Por João Messias Jr.
Muitas vezes quando estamos num show e vemos determinada banda se apresentando e os músicos em alguma parte do espetáculo dizem para que quem gosta que compre o álbum, pois uma banda underground depende desse tipo de renda para pelo menos empatar com os custos, visto que viver de heavy metal no país, à exceção de grupos como Krisiun e Sepultura é algo utópico.
Aqui em São Paulo, um grupo que se fosse visto por mais pessoas seria uma banda que estaria no mínimo no circuito de turnês pelo país e exterior. Sim, a música do grupo formado em 2011 e contando com Henrique Gordilho (voz e guitarra), Nicolas Aqsenen (guitarra), Deyvis Santana (baixo), Caio Gaona (bateria) e Tato Quilici (percussão) lançou em 2013 o álbum Rise, que está disponível nos formatos virtual e físico, este último necessário para que uma banda que está na estrada.
“Os CDs não foram feitos pensando apenas nas vendas, que realmente não são como as de antigamente. Também disponibilizamos o download gratuitamente. Para conseguirmos apoio, ainda é necessário o envio do material físico. Acreditamos que ser um artista do ramo da música vai além de fazer apenas algumas gravações em estúdio e distribuir o material online. Há a preparação do encarte, fotos e toda uma identidade própria da banda que dá cara a essas músicas quando estão nas mãos do fã. É uma arte múltipla, que transcende o som.” afirma o baixista Deyvis Santana.
Transcedência é a mistura de sons, ritmos e texturas que temos em Rise, que une de forma homogênea o peso das batidas tribais, afinações baixas e muitos ingredientes que fizeram do hard rock um estilo cultuado pelos fãs de rock e metal. Mas o barato do álbum é que tudo surge de forma espontânea. “A ideia sai de um riff principal, que até então não sabemos em qual lugar da música usar. Alguns trechos de letras e melodia para refrãos também aparecem. Vamos tocando em cima até fechar um instrumental. Após isso, concluímos a letra e os detalhes instrumentais e de outras vozes.”, completa Deyvis.
Apesar de tudo o CD saiu de forma independente, alternativa mais barata que as bandas encontram para lançar seus trabalhos com maior dignidade. “Enviamos algumas demos para gravadoras brasileiras e não obtivemos resposta na maioria dos casos. Então, resolvemos tirar do bolso, produzir e trazer esse álbum pra realidade do mesmo jeito. Assim, podemos correr atrás de apoio internacional, o que sempre foi mais comum nas bandas grandes brasileiras. Vendemos a um preço bem acessível para que os fãs do mundo inteiro possam comprar sem sofrer com o frete”, completa o guitarrista Nicolas Aqsenen.
Com o CD na mão, o próximo passo, ainda mais se tratando de um lançamento independente, são os shows. Tarefa de certa forma ingrata, pois devido ao baixo público nos espetáculos de música autoral, a maioria dos produtores/donos de casas preferem investir em grupos de cover ou tributos. “Tocamos alguns covers em nosso show, deixando as músicas com as nossas cara e nossa pegada tribal. Nossos sons próprios costumam ser muito bem recebidos nos locais nos quais tocamos e estamos sempre ouvindo palavras de incentivo nos shows”, completa o baixista.
Essas são dificuldades que cerca de 90% das bandas novas enfrentam, independente do talento e estilo, que só são vencidas com muita perseverança, amor e teimosia, pois infelizmente a cena nacional, apesar da boa vontade de algumas casas de show, produtores, selos, assessorias e fãs, tem muito o que caminhar para chegar ao patamar de cenas como a da Europa. Mas o UnblackPulse é um daqueles grupos que nos fazem acreditar que a nossa missão embora seja árdua, é possível de conseguirmos reverter essa situação desfavorável.