O Solifvgae é um projeto que eu vi nascendo e crescendo paulatinamente. Formado pelo Vitor Coutinho, um dos nossos colaboradores, junto com Vitor Teixeira e Bruno Rodriques, traz um gênero que é convencionado como “post-black metal”, ainda pouco comum por estas terras. E fazer uma resenha deste disco é necessário, preciso e, acima de tudo, para que as bandas daqui se inspirem a buscar outras sonoridades.
Nota-se a nítida influência da fase antiga do Alcest, com um black metal fortemente marcado pela escola norueguesa, com uma musicalidade tétrica, repetitiva e ríspida, aliada ao shoegaze e um baixo bem marcado, algo raro nesses tempos de valorização do barulho estridente de guitarras e de baterias na velocidade da luz. Neste disco nota-se que elas foram muito bem empregadas, sem excessos.
As linhas de guitarra pendem ora para o black metal, ora para o heavy metal, dada a sua limpidez e melodia, com partes acústicas no violão e também alguns momentos mais morosos, trazendo uma verve mais sentimental ao disco. Até umas influências de krautrock podem ser notadas em faixas como Submerge//Emerge, talvez influência do Wolves in the Throne Room em Celestite.
Não importa o rótulo que se dê ao disco, é um trabalho interessante, bem produzido, bem arranjado. A única ressalva que eu faço é a de que poderia, dado o que nos é apresentado nas músicas, ousar um pouco mais nas influências, uma vez que algumas faixas tendem a soar parecidas em alguns momentos. Mas tem identidade, não soa como uma cópia de grupos como Deafheaven (ainda bem) e muito menos como Liturgy (talvez só em Pathway, mas nem tudo é perfeito). Vale a audição, sobretudo por se tratar de um grupo independente, nacional e que merece reconhecimento.