Rock e machismo

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Espelho, espelho meu, existe alguma mulher no metal mais gostosa do que eu?

Terceira questão: valores femininos no rock

Rock, segundo seus fãs, tende a ser uma revolta contra um sistema. As pioneiras dentro do gênero colocavam alguns dos valores femininos, sobretudo por não se submeterem a um padrão “ideal” de beleza, mesmo que ainda fossem mulheres bonitas. Suas letras não versavam sobre os temas das bandas masculinas, fugiam muitas vezes da ideia de “tomar todas e catar todas as mulheres”. Não existia, evidentemente, um padrão “feminista”, mas o fato delas terem algo que não soasse machista já era um ganho muito grande.

Entretanto, as bandas com vocalistas femininas não possuem, salvo raras exceções, letras com apelo feminino. Artistas como o THEATRE OF TRAGEDY, durante seus áureos tempos, conseguiu criar músicas que soassem masculinas e femininas, com o disco Aegis falando sobre mulheres. Outras bandas também trabalharam isto, mas poucas, comparando com grupos de metal, cujas temáticas soam melancólicas ou masculinizadas demais. Grupos como EPICA, AFTER FOREVER, entre outros, estereotipam a mulher como a eterna sofredora, numa espécie de romantismo demasiado exagerado.

Não que isto seja exatamente um problema, não existe nada de errado em ter este tipo de coisa. Mas soa estranho demais bandas muitas vezes formadas por mulheres ou com mulheres como líderes fazerem suas músicas e suas composições sempre com um lado masculino exacerbado. O ARCH ENEMY, por exemplo, possui suas músicas fortemente masculinas, mesmo com a sua vocalista, de modo bastante direto, ser contra determinadas convenções para as mulheres no metal.


Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.