Rock e machismo

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Segunda Questão: mulheres e suas funções nas bandas

E depois os fãs de metal reclamam das periguetes…

Como apontado anteriormente, as mulheres em bandas assumem quase sempre a função de vocalistas e ficam lá por seu padrão estético. Ou, quando muito, porque não seriam capazes de tocar outros instrumentos, passando a falsa impressão de que cantar é mais “fácil” que outras coisas.

Quantas mulheres dentro do rock tocam guitarra, bateria ou mesmo teclado? Joan Jett, além de cantar, tocava baixo e guitarra. Siouxsie Siouxtocava bateria na banda THE CREATURES, que contava com Sid Vicious, fundador do SEX PISTOLS, além de outros instrumentos. Jennifer Battené uma das melhores guitarristas, fazendo frente com muitos homens. E por que, mesmo com tudo isto, a função das mulheres em bandas cabe quase sempre a fazer apenas a voz?

Uma das coisas é o apelo visual. Vocalista aparece, faz frente à banda e vende a imagem dela em cada apresentação. Isto significa representar como uma embalagem, criar uma vontade e uma representação, tanto para os homens, que esperam uma mulher ideal, quanto para as mulheres, vendo nestas vocalistas um exemplo de “ser feminina”. É o ser apelativa e ainda sim ser aceita como “sensual” ou como a forma “correta” de explorar a sensualidade, sem parecerem “putas”.

Tanto esta contradição é verdadeira que basta aparecer uma mulher com o corpo mais à mostra para ser taxada de todos os adjetivos negativos possíveis e a mulher do rock ser dada como “santa” e a de outros estilos, como o funk, ser “vulgar”. O próprio rock, nos áureos tempos, era favorável a exibição explícita do sexo, como forma de mostrar a repressão que a sociedade criava em torno do assunto. Mas hoje, infelizmente, isto sumiu.


Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.