Recomendações da Semana (+ breve review)

3 min


0

E assim inicio esta série de postagens aqui no Groundcast, tentarei toda semana postar alguma indicação seguida d’uma breve resenha do mesmo. 

Já deixo avisado que não terá restrições de estilos, mesmo porque boa música nunca se restringiu à um único estilo, então a idéia é abranger diversos estilos desconexos de modo a suscitar audições mais apuradas, além é claro de ensejar (latentemente) quebras de limites sonoros e coisas do tipo. 

ULVER – WARS OF THE ROSES


Iniciando esta nova empreitada, nada melhor que começar por uma banda que corrobora de modo incisivo tudo aquilo que disse na descrição da seção; sendo definitivamente um mosaico disforme de estilos e que sempre se desligam de quaisquer amarras que tão logo digam (ou se sintam acometidos), trarei-os para esta incipiente pretensão. 

Falar de Ulver é sempre algo incompleto, dada a infinidade de características em potencial de serem exploradas, tentarei de algum modo não ser expansivo demais aqui, mesmo porque a idéia é ensejar audições. Bom, há tempos que sou um fanático com esses caras, dada a destreza que eles possuem de experimentarem de modo acertado as coisas, leia-se alternar e congregar estilos diversos, e isso é bom lembrar tem ocorrido tão logo que “deixaram” a cena blackmetal, em meados dos 90’s, preciso nem entrar nos méritos de quão importantes foram pra tal cena.

Acontece que no release deste ano, eles mantêm alguns elementos presentes nos albúns anteriores, do Perdition City (2000) ao Shadows of the sun (2007) que se dão pela gradativa redução de guitarras e baixos em detrimento de instrumentos eletrônicos (teclados, orgãos synth’s em grande medida, etc.) que proporcionam sonoridades mais ambientes, ademais a bateria continua com tamanha destreza que impressiona demais, algo notório que parece meio deslocado, contudo mostra-se numa concordância única, tudo isso devido a grande destreza dos músicos.

A misantropia opressora do Shadows of the Sun perde um pouco de força, mas dá mostras de sua ligação inextricável com a banda na última música do disco “Stone Angels”, “Norwegian Gothic” e em algumas passagens finais de outras músicas que corrobora aquela tendência referida anteriormente, com alguma crítica a valores tradicionais. Enquanto isso, a música que abre o albúm “February MMX” (e que saiu @streaming antes) elucida algo não utilizado anteriormente e por isso mesmo fez com que suposições diversas, anteriores ao albúm, surgissem. Contudo, a temática do albúm que se inicia nesta faixa se faz presente ao longo do mesmo, que é uma crítica à sociedade vigente, só que de modo latente.

Há de se destacar a diligente presença feminina na bela “Providence” que tem um tom bem niilista e um desenlace mais ainda, corroborada pela presença lúgubre de sons ambientes de modo a elucidar o abismo nada romântico que delinea a música em sua totalidade mas de modo mais acentuado em seu ocaso. Alías, esse tom niilista tingido de cinza é presente em todo o albúm, como se percebe na September IV que alías permeia o ultra-romantismo ao tratar do drama d’uma família que perde súbitamente seu amado membro (filho, no caso). E a seguir, putz!, as “master piece” do albúm que alías são bem sugestivas quanto a crítica que o albúm quis trazer/despertar/whatever; England e Island são muito bem trabalhadas e a atmosfera (interligada) delas é algo notório assim como suas letras que apesar de breves são bem densas, em contraste com a duração significativa de ambas. Nota-se a presença de elementos sonoros dispersos mas que são usados com bastante propriedade e dão maestria singular às músicas; elementos ambientes constrastados com sons eletrônicos (teclados e synths), sendo que os convencionais passam despercebidos a esta altura. 

Como disse no início desta postagem, falar sobre tal banda será sempre algo incompleto, talvez não o labor que se ocupe deste albúm específico, mas ainda assim será impossível tratá-lo como uma peça única desligada da história da banda. Assim termino este post sabendo que muita coisa foi deixada de fora, mas espero que tenha conseguido, mesmo superficialmente, elucidar a qualidade superior deste albúm (que sem dúvida figurará ao término do ano no top 5 dos melhores do ano).

Membros:

Kristoffer Rygg – Voz, Programação
Tore Ylwizaker – Teclados, Programação
Jørn H. Sværen – Multi-instrumentalista
Daniel O’Sullivan – Guitarra, Baixo, Teclados

Membros Convidados:

Tomas Pettersen – Bateria
Ole Aleksander Halstensgård – Electrónicos
Trond Mjøen – Guitarra, Baixo
Stian Westerhus – Guitarra
Daniel Quill – Violino
Alex Ward – Clarinete
Steve Noble (ÆTHENOR) – Bateria, Percussão
Attila Csihar (SUNN O))), MAYHEM) – Voz
Siri Stranger – Voz
Emil Huemer – Guitarra
Anders Møller –  Percussão
Stephen Thrower (CYCLOBE, COIL) – Clarinete

Ulver – Norwegian Gothic & Island live@Rockefeller, Oslo, April 2011


Um cara (a)normal que gosta demais de música e de prosas descompromissadas... Ademais, poeta marginal qualquer.