado, de um modo geral?

(Max) Vejo esta psicose coletiva como mais grave que a crise em si. Pessoas deveriam reagir e ler, espalhar e compartilhar a verdade sobre esta vergonha. Com relação à música, é uma grande seleção: bandas que realmente acreditam no que fazem irão continuar a sobreviver.

GROUNDCAST Alguma coisa engraçada e esquisita já aconteceu durante um show?

(Max) Quando acompanhamos a Emilie Autumn em Londres foi divertido. Tentamos nos manter sóbrios a qualquer custo antes da apresentação, mas começamos a ficar bêbados dez minutos antes de entrarmos no palco, então parecíamos um pouco assustadores à primeira vista. N0emi imediatamente perdeu seu cinto e seu colar e nosso baixista mantinha em seu bolso um buzz popper [nota de tradução: é uma espécie de spray desodorizador, conhecido também como incenso líquido e é utilizado de uma forma muito parecida com o nosso lança-perfume] , quando… explodiu enquanto ele estava tocando e queimou sua perna direita! Foi como um misto entre um show de punk rock e um curso de sobrevivência a acidentes!

GROUNDCAST Obrigado por esta entrevista. E agora, este é o seu espaço para deixar uma mensagem a nossos leitores.

(Max) Obrigado por esta conversa prazerosa e um grande alô aos nossos fãs no Brasil. Temos um grande carinho pela América do Sul e esperamos passar por aí logo. Nosso novo disco será lançado no começo de 2013 e esperamos um futuro cheio de novidades e música para compartilharmos juntos. Hornz UP!

(N0emi A.) E foi um grande prazer conversar contigo e aproveito a ocasião para lembrar de nossa fanpage, a www.facebook.com/helalynflowers , onde você pode encontrar todas as informações sobre a banda. Continue postando e desejo que curtam nosso próximo disco!

Links Relacionados

http://www.helalynflowers.com/

http://www.myspace.com/helalynflowers

http://www.vampirefreaks.com/u/helalynflowers

http://www.alfa-matrix.com/bio-helalyn-flowers.php


Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.