Irij ‎– Same Zgode… …Koje Se Ne Mogu Dogoditi! (2014)

2 min


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Irij - Same Zgode... ...Koje Se Ne Mogu Dogoditi!

1.            Same Zgode… (3:14)

2.            Nevenko (3:26)

3.            I (3:44)

4.            Shades Of A Kingship (3:01)

5.            …Koje Se… (1:03)

6.            Irudica (4:41)

7.            II (4:08)

8.            Nights From Jadera (2:55)

9.            Izvir Voda (3:33)

10.          …Ne Mogu… (1:06)

11.          Discipline Of Fire (3:40)

12.          A Farewell To Many (2:51)

13.          …Dogoditi! (17:55)

Meri Tadić deixou o grupo de folk metal Eluveitie para seguir em carreira solo. Contudo, já existia um registro de seu trabalho solo, o ep “Irij”, lançado no ano de 2009. Confesso que meu primeiro contato com este disco full foi, no mínimo, inusitado. Esperava, como acontece com 99% dos trabalhos de ex-músicos de bandas de metal que engrenam em outras sonoridades uma emulação barata sem guitarras do que faziam em outras bandas. Por sorte, o Irij pertence ao 1% que se engrenam numa outra vertente e exploram sim a sonoridade nova, sem ligação com o metal.

Existe uma grande ênfase no violino, instrumento que Meri tocou durante muito tempo na sua ex-banda. Mas não espere um folk tocado como se fosse uma banda de metal. Ela se arrisca na sonoridade ethno e eslávica, mesclando com a modernidade da música eletrônica. Indo até mesmo para a World music e pincelando um pouco de tribal fusion. Isto tudo soando de forma orgânica e ritmada, sem parecer forçado ou mesmo entediante.

É notória a influência de Azam Ali nas músicas, o que não é, de forma alguma, demérito para o trabalho. É música para dançar, para mexer o corpo e entrar em sintonia com o movimento das notas. “Same Zgode…” tem um começo bem melancólico e uma base eletrônica que irá aparecer em quase todas as outras músicas, com pequenas variações. “Nevenko” junta o folk inglês com a música eslava e uma forte batida eletrônica. É muito semelhante ao Niyaz, projeto eletrônico da Azam Ali, com uma proposta bastante elegante. “I” tem um começo acústico, acompanhado da mesma batida eletrônica, mas mais lenta, quebrando a sequência de músicas agitadas, para ser seguida de “Shades Of A Kingship”, um trip-rock que fica no meio termo entre o Portishead e o Curve. É uma música bonita, com pausas e uma atmosfera mais lounge em alguns momentos. “…Koje Se…” é um interlúdio instrumental, preparando o ouvinte para a canção seguinte, “Irudica”. É folk rock no melhor estilo inglês, com uma bela introdução acapella, sem elementos eletrônicos evidentes.

Continuando com o folk rock, “II” conta com a participação de Joža Tadić, irmão de Meri. É uma combinação muito bonita, com algumas nuances de dark folk e música erudita. “Nights From Jadera” também quebra a levada folk, trazendo de volta as batidas eletrônicas e o violino, além de um pouco de rock e voltando ao folk em “Izvir Voda”, uma canção acústica, meio dark folk, meio folk rock. “…Ne Mogu…” é um pop/ethno com uma batida eletrônica forte e marcante, com base no violino e um final bem seco. “Discipline Of Fire” retorna à combinação folk/eletrônico e um pouco de rock e trip-hop, com várias mudanças de ritmo inusitadas ao longo da música e até mesmo um final bem synthpop. “A Farewell To Many” se embrenha no folk irlandês, antes de encerrar o disco com “…Dogoditi!”, que, bem, é complicada de definir. Talvez seria algo como um synthpop misturado com música ethno e trip-hop. É bem o que já foi feito com muita competência pelos russos do Theodor Bastard, mas de maneira única e genial. E até existe um espaço para o metal no fim da música.

O saldo final é que temos um excelente material, muito diferente para o gosto dos fãs de metal. Se você espera ouvir aqui alguma coisa que relembre o Eluveitie, procure outro disco. Aqui existe pop, folk, trip-hop e muita música ethno. E tudo isto muito bem vindo.


Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.