IGORRR: Entrevista com Gautier Serre

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Entrevistei Gautier Serre, fundador dos projetos Igorrr e Whourkr. Ele comenta sobre música, mp3 e outras coisas interessantes.

GROUNDCAST Obrigado, Sr. Gautier, por esta entrevista. Ficamos muito honrados com a oportunidade. Para começar a entrevista, gostaria de perguntar sobre seu projeto, Igorrr. De onde veio o nome?

GAUTIER SERRE O nome vem de um gerbo (uma espécie de roedor) que tive quando eu era jovem. Quando ela morreu, estava usando o nome dela nas minhas primeiras faixas pessoais. Eu adicionei os 3 “r” e guardei.

GROUNDCAST Gostaria de saber um pouco sobre sua trajetória na música. Como você começou?

GAUTIER SERRE Comecei a produzir música quando era mais novo, primeiro com um sintetizador antigo da Yamaha e depois com um jogo de Playstation chamado “Music”, onde fiz centenas e centenas de faixas. Depois fui tocar em algumas bandas, principalmente de Death Metal, mas também com alguns projetos experimentais e eletrônicos. Em 2005 decidi levar a música mais a sério. Por “sério” entenda mais detalhada, com um bom som. Então fiz minha primeira demo sob o nome Igorrr chamado “Poisson Soluble”. Em paralelo, comecei um novo projeto chamado WHOURKR. Continuo desde então, seguindo desta maneira.

GROUNDCAST Uma coisa que fica evidente é a mistura de gêneros completamente distintos como grindcore e IDM / Breakcore. De onde surgiu esta ideia?

GAUTIER SERRE Não sei de onde veio, estou apenas fazendo aquilo que quero ouvir. Acho que não existe um conceito ou algo assim, estou fazendo a música que sinto. Eu amo música barroca, amo metal e amo Breakcore, estou apenas expressando tudo isto ao mesmo tempo.

GROUNDCAST A França é um grande expoente do metal experimental, com bandas como o Carnival in Coal, por exemplo, (a qual sou um grande fã). O que percebo em tais bandas são as influências de música bizarra. O que influencia você a gravar (e não apenas no Igorrr, mas em outros trabalhos também)?

GAUTIER SERRE As bandas que ando ouvindo são muito diferentes, sem qualquer ordem, minhas bandas e artistas favoritos são Domenico Scarlatti, Meshuggah, Cannibal Corpse, Portishead e alguns bons músicos eletrônicos como Venetian Snares e muito mais.

GROUNDCAST A arte de seus livretos é uma coisa fascinante, com elementos bem horríveis e surrealistas. Quem é o artista?

GAUTIER SERRE O artista é um bom amigo, seu nome é Antoine Martinet, e seu nome artístico é “Mioshe”. Você pode encontrá-lo aqui: http://www.mioshe.fr/

GROUNDCAST Para compor a música de Igorrr, que equipamento você usa? Também tende a produzir alguns samplers ou usa alguns que estejam prontos?

GAUTIER SERRE Estou compondo várias maneiras, usando algumas amostras, mas, principalmente, gravando com instrumentos reais, tais como piano, vocais, guitarra, violão folk, baixo e alguma bateria. Sobre o equipamento, você pode ter uma lista precisa aqui: http://www.improvetonestudios.com/ e, principalmente, estou usando o Cubase com algumas máquinas fortes e barulhentas.

GROUNDCAST Um modo geral fãs de metal não costumam reagir bem a misturas com música eletrônica, por parecer algo mais “artificial”, segundo dizem. O que acha disto?

GAUTIER SERRE Você está certo, metal heads não são tão abertos, especialmente para a música eletrônica. Sinto pena por isso, gosto de metal tanto quanto de música eletrônica, são somente duas perspectivas diferentes de música. Há coisas realmente incríveis em ambos os lados, a energia primitiva do metal e da precisão matemática da música eletrônica, ambos são muito diferentes e valem a atenção.

GROUNDCAST Você também é o fundador do Whourkr, mais focado no death metal, que tem diferenças muito grandes em relação ao Igorrr, usando dos mesmos elementos. Para você, qual é a diferença entre trabalhar com Igorrr e com o Whourkr?

GAUTIER SERRE Trabalhar com Igorrr e WHOURKR são dois sentimentos diferentes. No WHOURKR é algo mais físico, talvez primitivo e selvagem, com Igorrr estou gastando uma quantidade horrível de horas para faze soar perfeito para mim, é mais preciso e detalhado. A outra coisa é que eu sou o único a tomar decisões no projeto Igorrr, mas com WHOURKR somos dois, eu e o Mulk, e vamos lançar nosso álbum no dia 3 de maio, intitulado “4247 Snare Drums” pelo selo Ad Noiseam, e que vai ser ótimo!

