[Resenha] Between Summers – Leaves (2018) + Stream

2 min


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1. Try Too
2. Trifle Song
3. Our Summer
4. Microphone Boom
5. Outermost
6. Safest Place
7. Shell
8. When You Can’t See Any Light

Alternativo/Shoegaze, Aquagreen Records

Eu sou um grande fã de rock alternativo numa época em que não tinha tanta banda “indie” que soava parecida com uma cópia malfeita do Pixies. E tem uma leva bacana de bandas nacionais que embarcam nessa onda alternativa com shoegaze, como o Loomer e, vez por outra, surge alguma coisa bacana que merece destaque. Este é o caso da galera do Between Summers.

Justiça seja feita, assim como a minha retificação: demorei para fazer este release por conta de falta de tempo e me arrependo um bocado. Leaves é um trabalho tão bonito, tão bem acabado, tão coeso que impressiona-me não ler nada a respeito em outros locais. Primeiro, é um som que remete muito a grupos como o já citado Pixies, mas não se prende a suas referências. Tem umas levadas meio My Bloody Valentine, mas sem a parte cheia de efeitos e distorções, além de um pouco de grunge, muito em virtude de se influenciarem por grupos como Tiger Jaws e Pity Sex, que também bebem das mesmas referências.

Do ponto de vista musical, a banda é muito competente, com riffs bem marcantes e grudentos. Destaque para as excelentes linhas de baixo de Antonio Kuchta, que apresentam uma técnica bastante incomum para um gênero de rock que prima por alguma coisa mais simples e pela voz de Nathália Albino, com influências muito nítidas do Veruca Salt.

O disco abre com Try Too e fica impossível não lembrar de Loveless, uma clara homenagem ao shoegaze, com um acompanhamento bem bonito da voz da Nathália em conjunto com o baixo. Trifle Song abre no melhor estilo Nirvana, para depois se desenvolver numa faixa bem densa e melancólica, com forte presença de bases de guitarra e bateria. Indo para uma vertente mais pop, Our Summer se aproxima bastante de algumas tendências do que se faz hoje no chamado indie, sem, contudo, soar como uma banda genérica, embora não seja uma das canções mais inspiradas deste trabalho. Microphone Boom, na opinião deste resenhista, é a melhor faixa deste trabalho, pois combina uma excelente linha de baixo, um vocal que por vezes se aproxima do spoken words, quase sem melodia e que progride para um rock mais barulhento, sujo, com algumas referências ao post-rock.

A percussão que abre Outermost, seguida de um riff de guitarra tão um tom bem legal, para depois apresentar uma música bem na linha do rock alternativo mais atmosférico, com um destaque para a bateria, que se apresenta bem distinta das faixas anteriores. Safest Place tem muito de bandas como Ride e Slowdive e riffs de guitarra que se destacam de todo o conjunto, tudo isto na voz de Robson Corrêa, que aliás, devia ser aproveitada mais vezes em outros momentos na banda. Seguindo na mesma linha do shoegaze e retornando os vocais da Nathália, Shell embala com uma música mais cativante, embora repita muito do que já foi apresentado em outros momentos deste trabalho da banda. E, para encerrar, a melancólica When You Can’t See Any Light apresenta-se como uma música instrumental bem no estilo das músicas de rock alternativo da MTV dos anos 1990, com aquele jeitão de encerramento e de fim de festa.

Na soma de todas as coisas, é um trabalho muito competente. Contudo, há algumas coisas que poderiam ser mais bem exploradas. No começo do trabalho, algumas influências se sobressaem, deixando pouco espaço para a identidade da banda, que vai se construindo conforme o disco vai avançando. Também existe um potencial muito grande dos músicos em desenvolver melodias e canções com um pouco mais de complexidade, uma vez que eles demonstram isto em muitos momentos, mas não de forma constante. Nada disto tira os méritos deste pessoal, que tem tudo para crescer muito.

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Between Summers – Leaves
  • Nota Geral - 7.5/10
    7.5/10

Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.