Retrospectiva Musical – Bandas Destacadas Neste Ano Ímpar [Parte Dois]

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Progressivo, Metal E afins

 

Blueneck – Repetitions
CD inspiradíssimo! Belo! Um excelente trabalho, sem sombra de dúvidas um dos destaques (despercebidos) deste ano frugal. Do início ao fim, mantêm-se a consistência significativa das músicas, que
são mais calmas e dadas à introspecção, tal qual às nuances atmosféricas que nos remetem, com momentos mais sutis ora com momentos mais entrópicos, reveladores de certas inquietações.

 

 

Five finger of death punch – American Capitalist
Sem sombra de dúvidas um dos grandes releases da cena hard/sludge/thrash/death metal etc! Pois é, a banda é um amontoado de estilos e quem liga pra definição de estilo se o som é foda? Isso é o
que realmente importa, e aqui… putz, é um socasso na cara, muito empolgante e impossível não “headbangear”! Muito inspirado e (ácido) com riffs poderosos e com os vocais destruidores! A banda é muito bem concatenada e isso se reflete na qualidade dos cds, deste e dos anteriores. O conteúdo das letras é uma crítica direta e cáustica ao consumismo voraz e fútil das sociedades contemporâneas, exemplificadas pelo infame USA e seu “american way of life”, e a sonoridade é condizente com essa “inquietação” crítica.

 

 

Mastodon – The Hunter
Outro cd destacado (ah, nem tanto, tem bons momentos e outros que…; mas ainda sim, os bons momentos são merecedores de atenção) deste ano e vindo também dos EUA, a exemplo da banda anterior. Apesar da qualidade indiscutível e manutenção da mesma, devo dizer que apesar das empolgantes Black Tongue e Curl of the burl, esse cd não empolga tanto quanto o seu predecessor, Crack The Skye que conta com os guturais expressivos do Scott Kelly do Neuros, na faixa título. Bom, importa é que esse cd mantém o patamar da banda e mostra a qualidade dos caras, colocando o Mastodon como uma das principais bandas do metal atual.

 

 

Opeth – Heritage
Eis a nova empreitada (pera, a nova empreitada é o aguardado Storm Corrosion, juntamente com o mr.  Steven Wilson) de seu líder e principal compositor, Mikael Akerfeldt, que banhou-se (e quase afogou-se) no progressivo clássico dos 70’s. Se o cd anterior veio com o sugestivo nome de Watershed, deve-se atentar que tal título é mais cabível ao presente cd, Heritage, dada a guinada sonora que a banda apresentou. A começar pelo não uso dos guturais e passagens típicas do “death”, além dos riffs característicos que a banda apresentava. A ausência dos guturais é algo que causa um certo estranhamento quando se fala de Opeth, contudo é compreensível já que com o passar dos anos seu usuário passe a utilizar menos tal recurso. Não obstante à ausência dos guturais, neste cd os elementos death perderam espaço, para a “reverência” aos clássicos do progressivo, que em
certos momentos chega a ser excessiva. Atentemos ao fato que tais fatores, acrescidos de tantos outros elementos de estilos diversos, sempre coexistiram num orbital amorfo que se constituía a
sonoridade da banda e era justamente esse diferencial congregador de diversos estilos que tornaram a banda tão aclamada, contudo aqui… não foi desse jeito e mostra uma possível mudança.
Atentamos que esse cd marca a saída do competente tecladista Per Wiberg, que ingressou na banda com a turnê do Deliverance/Damnation nos idos de 2003 (ele viria a se tornar membro oficial em 2005) e desde então vinha contribuindo significativamente.
E mencionar o Damnation, que também contou a produção do Steven Wilson, vem a calhar e serve algum parâmetro de comparação; quando foi lançado em 2003, tal cd que em vista do viés sonoro até ali (inclusive tal ano representou também o lançamento do Deliverance), por ter uma sonoridade mais introspectiva e melancólica só passagens mais calmas, sem qualquer gutural e fatores típicos do metal, foi uma “digressão” sonora, algo completamente alheio ao trabalho desenvolvido até então. O Heritage tem proporcionado sentimentos diversos para com este que vos escreve, reconhece a genialidade presente em algumas músicas e diga-se de passagem, bastante auspiciosas e evidenciadoras da grandeza de seu principal compositor, que em compania do SW é capaz de promover albúns, no mínimo,  drásticos; mas que não consegue deixar de vê-lo como uma espécie de “efeito tampão”,  acalentando de alguma maneira os ânimos.
De qualquer maneira… o mais agradável deste albúm é que gradativamente se passa a gostar mais dele e a perceber nuancias que a premeditação norteada pelos anseios auditivos impossibilita de perceber.

Baita disco, como sempre…  só que com um toque de genialidade que requere mais paciencia de seus fãs.

 

 

 

                                                                                                                                                                                                                                                                       Steven Wilson – Grace for drowning
Um dos grandes destaques deste ano, demonstra mais uma vez a plasticidade desse monstro. Surpreendente esse cd, excelente do início ao fim. Dando continuidade ao excelente “Insurgentes” de 2k9,
aqui o grande Steven Wilson dá mostras de seu extenso potencial e nos agracia com músicas excelentes: “Remainder the black dog”, “Raider II”, entre outras. É realmente uma pérola e deve sim ser
reverenciado pois é uma das mentes mais brilhantes da atualidade.

