Sylvaine: Confira entrevista exclusiva

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SYLVAINE é uma “one woman band”, tocando todos os instrumentos e cantando. Seu primeiro disco, “Silent Chamber, Noisy Heart” é todo cheio de canções sombrias e com emoções, trazendo uma beleza única e sensacional. Entrevistamos a artista para o Groundcast e você pode conferir agora.

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É uma honra para nós te entrevistar, Sylvaine. Para começarmos a entrevista, poderia nos contar um pouco sobre você? Quando e por que você decidiu se tornar musicista?

Desde criança vivi cercada por música. Minha família e meus pais trabalhavam no ramo da música e eram também músicos,  então entrei neste mundo bem cedo. Na adolescência eu sabia que pela música eu poderia expressar meus sentimentos que de outra maneira eu não conseguiria. Comecei a escrever minhas letras e a experimentar o piano, que era o instrumento que eu usava para fazer as melodias e, passo a passo, comecei a tocar todos os instrumentos e a evoluir meu estilo. Desde então eu nunca me questionei sobre o que eu queria fazer da minha vida. Sabia que precisava fazer música e comunicá-la para estar completa.

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Quais as suas influências e inspirações?

Usoi minha música para processar sentimentos e conflitos dentro de mim mesma, pois tenho problemas de expressá-los com palavras. A dualidade entre a felicidade e a tristeza, o mundo exterior contra meu mundo interior, bem como a entre a natureza e a urbanidade, todos estes assuntos podem ser incluídos como influências da minha música. Outras fontes de inspiração são outras músicas, arte, natureza, literatura, lugares bonitos visualmente etc.

Não é comum bandas de uma mulher só, pois as pessoas pensam que (geralmente) a mulher não pode ser guitarrista, baixista, baterista, entre outros. Você já enfrentou algum tipo de preconceito por não ser apenas uma “voz angelical” ?

Sim, é estranho como isso funciona, não é? Acho que mulheres estão mais presentes na música hoje em dia, então lentamente as coisas estão ficando mais equilibradas. Por vários anos estive em diversos projetos e enfrentei este tipo de estereótipo preconceituoso que você mencionou. Nunca fui muito auto-confiante quanto entrei para a música, então se eu soubesse que este era o caminho a ser seguido, então, depois de um tempo, vi que enquanto eu tocasse todos os instrumentos, seria o bastante para a minha música., Posso não ser a melhor com todos os instrumentos que toco, mas consigo controlar o que eu expresso com eles. Afinal, é isto o que importa para mim.

Você vem da Noruega, terra de cantoras importantes como Kari Rueslåtten e Liv Kristine. Você acha que elas são inspiração para qualquer musicista?

Elas não têm tanto destaque no cenário musical norueguês atual. Na verdade ,para ser  honesta contigo, não sou uma grande fã de qualquer uma delas, mas tenho certeza que há muitas mulheres fora da Noruega que se inspiraram muito nelas.

 Como você descreve sua música?

Sempre gostei da mistura da música pesada e das melodias delicadas e muito dos aspectos etéreos, então é isto que eu tento fazer na minha música. O foco é nas emoções e nas atmosferas, pois creio que música é sobre emoções. Tenho também um amor pelas melodias e gosto de incluir sons mais graves para realçar as camadas mais etéreas de fundo. É sempre uma coisa difícil descrever sua própria música, então diria que deixo aos ouvintes decidirem qual o gênero das minhas canções.

 Por que você decidiu ter um projeto solo? Já pensou em escolher músicos para compor uma banda?

Há alguns anos eu estava tocando em várias bandas, assim como fazia os meus projetos, mas no ano passado percebi que precisava fazer alguma coisa que fosse mais pessoal para mim, onde poderia “colocar a mão na massa” em cada aspecto. Foi uma escolha natural e o tempo para eu começar meu próprio projeto solo. Futuramente penso em trazer outras pessoas para o projeto, como membros ou convidados, mas agora estou feliz em poder expressar o que eu preciso por mim mesma. Ao vivo, incluirei três ou quatro pessoas para ter uma banda, que é o formato que prefiro para minha música.

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Você mora na Noruega e na França. Estes países trazem alguma influência na sua música?

São dois locais completamente diferentes, então pego inspiração de diferentes impulsos que eles trazem. Uma das minhas maiores inspirações é a natureza,  então a Noruega é perfeita para isto.  Andar no meio da floresta é uma experiência espiritual, que limpa tanto a mente quanto o corpo. Paris tem um calor e uma beleza muito granes, com sua arquitetura e arte,, o que é bom, pois sou uma pessoa muito inspirada visualmente. Muito do “Silent Chamber, Noisy Heart” foi composto em Oslo e muito do meu próximo disco foi escrito em Paris. Então, para ser honesta, eles funcionam bem e se equilibram,.

