Nahtaivel – Epicus Doomicus Electronicus (2014)

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O que talvez seja necessário explicar é o grau de mudança deste disco para a carreira do Nahtaivel. “Epicus Doomicus Eletronicus” cumpre, de forma soberba, a transição de um artista que vinha do black metal e que vai abraçar as novas possibilidades da música eletrônica.

Se você conhece os outros trabalhos deste curitibano, esqueça-os: este trabalho é diferente de todos os outros. A começar pelas músicas que se valem de influências que vão do eletrônico ao etno music. Neste disco é possível encontrar muitas marcas de gêneros como darkwave, ethereal, entre outros. Com a faixa de abertura “Galactica” fica evidente a mudança de direcionamento do trabalho, com uma bateria tribal e alguns synths remetendo a trilhas de filmes épicos. “Life:Abominations” é um electro-industrial com uma leve tendência ao synthpop, muito bem executado e coeso, repetido em “Green Hell”, onde também existe uma clara e nítida homenagem ao Front Line Assembly. “The Void” é rock industrial, seguindo por uma vertente mais europeia, meio KMFDM, mas muito mais eletrônico. Diferentemente de “Endless Galaxies Part I”, pois esta música volta ao passado black metal do músico e é influenciada pelo Summoning e demais bandas de black metal atmosférico. “Allein” é synthpop, numa versão muito mais dançante e agitada.

Luciano Cardoso, do The Chanceller, participa de “Hre Comes the Rain”, uma música marcada pelas claras influências ao synthpop dos anos 80. É uma música muito bonita, dramática, seguida de “Endless Galaxies Part II”, uma música com clima bastante cinematográfico e épico, sendo a faixa mais longa deste trabalho. E, para encerrar de forma magistral, “The Twilight Zone”, que soa como um tributo à grande série “Além da Imaginação”, sendo a faixa mais experimental do álbum, pois aposta num krautrock bastante atmosférico, na mesma linha do Tangerine Dream.

É a melhor obra do projeto Nahtaivel, trazendo um respiro e uma renovação bastante interessantes, uma vez que mostra a versatilidade de Fernando  em passar pelos gêneros sem soar de forma desarmônica ou mesmo descontextualizada. Grande disco.


Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.