 

 

Symphony X – Iconoclast
Cd que mantém a pegada mais power do cd anterior, o bem sucedido e aclamado Paradise Lost, com vocais fortes e marcantes, guitarras com mais peso em detrimento dos solos virtuoses e neoclassicos (de influencia do Yngwie Malmsteen) e agregando elementos do thrash e power, com rifss poderosos. Há um “resgate” (em parte) dos teclados (e espaço) do excelente Michael Pinnela, que havia perdido espaço no cd anterior. Contudo, ainda que tal “retorno” (o mesmo jamais deixou a banda, utilizo o termo por falta d’um mais apropriado) do Pinnela tenha se dado, não é algo como nos discos anteriores (todos até o Paradise Lost, haja visto que a qualidade dos mesmos é invejável e altíssima, duma regularidade rara). Talvez, a banda esteja tentando mudar sua sonoridade, que antes se caracterizava por ser essencialmente neocáassica, algo mais virtuose e transcendental no metal progressivo [divergente da proposta dos famigerados (e inconstantes) Dream Theater], com destaque ao guitarrista Michael Romeo e ao tecladista, ambos virtuoses, sem desmerecer os demais membros que também são excelentes músicos.

 

 

Cynic – Carbon Based (ep)
Esse ep é muito bom! Deixa-nos esperançosos com relação ao próximo full lenght dos caras, que desde o excelente “traced in air”, tem suscitado dúvidas quanto ao próximo release se conseguirão manter o altíssimo nível e coisas do tipo, além é claro, todos querem ver o resultado condizente ao que foi proporcionado pelo disco de 2008. Por hora, esse ep acalenta tais espíritos pois duas músicas destacadas, “Box up my bones” e a faixa título, dão mostras (assim como as outras) do que o que está pra vir é coisa BOA! Ademais, a fórmula bem sucedida do “traced” continua presente e
vale a pena demais ouvir esses caras com maiores atenções, distinguem-se no recorrente e desgastado cenário do metal progressivo.

 

 

Riverside Memories In My Head (EP)
Grande ep, assim como muitos ep’s deste ano de 2011, que tiveram a proeza de inovarem em suas respectivas bandas e serem mais consistentes e melhores que muitos dos tidos “grandes” trabalhos
promotores de reconhecimento. Aqui isso é muito evidente, conseguiram me empolgar logo de cara, com as três músicas extensas, há muito feeling e as composições são realmente agradáveis,
parecem ter encontrado novos meandros no vastíssimo progressivo e assim dão nova vida à banda. Engraçado é que antes eu ouvia o Riverside com preguiça por, sei lá!, vê-los sem muita empolgação,
composições similares e coisas bestas do tipo, apesar de saber o elevado potencial que detinham. Mesmo porque, tão logo saiu o primeiro Lunatic Soul, projeto paralelo do vocalista, Mariusz Duda,
fiquei viciado e ainda hoje continua a me agradar demais, tal qual seu sucessor, o White Album, (o primeiro, é o Black Album, os dois tem um conceito similar ao do Yin Yang).

 

 

ULVER – WARS OF THE ROSES
Isso aqui é sem sombra de dúvidas um dos grandes destaques do ano! Desde o seu lançamento em março, os bons apreciadores não tiveram qualquer dúvida de que esse seria um dos destaques do ano. Cd típico do UIver, ou seja, não se sabe o que esperar até a audição. Já fizemos uma resenha dele aqui no Groundcast, então é só conferir. Interessante observar o olhar crítico dos caras com relação as questões mundiais contemporâneas, além é claro, de-se deleitar com a destreza sonora que são capazes de proporcionar.
A banda predileta deste ser vil que vos fala!  

 

 

Devin Townsend – 3 discos (Deconstruction; Ghost e o Unplugged)
Aí está outro cara que trabalhou demais neste ano de 2011, com três lançamentos sendo dois de estúdio e um acústico. Sendo o disco caracterizador de sua sonoridade, o “Deconstruction”, (que tem
algo de psycho-circus e ambiente lúdico que dissimula algo… hehehe) que alia progressivo e metal com a presença contínua de pedais duplos em velocidade considerável, tal qual o tornaram
conhecido com os aclamados “Ocean Machine – Biomech” e “Devin Townsend Project – Terria” . Nesse disco não é diferente, guitarras e baixos que exigem demais dos músicos, dada a complexidade
sonora imposta pelas composições, bateria e compassos incomuns, além é claro de sua voz rouca e rasgada, algo diferente mas pertinente ao seu som. O problema do “Deconstruction” é que, apesar
da qualidade elevada das músicas com arranjos e tudo mais, depois de um certo tempo, passada a empolgação inicial, pode acontecer ou suscita-se a impressão de similaridade e recorrÊncia musical,
algo que audições desatentas podem proporcionar.

Contudo,  cabe destacar O TIME que fez parte

“Deconstruction” guest musicians:

* Mikael Åkerfeldt (OPETH, BLOODBATH)
* Ihsahn (EMPEROR)
* Tommy Rogers (BETWEEN THE BURIED AND ME)
* Joe Duplantier (GOJIRA)
* Greg Puciato (THE DILLINGER ESCAPE PLAN)
* Floor Jansen (AFTER FOREVER, REVAMP)
* Oderus Urungus (GWAR)
* Paul Masvidal (CYNIC)
* Fredrik Thordendal (MESHUGGAH)

 

 

Encerrando…  sei que estão faltando alguns (muitos) albúns, dentre os quais o Road Salt Two do Pain Of Salvation; contudo, por falta de tempo e audições, afinal este ano minhas audições no meio metal progressivo foram bastante reduzidas e no metal em geral eu dei uma reduzida significativa, este que vos fala não pode tecer maiores olhares retrospectivos no estilo, sendo assim seria esperado o  número reduzido de bandas.

Aguardem a próxima que tratará do frugal e auspicioso cenário post.


Um cara (a)normal que gosta demais de música e de prosas descompromissadas... Ademais, poeta marginal qualquer.