Music from the Succubus Club: sons para vampiros

2 min


0

Uma coisa é certa: o jogo Vampire: The Masquerade, conhecido no Brasil, Vampiro: A Máscara, trabalha com um universo altamente influenciado pelo gótico. Mark Hein Hagen (sem a bolinha, por favor) criou um universo com fortes ligações entre a subcultura gótica e a estética literária de livros como o “Entrevista com o Vampiro”, da escritora Anne Rice. Visualmente remete a um mundo violento, sombrio e tomado pelo horror pessoal, pela solidão e outros temas mais voltados à psicologia. Esta premissa inicial, infelizmente, foi abandonada durante muito tempo em troca de uma temática com mais ênfase na política.

Em diversos livros e suplementos vemos sugestões de músicas de grupos como Dead Can DanceSisters of MercyBauhausNosferatu, dando ainda mais sabor ao clima “punk-gótico” como era apelidado o cenário. Isto aparece somente nas primeiras edições das suas linhas principais, incluindo Werewolf: The Apocalypse e Mage: The Ascension, chamados no Brasil de Lobisomen: O Apocalipse e Mago: A Ascensão, respectivamente. Contudo, nunca existiu uma trilha sonora oficial para o jogo.

Isto mudou no ano de 2000. Neste ano foi lançado, pela gravadora Dancing Ferret, conhecida por trabalhar com grupos como The CrüxshadowsAngelspitThouShaltNotEgo Likeness. Atendendo a um pedido da White Wolf, a gravadora elaborou um disco para acompanhar as narrativas de seu carro-chefe à época, dois anos após a sua edição revisada, conhecida por alguns como “terceira edição”, que unificava os conteúdos da edição anterior, dispersos em livros e suplementos, atualizando a linha do tempo e preparando os jogadores para o vindouro “Dia do Juízo Final”.

Na tentativa de imprimir um tom mais realista, apresenta um dj fictício de nome DJ Damascus como idealizador desta compilação, indicando cada uma das músicas como temas de determinados clãs de vampiros, excluindo as subdivisões como Camarilla ou do Sabá. A escolha de cada música representa a heterogeneidade dos vampiros da White Wolf, variando do rock gótico ao synthpop. O que une todas elas é a atmosfera sombria em todas as composições. Decerto que também serviu para o público conhecer melhor alguns grupos da cena gótica.

O organizador real desta compilação foi Patrick Rodgers, dono da Dancing Ferret e a arte da capa pertence ao antigo Guia do Jogador, feita por Clyde Caldwell. O próprio Succubus Club existe no Mundo das Trevas, aparecendo em uma aventura / cenário de campanha, escrito por Andrew Greenberg, Graeme Davis, Bill Bridges, Lisa Stevens, Nigel Findley e Steve Crow. Dentro do universo do jogo o local é uma casa noturna comandada pelo vampiro Ventrue Brennon Thornhill, um antigo traficante de drogas de Chicago, onde acontecem diversas festas góticas com muito rock gótico e alternativo.

Para saberem quais músicas representam os clãs vampíricos, confira na lista abaixo as músicas:

The Crüxshadows – “Deception” (Ravnos)

Seraphim Shock – “Prey” (Lasombra)

Paralysed Age – “Bloodsucker 2000” (Tzimisce)

Wench – “Heart of Darkness” (Setitas)

Sunshine Blind – “Cold From Fever” (Ventrue)

Bella Morte – “Fall No More” (Gangrel)

Carfax Abbey – “Soul To Bleed” (Malkavian)

Beborn Beton – “Hemoglobin” (Assamita)

Mission U.K. – “Last Beat of Your Heart” (Brujah)

Kristeen Young – “Rotting On The Vine” (Nosferatu)

Nosferatu – “The Night Is Young” (Giovanni)

Diary of Dreams – “Blind in Darkness” (Tremere)

Neuroactive – “Superficial” (Toreador)

Particularmente falando, é um bom disco. Conheci muitas bandas legais com ele, como o SERAPHIM SHOCK, CARFAX ABBEY, BEBORN BETON e DIARY OF DREAMS. Atualmente esta compilação encontra-se esgotada e uma cópia usada aparece com preços muito altos em sites como o EBay. Vale a pena ser escutado, mesmo você não sendo fã de RPG, uma vez que muitas das músicas são exclusivas deste disco, como a Fall No More do BELLA MORTE.


Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.