Vou ser bem franco com vocês: este ano de 2013 me decepcionou muito em termos de grandes lançamentos. Seja por bandas que eu gosto lançando material muito ruim (H.I.M., Black Sabbath, Megadeth) até bandas ruins lançando material pior ainda, como o Ghost, sem contar as novas promessas do metal, como o Powerwolf. Enfim, eu creio que, dentro do metal em geral, o ano podia ter sido melhor. Mas, em contrapartida, tivemos bons lançamentos de grupos mais fora do mainstream e coloco aqui o que eu mais ouvi neste ano.
Jesu – Everyday I Get Closer To The Light From Which I Came
Jesu é a coisa mais linda criada pelo talentosíssimo Justin K Broadrick. O que dizer de um disco atmosférico, fora do comum, mesclando post-rock, metal, shoegaze, numa combinação que eu não escutava desde o Opiate Sun, de 2009. É um dos discos mais fantásticos que ouvi este ano, perfeito em todos os sentidos.
Ulver With Tromsø Chamber Orchestra – Messe I.X-VI.X
Ulver é um daqueles grupos que não faz nenhum trabalho ruim, sobretudo pelo seu descompromisso em fazer discos comerciais. Ainda bem, pois somos contemplados com este disco maravilhoso, com uma pegada mais progressiva que os anteriores.
God Is An Astronaut – Origins
Em seu novo trabalho o God is an Astronaut apresenta uma sonoridade muito madura, com influências de breakbeat, rock progressivo, rock setentista, rock alternativo, post-punk e aliada a uma beleza rítmica e melódica muito boa, sem cair na mesmice das bandas de rock mais comerciais. Seu som é bem acessível, mas não é monótono ou previsível.
VICTIM! – Lacuna
Idealizado por Kadu Tenório, do excelente projeto Sobre a Máquina e disponibilizado gratuitamente pelo selo Sinewave, Lacuna é uma daquelas coisas que não é para o grande público. Power Electronics abrasivo, ácido e destruidor, com uma melodia industrial de encher os ouvidos, com uma excelente produção, trazendo dentro de si o germe da decomposição humana.
Mesh – Automation>>Baby
Este lançamento somente ficou ofuscado pelo novo disco do Depeche Mode (que, até a data da publicação desta lista, ainda não fora ouvido por este que vos escreve). E é uma pena ter aparecido pouco, sobretudo por ser um clássico moderno do synthpop, com músicas dançantes, grudentas, mesclando muito bem melodias de pop, dance e até mesmo de rock. É um sucessor muito digno para o disco anterior, An Alternative Solution.
Corrections House – Last City Zero
O que dizer do dream team do metal torto? Com Sanford Parker (Buried at Sea, Minsk, Twilight, Circle of Animals, The High Confessions), Scott Kelly (Neurosis, Tribes of Neurot, Violent Coercion), Bruce Lamont (Bloodiest, Circle of Animals, Yakuza) e Mike IX Williams (Eyehategod, Arson Anthem, Outlaw Order), é claro que não poderia dar errado. É um disco de doom metal diferente de tudo que você já ouviu, sobretudo por mesclar avant-garde, sludge, hardcore, Industrial e drone. Vale como experimento sonoro a musicalidade dura, agressiva, pesada e densa deste super grupo.
Deventter – Empty Set
Quem disse que o Brasil não pode ainda ser criativo dentro da cena metal? Empty Set, que eu já resenhei aqui, é um disco soberbo, com uma produção impecável. É daqueles que o brasileiro fã de música underground deveria ter orgulho de colocar para ouvir e bater no peito com orgulho. É uma grata surpresa dentro de um cenário onde as bandas têm privilegiado mais coisas como thrash anos 80 ou turnês comemorativas de grandes discos, uma vez que os atuais estão ruins.
Psychofagist – Songs of Faint and Distortion
Este também vem com um pesar tremendo, porque o grupo encerrou as suas atividades recentemente. É uma pena um dos trabalhos dentro do metal mais criativos, mesclando com maestria jazz, grindcore, death metal e noise. Além de uma musicalidade bastante desconcertante, era certo que a banda não faria um som comum, clichê ou alguma coisa do tipo.
Satanique Samba Trio – Bad Trip Simulator #3
Quem disse que música brasileira não combina com experimentalismos? E isto dá samba, dá forró, dá qualquer ritmo brasileiro possível e imaginável. Junte aos nossos ritmos brasileiros a dissonância, o atonalismo, a música concreta, o jazz, mesclando por um lado a precisão e a técnica do rock progressivo com o caos e a improvisação do jazz. É uma música acessível e ao mesmo tempo de difícil digestão, sendo uma mescla muito legal de contradições sonoras.
Icecocoon – Deepest Crystal Black
Recebi a pouco tempo este trabalho via e-mail e de cara já digo o quão magnifico é este trabalho. Apenas isto já define pouco o disco, uma vez que ele tem elementos sonoros tão diferentes da atual leva do metal saudosista. Com fortes influências em grupos como Katatonia, Paradise Lost, Type O Negative, com pitadas de gothic rock, alternative rock e um pouco de hard rock, o trabalho encabeçado por Owen Gillett chama a atenção por ser excelente em tudo. Vale até frisar que em 2014 este possa ser um grande grupo e um nome forte dentro do metal.
Promessas para 2014
Estes discos estão prometidos para o ano que vem e espero mesmo que sejam muito bons.
Alcest- Shelter
Iced Earth – Plagues of Babylon
Hortus Animae – At The End Of Doomsday
Sunn O))) / Ulver – Terrestrials
Godflesh – A World Lit Only By Fire
Empyrium – The Turn Of The Tides
Klimt 1918 – Die Sentimentale Jugend
Blut Aus Nord – Memoria Vetusta III – Saturnian Poetry
Primeiro disco full do Last Leaf Down
Novo disco do The Cult
Novo disco do Tool