Shiva in Exile: Entrevista com Stefan Hertrich

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Entrevistamos Stefan Hertrich, ex-vocalista das bandas Darkseed e Sculpture, fundador dos grupos SpiRitual, Betray My Secrets e Shiva in Exile, além de autor de áudio-livros. Confira suas opiniões sobre música, natureza e outros assuntos interessantes.

GROUNDCAST Para começarmos a entrevista, por favor, nos conte sobre sua carreira como músico e como surgiu seu interesse em ingressar nela.

Stefan Hertrich Se voltarmos no tempo, não houve um começo ou uma inspiração para me tornar músico – eu mesmo não ouvia música antes da minha adolescência. Aprendi a tocar órgão quando era criança – não porque estava fascinado pela música, mas porque meus pais queriam. Hoje fico feliz que eles tenham se preocupado com a minha formação musical.

Então, quando me tornei adolescente, ouvi algumas músicas de heavy metal na rádio (que era de uma estação de rádio americana, pois no final dos anos 80 ainda tínhamos soldados americanos aqui na Alemanha, 40 anos após a Segunda Guerra Mundial). Essa música me tocou emocionalmente, e deve ser dito aqui o aspecto mais importante para me tornar um artista: Nunca fui uma pessoa que só queria se divertir com coisas fascinantes. Meu objetivo sempre foi e é o seguinte: Se alguma coisa me toca desta forma, quero criá-la no lugar de simplesmente consumi-la. Desde que me conheço por gente esta é a minha característica. Sempre em busca das coisas fascinantes do planeta e quando acho isto, faço uma “fusão” com esta coisa criando-a. Logo esta é a verdadeira razão porque me tornei um músico e agora também autor de livros espirituais de áudio. Se fosse fascinado por navios, talvez fosse começar a construir navios, haha.

GROUNDCAST Quais são as suas maiores influências?

Stefan Hertrich Em primeiro lugar, como dito antes, tudo que me fascine. Em segundo (e não menos importante), a própria energia que me motiva a ser cada vez criativo. Esta normalmente é, no meu caso, o clima. Mudanças climáticas (por exemplo, uma chuva de verão agradável uma brisa, os primeiros flocos de neve ou o grande aroma de outono) ou algumas montanhas impressionantes e árvores me estimular no processo. É muito sutil isto, não pode ser expressa com palavras concretas. Exemplo: Se eu ficar em casa por alguns dias, normalmente não encontro motivação para começar uma nova música. Mas depois de um passeio pela natureza, no início da manhã, meu humor e entusiasmo ressurgem.

Ah, e dormir muito. Não sou criativo cansado, então geralmente durmo de 7 horas e meia a 8 horas por dia.

GROUNDCAST Você foi um dos vocalistas do Darkseed durante o período que vai de 1992 até 2005. Como foi sua experiência na banda?

Stefan Hertrich Logicamente foi uma parte muito importante da minha vida, meu primeiro projeto criativo, durou muito tempo e foi bem-sucedido. Tirando isso tudo aconteceu numa época muito diferente de hoje. Gravar e vender fitas demo para as pessoas na rua, entrar em contato com metalheads de outras partes do mundo, isso foi muito emocionante, porque não havia internet e conversar com uma pessoa de outro continente era muito especial. Tocar em outros países, se divertir com os outros membros da banda, combinando com a criatividade. Sim, isto era uma coisa legal. Houve uma cena metal interessante naquela época, porque não era algo mainstream. Quando começamos talvez tivessem somente umas 4 ou 5 outras bandas de metal gótico em todo o país. Sendo assim, encontrar música nova era uma aventura e não apenas ficar clicando em alguns sites na internet. Estou feliz por ter experimentado este momento especial e sinto muito pelos jovens músicos de hoje que não podem mais viver este tipo de realização criativa da mesma forma que eu há 20 anos (Oh meu Deus, 20 anos: S). De qualquer forma, teve suas vantagens e desvantagens e a nossa década também tem muitas coisas boas para oferecer!

GROUNDCAST Por que você deixou a banda? Alguma razão em especial?

Stefan Hertrich Após os anos 90 a banda não progredia. Havia mais e mais bandas na cena, as vendas diminuindo por causa da internet e a cena metal não tinha o mesmo entusiasmo como no início dos anos 90… Contudo, aconteceram também coisas boas, como a tecnologia dos computadores cada vez melhor, oferecendo aos músicos novas possibilidades. Deste jeito percebi que “wow, há mais maneiras de ser criativo que apenas usar guitarras distorcidas!”. Fazer metal para o resto da minha vida não era mais tão agradável, pensava comigo mesmo e comecei a escrever outras músicas em outros estilos, como o Shiva in Exile. Há tantas coisas interessantes lá fora e depois de sete ou mais álbuns com o Darkseed vi o momento de descobrir essas novidades, mesmo se fosse preciso recomeçar do zero, sem fãs, sem o apoio da mídia etc. Não sou de fazer música me preocupando com vendas ou expectativas. Escrevo porque tudo isto precisa sair de mim. Então, partir do zero não era uma coisa frustrante, para mim “criar algo que quer sair de mim” é mais importante.

