PLASTIC FIRE: Entrevista com Reynaldo Cruz

6 min


0

Olá caros leitores, hoje que é o último dia desse ano de 2012, venho com mais uma entrevista. Conversei com o Reynaldo, vocal do Plastic Fire, banda de hardcore daqui do RJ. Alguns anos de estrada, alguns EP’s lançados, turnês para tudo quanto é canto do Brasil, essa é banda que mais vem crescendo no cenário. Já fui em vários shows deles, uns oito, não lembro ao certo, mas o que sei é que todo show desses rapazes marotos é extremo e é bonito.

199518_110547139114348_704400960_n

 

GROUNDCAST Como aconteceu formação do Plastic Fire?

Reynaldo Cruz: A banda foi formada enquanto estávamos “nos formando” no colégio. Alias, enquanto “os outros meninos” se formavam no colégio, eu apenas frequentava o mesmo círculo de amizades, porque já era velho na época, tava na faculdade e tal. Eu havia recém terminado a minha banda de metal (na época eu tocava bateria), quando uns amigos me chamaram para tocar batera e depois eu acabei cantando. A gente tocava um monte de coisas, inclusive hardcore. Ai decidimos optar por esse estilo, porque rolava muito NOFX, Dead FIsh, Pennywise, e coisa e tal. Ai, tamô aqui, da formação original só restou eu e o Daniel, cada dia mais felizes e amorosos com o rock!.

GROUNDCAST Quais foram as principais influências que fizeram você pensar: ‘eu também quero ter uma banda’?

Reynaldo Cruz: Black Sabbath, Ozzy Osbourne, Dead Fish, Satanic Surfers, NOFX, Pennywise, Iron Maiden, Ramones e muitas outras… Ter uma banda é se expressar, é dizer algo que já está dentro de você, é gritar pelo que você é, é dizer o que você é… Essas bandas, com certeza, são responsáveis por estarmos até hoje nessa empreitada.

GROUNDCAST Em 2008 a banda lançou o primeiro EP ‘Existência Parcial’, foi um sonho realizado? E como que foi gravar esse primeiro registro?

Reynaldo Cruz: Não gosto muito de pensar que isso tudo aqui é um “sonho”, prefiro mesmo chamar de “trabalho”, porque sonhar, na perspectiva do “rock”, me parece algo fraco, algo estático, algo que não te leva a lugar nenhum, além de ficar sentadinho no meu sofá, esperando algo acontecer. Prefiro pensar que cada um que faz a sua parte,  que rala, que faz amigos, que conhece gente, e “enche o saco dos outros” (não só postando coisas na net, mas buscando o contato com pessoas no “mundo real”, seja entregando um flayer, seja puxando assunto num show) e que principalmente é sincero e faz o que gosta de coração, ou seja, as pessoas que fazem acontecer é sincero e faz o que gosta de coração, ou seja, as pessoas que fazem acontecer e persistem, acabam chegando “a algum lugar”, e “chegar a algum lugar”, para mim, significa ter uma banda, tocar, gravar e continuar por aqui.

Gravar o disco foi um “pequeno milagre”, a gente gravou tudo na casa de um grande amigo nosso, num Home Studio,  bairro do Méier, RJ. Foi o nosso primeiro contato com gravação, éramos (e ainda somos) muito inexperientes com gravina, ralamos muito e temos orgulho do que fizemos. Saiu como deveria ser, se poderia ficar melhor? Sempre pode. Mas se não saísse exatamente como foi, com certeza, não estaríamos aqui.

GROUNDCAST Essa fase de 2008 a 2010 eu acredito que tenha sido de trabalho árduo para divulgar a banda etc. Essa foi à fase mais difícil da banda?

Reynaldo Cruz: A fase mais difícil de uma banda, com certeza, é o “hoje”, é se manter de pé, é estar aqui. A gente sempre teve muita coragem para continuar, enfrentando as dificuldades de frente, todas elas: mudanças de formação, falta de grana, fazer os corres, tocar em outros estados, divulgar o som, fazer eventos, gravar, tocar, se movimentar. Mas a parte gratificante disso tudo e o maior e mais efetivo resultado é a quantidade de amigos que encontramos pela estrada, os abraços sinceros de quem a gente encontra por aqui e ali, os sorriso, e o suor que a gente dedica pelo nosso som.

GROUNDCAST Já em 2010 a banda estava lançando o segundo EP ‘A Última Cidade Livre’. Esse foi o trabalho que realmente impulsionou a carreira da banda?

Reynaldo Cruz: Este, ate aqui, foi o nosso “trabalho diferencial”, porque gravamos num estúdio foda (Superfuzz, Humaitá, RJ), com um equipamento top top, com a produção de quem entendo muito bem do assunto (Sr. Gabriel Zander, “mininãodetitio”), tudo como deveria ser. Estávamos muito mais do que ensaiados, afinados e radiantes de amor. Foi tudo muito mais do que pensado e trabalhado, mais maduros e entrosados, e tudo fluiu muito bem, é só baixar e conferir o resgistro e muito mais aqui. E só aqui, porque o CD esgotou! Talvez role outra edição especial, mas isso já é outro papo…

 

GROUNDCAST Eu fui a um show de vocês, acredito que no ano passado, que aconteceu na Planet Music e teve até Dead Fish também, calor infernal e tudo mais. Porém, uma coisa que me chamou bastante atenção, foi a energia passada do público a vocês e vice versa. Você acha que é essa energia que define o Plastic Fire?