GROUNDCAST Como tem sido rotina nas apresentações dos com seus projetos?

GAUTIER SERRE Anda bem, na verdade estou realmente numa “turnê” desde quando Nostril foi lançado no final de 2010. É bom ver que em qualquer lugar que você vá, pode-se encontrar alguém que entenda a sua música, realmente aprecio isso. É como ter o feedback de alguém totalmente desconhecido que vive do outro lado do planeta, mas você sabe que você tem algo em comum.

GROUNDCAST Com quais bandas você gostaria de tocar em um futuro próximo?

GAUTIER SERRE Adoraria tocar com Michael Jackson, Vladimir Bozar ‘n’ ze Sheraf Orkestar e Halliday Johnny.

GROUNDCAST Quem é o público ou o fã do Igorrr? Que tipo de gente escuta a sua música?

GAUTIER SERRE Na verdade não existe nenhum tipo específico, mas se há um ponto comum, é que todos têm a mente aberta e são um pouco loucos.

GROUNDCAST Você participou recentemente no projeto Öxxö Xööx. Conte-nos um pouco sobre ele.

GAUTIER SERRE
Öxxö Xööx é um projeto de um grande amigo, Laurent Lunoir, que é o vocalista em meus álbuns do Igorrr. É também a pessoa que fundou comigo o WHOURKR há alguns anos, por isso ele é o vocalista no álbum Naat. Trabalhamos muito juntos, sou parte do Öxxö Xööx como ele é parte dos meus álbuns com sua voz.

GROUNDCAST que representa Öxxö Xööx na sua carreira?

GAUTIER SERRE Alguém com quem estive trabalhando muito e fez um monte de coisas.

GROUNDCAST Você conhece alguma banda brasileira? Quais?

GAUTIER SERRE Conheço Sepultura, Soulfly e todos os projetos do Max Cavalera, mas, infelizmente, estes são os únicos que eu conheço.

GROUNDCAST Você também participou no álbum de remixes do Morbid Angel com a faixa Morbidou Remixou. Como surgiu o convite para o trabalho? Explique-nos sobre este remix.

GAUTIER SERRE O remix foi muito legal de fazer, o selo “Season of Mist” contatou-me e perguntei se estaria interessado em fazer um remix do Morbid Angel, que é uma das minhas bandas favoritas de Death Metal, por isso aceitei fazê-lo com prazer. Eu me diverti fazendo algo novo com a música.

GROUNDCAST E como foi a reação dos fãs?

GAUTIER SERRE O Illud Divinum Insanus não foi bem recebido pelos fãs Morbid Angel, então você pode imaginar a reação a um disco de remixes! Surpreendentemente, o Morbidou Remixou foi muito bem recebido, mais pela cena “eletrônica” do que pela “metal”, mas ainda assim, o feedback tem sido muito bom!

GROUNDCAST Hoje é mais fácil conhecer de novas bandas, por causa do compartilhamento de mp3, mas muitos artistas e selos não gostam disto, pois dizem que este ato é igual a roubar. Qual é a sua opinião sobre a distribuição ilegal de mp3?

GAUTIER SERRE É uma questão realmente difícil, o mp3 e o “fácil compartilhamento” é uma forma de divulgação, uma revolução e vejo isso como algo realmente bom. Mas agora, por causa disso, as pessoas pararam de comprar música. Elas continuam a pagar pela conexão à Internet para ter acesso à música livre e a alguns sites como “Megaupload”, contudo, os artistas não recebem nenhum centavo. É muito injusto. A coisa boa é que qualquer um pode produzir música, então você pode descobrir um monte de coisas incríveis que não apareceriam antes, pois precisariam estar em uma gravadora ou algo assim. A única coisa ruim é que você não tem que pagar por isso, então se deseja viver para produzir a sua melhor música, então vai ser algo muito difícil para você.

GROUNDCAST Obrigado pela entrevista, ficamos muito gratos. Este é o seu espaço para deixar uma mensagem para os leitores do Groundcast.

GAUTIER SERRE Um espaço só para mim? Que bom, agradeço-o, então aqui eu posso escrever qualquer coisa e vocês vão publicar? Mesmo que escreva uma receita polonesa de cookies? A melhor coisa agora seria escrever algo inteligente em brasileiro, mas eu não sei uma palavra.


Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.