Há algumas semanas um cara de Porto Rico fez um remix de uma nova música do Shiva in Exile (http://www.youtube.com/watch?v=wy475fCFySY). Um de outro continente trabalha com a minha música em um gênero que eu mesmo não consigo definir, haha (é dubstep?). É isto que significa “haver tantas coisas interessantes lá fora”. Enfim, ainda amo todos os álbuns de metal que escrevi!

GROUNDCAST Todas as suas bandas / projetos têm uma forte influência da musica étnica, como o SpiRitual e Betray My Secrets. Desde quando teve interesse neste segmento mais “etno”?

Stefan Hertrich Desde o final dos anos 90, quando as possibilidades de composição com o computador melhoraram e descobri bibliotecas sonoras na internet, com toneladas de vocais étnicos e frases de instrumentos. É fascinante existem tantas possibilidades, você começa a se interessar em outros instrumentos. Flautas nativo-americanas ou do Oriente Médio, tantos sons completamente diferentes que criam estados de espírito completamente diferentes.

GROUNDCAST SpiRitual é um projeto que coloca elementos da música étnica de uma forma muito intensa, fugindo do chamado “folk metal”, combinando as melodias heavy metal com instrumentos étnicos. Como foi a concepção deste trabalho?

Stefan Hertrich Meu objetivo era criar um álbum que soasse como o álbum do Betray My Secrets, escrito em 1999. Foi nele a primeira vez que combinei metal com sons étnicos e as pessoas ainda gostaram muito. Assim, em 2005 ou 2006, tive a ideia de escrever outro álbum de metal étnico e o SpiRitual nasceu (não escrevi o álbum sob o nome Betray My Secrets porque o meu amigo Christian Bystron do Megaherz não podem participar integralmente do disco por falta de tempo).

GROUNDCAST Qual seu interesse por outras culturas? Existe alguma que goste mais?

Stefan Hertrich Varia muito. Há 10 anos estava interessado principalmente em culturas tão distantes e tão diferentes quanto possível. Há 5 anos era no Oriente Médio e agora procuro as raízes da minha própria cultura, o que significa tentar entrar no “clima” da cultura celta de 2000 anos atrás ou mais. Contudo, sem confundir com o celta clichê do cinema ou das bandas de folk metal – elas trabalham principalmente com os símbolos celtas e mitologia da Inglaterra, enquanto os celtas vieram originalmente da Áustria / Suíça / Baviera (sul da Alemanha) e também na Espanha / Portugal. Não significa que os celtas Ingleses são “menos verdadeiros” LOL. Falo apenas de nuances mais energéticas aqui, apenas diferenças naturais, devido às regiões e ao clima e estou principalmente interessado no que aconteceu aqui, na minha área. Regularmente visito antigos lugares celtas nas florestas locais, mesmo que não reste muito (mas só por saber que as pessoas viviam ali há 2000 anos , de alguma forma me afeta energeticamente).

GROUNDCAST Quando surgiu a ideia de formar o Shiva in Exile?

Stefan Hertrich Na verdade muito cedo. O nome da banda já me veio à cabeça em 1996 ou em 1997 e durante esse tempo já comecei a experimentar com música sem guitarras (no entanto, meu teclado era muito ruim e era barato, haha). Então comecei 6-7 depois, com melhores condições técnicas.

GROUNDCAST Como foi trabalhar com o renomado estudioso Christian Raetsch, conhecido por seus estudos em antropologia e história?

Stefan Hertrich Muito legal, porque ele era o primeiro “esquisito” que conheci (considerando que agora eu sou um “esquisito” também, haha). Fui contatado em 1999, porque Christian gostou do meu CD com o Betray My Secrets e queria escrever sobre isso em um de seus livros. Então começamos com telefonemas e conversas por carta, era sempre interessante ouvir o seu ponto de vista sobre as coisas. Eu sabia que ele viajou muito e fez gravações em florestas tropicais e de alguns rituais xamânicos. Pedi para me enviar algumas delas para usá-las no Shiva in Exile. Algumas foram para o álbum “Ethnic” e também para a canção “Soulgate Open” , fazendo parte da trilha de fundo do site do SpiRitual e da seção multimídia do disco (e também como faixa bônus no relançamento do “Ethnic” ).

GROUNDCAST Há diferenças muito grandes entre os dois discos do Shiva in Exile. Como foi o processo de criação e concepção de cada um deles, uma vez que soam como parte de uma mesma banda, mas mesmo assim, são diferentes.