Reynaldo Cruz: Eu odeio mesmo, de coração, a expressão “fã”, ainda mais quando o assunto é hardcore: a graça disso tudo mesmo é fazer amigos, sem dúvida alguma. “Fã”, para mim, é alguém que não pretende “interação”, e sim “idolatria” e “fama”, e “fama” não é com a gente daqui. Não queremos distância, e sim proximidade. Desde sempre foi assim, espero mesmo que isso nunca mude. Essa energia, “é” o que somos, essa intensidade, essa alegria, essa destruição do marasmo, esse suor. É disso que somos feitos. Eu sempre falo e repito: “Quando subimos no palco, (e eu acho mesmo lindo quando nem palco tem!), não somos só nós quatro que estamos ali em cima, tem um monte de gente conosco, gente que sempre fez e faz parte de nós, e tenho um puta prazer de saber que isso é a mais honesta e sincera verdade.

GROUNDCAST Uma coisa meio clichê agora, mas como vocês chegaram a este nome para a banda?

Reynaldo Cruz: É muito viagem, tipo uma síntese de pensamentos múltiplos, transcendentais e conceituais… Mentira. É porque eu gosto de fogo, combina com meu signo… hahaha e “Plastic”, quer dizer “Plástico”, sólido, mas não só isso, “belo”, de perfeição exata, de várias formas possíveis, maleável… Plástico e fogo, juntos, acabam sendo um só, se nutrem e não são nada, juntos eles queimam fortes, grudão, não se separam, fazem arder, explodem… é um monte de coisa ao mesmo, que nem a gente…

GROUNDCAST Depois desses anos de estrada, shows por vários estados do país, em contato com diferentes públicos e tudo mais. Você acha que valeu a pena todo esse ‘esforço’?

Reynaldo Cruz: Todo esforço é válido, quando você faz o que faz por amor, quando você faz para se realizar, quando você se realiza no que faz. Se eu não fizesse tudo o que eu faço, com certeza seria uma pessoa “menor” e “pior”, minha vida não seria a mesma. Tudo o que faço por essa banda leva meu sangue e meu suor e sim, faria tudo de novo, aliás, faria ainda mais do que já fiz!

GROUNDCAST Na página no Facebook da banda vocês têm anunciado há algumas semanas que estão em processo de gravação do primeiro álbum da banda. Como está sendo esse processo?

Reynaldo Cruz: Acabamos de lançar uma música nova chamada “Vida Real” (ouça aqui) e oficialmente encerraremos a turnê do disco “A última cidade livre” em Belém (PA), em janeiro de 2013. Depois disso vamos parar as atividades de shows para compor o disco novo. Ele já tem nome “CIDADEvelozCIDADE”, já tem algumas músicas prontas (10 músicas), mas estas ainda precisam ser aprimoradas e esmiuçadas, para arredondar mesmo. Vamos compor mais umas 8 músicas, ai sim vamos cair de cabeça na produção e gravação desse álbum novo. Está sendo tudo bem pensado e calmo, sem pressa alguma, para podermos tirar o melhor de nós nessa parada.

GROUNDCAST No ano passado a banda foi convidada a ser uma das bandas de abertura, ao lado do Zander, para o show de gravação do DVD do Dead Fish. Para você Reynaldo, qual foi a sensação de além de ter a banda convidada para abrir esse show histórico, também ser chamado para cantar uma música ao vivo com o Dead Fish?

Reynaldo Cruz: Cara, tudo que eu falar aqui sobre isso, além de “muito obrigado, meus lindos peixinhos mortos!”, vai ser a mais pura bobagem! Foi um momento mágico na nossa/minha vida, foi foda demais! Nossa primeira vez tocando no Circo Voador, casa cheia, Dead Fish… Foi maravilhoso! E cantar “a minha parte” naquela música, a parte que eu canto desde sempre comigo mesmo, só que dessa vez no DVD de aniversário da banda que eu tanto amo… Foi simplesmente fudido, sem mais!

 

GROUNDCAST Ainda no assunto relacionado a show, ano passado vocês fizeram um show e gravaram-no,  já tem previsão do lançamento desse registro ao vivo?

Reynaldo Cruz: A gente gravou o nosso primeiro DVD na Audiorebel, aqui no Rio de Janeiro, um lugar muito especial para gente, nossa casa! Foi foda demais, muitos amigos de todos os lugares do Brasil, todos juntos lá, para nos prestigiar e ajudar, como sempre. Gente de longe e perto, gente que faz parte da gente. Foi tudo animal demais. O projeto foi idealizado/produzido pelo senhor Kaio Ramone (nosso “famoso” 5º elemento!), grande vídeomaker de tantas bandas do cenário hardcore brasileiro. Está tudo quase pronto, mas como tudo aqui é no “faça você mesmo”, ainda demora um pouco a sair. O foco agora é o CD novo, mas podem deixar que o DVD não passa de 2013, sem falta!

 

GROUNDCAST Quais são os planos da banda para esse fim de ano e começo de 2013?

Reynaldo Cruz: O objetivo máximo agora é nós dedicarmos ao disco novo. Depois que sair, é a mesma “rotina” de sempre: arrebentar nos shows, tocando em tudo quanto é canto! Vão rolar uns vídeos clips, uns splits/EP’s com algumas bandas amigas, turnês (quem sabe até gringas)… Fazer o som rodar, cada vez mais!

GROUNDCAST Deixo o espaço aberto para uma mensagem sua para quem estiver lendo essa entrevista.

Reynaldo Cruz: Queria agradecer a vocês pelo espaço dado para gente aqui! Parabéns pelo site e vamos que vamos com força! Bom fim de ano a todos os amigos e saúde a todos! Feliz 2013 e ano que vem, mil rock panoises!

Contato

Trama Virtual

Bandcamp

Facebook