 Uma música do “Silent Chamber, Noisy Heart” é uma versão do poema “Il pleure dans mon Coeur” do Verlaine. Por que da escolha deste texto de um escritor francês? Você gosta de literatura?

Sempre amei literatura, especialmente poesia. Ela inspira muito a minha música, então pareceu mais correto usar ao menos um poema como letra de uma das composições de “Silent Chamber, Noisy Heart”. Alguns dos meus autores favoritos são franceses, entre eles Paul Verlaine e Charles Baudelaire, então parecia natural usar um poema de um deles nesta canção. Também amo a língua francesa e o sentido por trás deste poema que se encaixa perfeitamente com a temática do álbum.

Você foi a banda de apoio na turnê sul-americana do Alcest. Como foi esta experiência? (E por que cargas d’água você não tocou no Brasil? hehehehehe)

Haha, sim, fico realmente chateada por não ter conseguido tocar no Brasil! Isto aconteceu porque os dois shows foram em festivais e as bandas já estavam agendadas com antecedência, então quando decidiram que eu iria junto com o Alcest como banda de apoio, as contas do festival já estavam fechadas; Espero que eu possa voltar aí logo, pois eu amaria tocar para vocês no Brasil. Vocês estão entre os melhores públicos que eu já conheci. Nunca imaginei que minha primeira turnê seria na América do Sul, apoiando uma das minhas bandas favoritas, por isso, mesmo antes de sair, eu estava muito animada. Os shows foram maravilhosos e o público foi muito receptivo e caloroso. Não poderia ter pedido por um começo melhor! E foi uma experiência incrível que me lembrarei muito, muito tempo. Todas as pessoas com quem trabalhamos fizeram um trabalho maravilhoso e, lógico, os caras de Alcest são muito gentis e fofos, por isso  fazer parte desta turnê foi um prazer muito grande.

Há alguma possibilidade para uma turnê  solo como banda de apoio?

Não há nada planejado no momento, mas com certeza farei shows em breve. Ano que vem vou começar a se concentrar na parte ao vivo do projeto, mas por enquanto, estou focando no lançamento do primeiro álbum e  começando a gravação do segundo álbum. Ocupada, em outras palavras, mas amo tudo isto.

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Normalmente eu pergunto aos músicos sobre o compartilhamento de mp3. O que pensa sobre isto? Acha que serviços como Spotify e Deezer são o futuro na briga contra o compartilhamento ilegal?

É uma boa pergunta. Não estou realmente certa de como vamos lutar contra este hábito social que é o compartilhamento ilegal, que eu pessoalmente não apoio. É muito frustrante como um artista ver que as pessoas gostam da sua arte, seja música ou visual, mas não querem pagar por ela. No fim das contas, é um trabalho como qualquer outro, então por que não os criadores não podem ter a sua parte nisto? Muitos dos serviços de streaming pagam um percentual tão baixo para o artista que a maioria ganha nada ao ter suas músicas incluídas em seus catálogos, exceto se forem bandas ou artistas grandes. Então, respondendo sua pergunta, não, não acho que esta é a resposta para nossos problemas atuais, a menos que os serviços de streaming mudem seus modelos de negócio.

 

O que anda ouvindo ultimamente? Poderia nos dar algumas sugestões?

Tenho ouvido muito do convencional dentro do dreampop/shoegaze/post-punk, como SLOWDIVE, THE CHAMELEONS, COCTEAU TWINS, THE CURE etc. Tenho também ouvido muito uma banda chamada LYCIA, que é um grande grupo de darkwave que eu poderia recomendar para quem curte uma música mais etérea e gótica. O disco “Cold” tem uma sonoridade muito boa, vocês deveriam conferir! Poderia recomendar algumas bandas mais modernas que eu amo, como HAMMOCK, A THE END OF THE OCEAN, EXPLOSIONS IN THE SKY, 40 WATT SUN, SOROR DOLOROSA e MONO.

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Você conhece alguma banda brasileira?

Sei que uma das mais famosas dentro de metal é o SEPULTURA e a banda brasileira que tocou no Overload com ALCEST , o LABIRINTO, fora isto eu sou um bocado ignorante da cena brasileira, infelizmente… Entretanto, estou familiarizada com a música latina do Brasil e da América do Sul, que eu gosto muito do aspecto ritmíco.

Preciso agradecer por esta entrevista, Sylvaine. Espero que possa vir de novo aqui para o Brasil. Então, deixe uma mensagem para os nossos leitores.

Foi um prazer dar esta entrevista. Muito obrigada pelo seu interesse no meu projeto. Para todos os leitores do Groundcast e meus fãs brasileiros: muito obrigada pela receptividade e apoio. Vocês não fazem ideia de quanto isto significa para mim. Espero que gostem da entrevista e que eu possa vê-los em turnê logo! Abraços.

Links relacionados

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Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.