Stefan Hertrich Penso que cada disco étnico sem guitarras soará como o Shiva in Exile, pois simplesmente sera escrito por mim e eu não sou um músico muito bom, haha. Muitas músicas soam parecidas porque é o melhor que consigo fazer. Qual a razão de fazer muitas canções diferentes se as pessoas apenas escutam umas três boas músicas? Então, muitas das minhas músicas têm uma sonoridade “parecida” e elementos similares, mas soam diferentes (para exemplificar a sua comparação entre o “Ethnic” e o “Nour”) porque o contexto cultural é diferente. O primeiro disco é mais, como posso dizer, “étnico”, enquanto o outro é mais focado no Oriente Médio e, por isto, possui melodias e instrumentos desta região. E o próximo disco, “Origin”, será completamente diferente e ainda soará como Shiva in Exile simplesmente por ter sido feito por mim.

GROUNDCAST Como surgiu a ideia de convidar Yana Veva do Theodor Bastard?

Stefan Hertrich Uma gravadora russa a recomendou e, depois que escutei algumas músicas da sua banda, sabia que “seria ela”. LOL. Ela cantou em duas músicas do SpiRitual (“Nahash” e “Nowhereness“) e como o trabalho correu bem, decidimos fazer um disco inteiro juntos, o Nour. Escrevemos outra música juntos algumas semanas atrás, você pode encontra-la aqui: http://www.youtube.com/watch?v=k-t5UEZPRaM

GROUNDCAST A cena musical, em diversos segmentos, tem experimentado uma grande falta de criatividade, com bandas soando exatamente iguais. Como você avalia este problema?

Stefan Hertrich Acho que não é um problema como um todo, simplesmente porque, com a tecnologia, com todos os bons computadores, todo mundo pode fazer música. Você não precisa aprender um instrumento por cinco a dez anos, mas pode começar a escrever música mesmo assim, apenas inspirado pelas bandas que curte. Então muitos artistas não têm experiência suficiente para compor algo completamente único. De alguma forma seus artistas favoritos se tornam um tipo de “guia” em seu próprio processo criativo e isto é legal. Claro, muitas bandas não soam únicas, mas o mais importante é que vivemos em um tempo onde todos podem ser criativos, usar seu tempo com arte no lugar de beber ou de outras coisas. É algo fantástico em nosso tempo moderno! Todos são capazes de criar uma boa música, sendo única ou não. Isto não importa tanto quanto a onda criativa desta música, porque isto é o que se quer criar. É ser honesto e é a pura arte. J

GROUNDCAST Segue alguma religião?

Stefan Hertrich Minha religião é encontrar a mim mesmo e a verdade sendo criativo, pelo descobrimento de todos os aspectos do mundo que me fascinam e transformando-os com minha arte. Amo ler livros sobre espiritualidade, normalmente escritos por livres pensadores como Neale Donald Walsch, Eckhart Tolle, Esther Hicks e outros, falando somente dos mais conhecidos. Mas não sigo uma determinada religião e também não espero solução de qualquer religião e nem de algum livro espiritual. Minha solução é sempre arregaçar as mangas e resolver meus problemas agindo. Não pensando ou acreditando naquilo dito pelos outros.

Se há um conceito religioso ou espiritual próximo aos meus pensamentos, é a Antroposofia (não confundam com Antropologia!)

GROUNDCAST Algo que sempre pergunto é com relação ao compartilhamento de mp3. Qual sua opinião sobre isto? E em países como o Brasil, cujos discos podem custar até quatro vezes o valor original? Eu mesmo só conheci seu trabalho pela internet.

Stefan Hertrich Foi um passo necessário para o mundo, mesmo que tenha machucado os artistas. Por que? Porque a arte deveria seguir este conceito: Faço o que quero fazer, pois tenho habilidades para tal, para eu e os outros desfrutarem. Sem nenhum benefício material. Se alguém pode pagar por isto, muito bom. Se não, continuarei fazendo porque quero fazê-lo. Olhe para nosso mundo: mais e mais pessoas estão desempregadas. Em alguns países europeus mais da metade dos jovens abaixo dos 25 anos estão sem trabalho. Por quê? Porque nosso conceito de “vá trabalhar por oito horas ao dia e volte para casa e compre coisas” não funciona mais. Estamos vivendo no século 21 e temos muitas invenções tecnológicas – máquinas assumindo o nosso lugar e fazendo nosso trabalho – e, com isto, não precisamos mais trabalhar tanto. A razão de continuarmos assim é que nosso sistema financeiro é ruim, pois teoricamente não precisaríamos trabalhar mais que algumas horas. Então por qual razão o mundo ainda se parece com o de vinte anos atrás? Então mais pessoas estarão nas ruas e terão algumas poucas opções: começar a beber, morrer de tédio ou começar a fazer alguma coisa não-material que não envolva muito dinheiro. E há duas coisas legais nisto, duas coisas que nunca te deixarão entediado e que não custa muito: a arte e a espiritualidade, que significa ser criativo e descobrir a si mesmo e a vida. Haverá então mais artistas do que hoje e alguém para comprar toda esta produção? Então, a longo prazo, gastar dinheiro com arte não faz muito sentido, infelizmente (na perspectiva do artista).

E você pode perguntar: “Certo, e como as pessoas irão sobreviver?” O mundo precisa de um novo conceito, chamado de “renda básica incondicional”. Isto quer dizer que você tem que nascer com dinheiro suficiente para sobreviver. E então pode questionar a razão das pessoas ganharem dinheiro para não fazer nada e respondo como uma compensação por não ter nenhuma propriedade. Veja quão grande é nosso mundo e quantos possuem sua própria terra, apenas uma pequena porção de terra. E se eles a tem, precisam trabalhar para mantê-la durante toda a sua vida. Não falo de uma cidade grande, mas muitas pessoas não tem sua casa própria com um ou dois cômodos. É completamente ridículo, pois comparativamente, na natureza, todo o animal tem um ninho, caverna ou qualquer coisa onde possa viver. Mas a maioria de nós, humanos, não tem, pois outra pessoa possui e você tem de pagar aluguel a ela. Esta é uma condição não natural e que precisa mudar.

Você ainda pode dizer que esta “renda básica incondicional” é um conceito utópico, mas não tem alternativa. Mais e mais pessoas estão ficando desempregadas por não ter mais trabalho. Teoricamente poderíamos viver num paraíso. A razão para não acontecer está na manutenção deste velho sistema, onde a riqueza está concentrada no dinheiro e não é compartilhada com as pessoas.

Então, de volta ao compartilhamento de arquivos, isto é parte do conceito. Se você quer fazer, faça aquilo que faz melhor e deixe os outros apreciarem. Dê aquilo que você quer e pode dar e receba aquilo que te derem. E não “trabalhe X horas em um emprego que você não goste para ganhar uma quantia Y por isto”. Mas creio que as pessoas não deveriam só tomar, mas também dar. Muitos que compartilham apenas tomam e consomem e não cria nada e dá de volta. Fazer ambas as coisas é importante. 😉

E sempre estou pronto para viver deste modo: trabalhando algumas horas por dia (como um tradutor de jogos) para cobrir minhas despesas (não são tão altas, pois não tenho um carro, nem o celular mais moderno, IPad ou qualquer coisa do tipo) e uso o resto do meu tempo com a minha arte, colocando-a no YouTube e ficando feliz se as pessoas gostam do que faço e também por fazer aquilo que gosto. E se alguém paga por isto – especialmente pelo meu áudio-livro em alemão (porque o público é mais velho e tem mais dinheiro) – então estou feliz também. J

Muitos compram do meu site pagando mais que pagariam no Amazon ou outras plataformas (meu sistema de preços é “dê aquilo que você quer dar”). A cena espiritual já começa a viver este conceito e permite aos outros darem pelo produto aquilo que podem. Alguns deles não têm muito e podem apenas pagar cinco euros (mas então pedem desculpas por estarem sem dinheiro ou desempregados, por isto não podem dar mais), mas teve uma pessoa que pagou 200 euros em três áudio-livros!

GROUNDCAST Está trabalhando em algum novo projeto?

Stefan Hertrich Estou trabalhando no terceiro disco do Shiva in Exile, cujo nome será “Origin”, além do meu segundo áudio-livro “Wenn der Wald spricht” (Quando a floresta fala, em alemão) e experimentado com outros gêneros musicais apenas por diversão.

GROUNDCAST Conhece alguma banda brasileira?

Stefan Hertrich Infelizmente não, me desculpe. O Brasil é muito longe haha.

GROUNDCAST Quando teremos um novo disco do SpiRitual e do Shiva in Exile?

Stefan Hertrich Eu realmente não quero fazer outro disco do SpiRitual e não tenho ideia de quando sairá o terceiro disco do Shiva in Exile. Entretanto, colocarei cada música nova no Youtube tão logo a escreva, então olhem meu canal: www.youtube.com/stefanhertrich

GROUNDCAST Muito obrigado pela oportunidade, senhor Hertrich. Agora é com você, deixe uma mensagem para os leitores do Groundcast.

Stefan Hertrich Espero que não tenham dormindo com minhas respostas longas, haha. Bem, talvez alguns de meus pensamentos possam inspirá-los a fazer algo criativo! Todo mundo é um artista!

Links Relacionados

http://www.myspace.com/ethnogothic

http://www.shiva-in-exile.com/

http://www.spi-ritual.com/spi-index.phtml

http://www.myspace.com/betraymy

http://www.wald-hoerbuch.de/

http://www.youtube.com/stefanhertrich


Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.