Hoje é dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher e a gente aqui no Groundcast não está vendendo nada, não tem nada para colocar aqui de chamativo, mas elegemos dez mulheres que fizeram e ainda fazem a diferença no mundo da música. São pessoas importantes, que precisam ser conhecidas, com trabalhos e contribuições que vão além de uma cara bonita.
Cosey Fanni Tutti
Nascida como Christine Newby, é uma das pioneiras da música indústria participando do Throbbing Gristle. Também participou do COUM Transmissions, grupo dedicado à prática do Fluxus e de arte não-convencional, além de performances bastante impactantes. Tem uma longa carreira no campo das artes performáticas, da pornografia, além de possuir uma carreira solo bastante interessante.
Mayuko Hino
Ex-atriz pornográfica, atuante no grupo de japanoise C.C.C.C., tendo tanta importância para a cena japonesa quanto o Merzbow e o Incapacitants. Enquanto o C.C.C.C. era ativo, fazia performances com strip-tease e cenas de bondage, integrando-se com a natureza destrutiva e o ruído das apresentações, além de participar como musicista experimental.
Azam Ali
Azam Ali é uma iraniana de descendência americana, famosa pela sua carreira como cantora e musicista em projetos musicais como Vas e Niyaz, além de sua carreira solo. Ela também toca instrumentos exóticos oriundos da cultura persa e árabe, tais como Riq (uma espécie de tamborim, empregado na música árabe), Daf (tambor persa, outrora muito empregado em cerimonias religiosas) e o Tanpura, um longo instrumento de cordas utilizado na música indiana, muito utilizado para a criação de drones ou melodias de sustentação).
Yuki Murata
Uma das coisas mais legais do post-rock e do post-metal é que faz pouca diferença se você é homem ou mulher, uma vez que num grupo todo mundo tem um papel importante. Com Yuki Murata não seria diferente. Integrante do grupo Anoice, ela estudou diversas formas de piano no Japão, na França e no Canadá, além de ganhar muitos prêmios em apresentações como pianista clássica.
Wendy Carlos
Pra gente aqui no Groundcast mulher é mulher independente se nasceu com vagina ou com pênis. E Wendy Carlos é a primeira transexual a gravar um disco de música eletrônica e ganhar um Grammy com ele. Ela é tão importante que tem sua música num dos filmes mais icônicos da galerinha hipster, o Laranja Mecânica. E como não tenho competência para falar muito sobre ela, aqui vai um texto completo e escaralhador.
Amanda Palmer
Ela é uma mulher de muita fibra e muita garra, mesmo eu não gostando muito hoje da carreira solo dela (saudades Dresden Dolls). Artista com forte tradição nas artes performáticas, atuando com o grupo seminal Legendary Pink Dots, além de ter trabalhado como artista de rua e stripper. Arrumou polêmicas por suas posições anti-sexismo, por se assumir bissexual, defender o relacionamento aberto e apoiar causas feministas. É casada com o escritor britânico Neil Gaiman, que também é um fã assumido dela.
Marissa Martinez
A primeira pessoa a oficialmente se apresentar no meio metal como transexual, Marissa Martinez merece sim aparecer por esta lista pelas seguintes razões: 1) está inserida no meio metal, que é majoritariamente masculino; 2) toca numa banda de grindcore; 3) os fãs do Cretin ACEITARAM bem a mudança e 4) mostrou que o metal ainda pode ser um gênero legal, aberto e diverso. E também participou de uma faixa do grupo brasileiro The Black Coffins, que se eu fosse você eu conferiria aqui.
Vera Figueiredo
A bateria não é um instrumento musical com muitas mulheres que se destaquem, certamente por haverem poucas que se interessem pelo instrumento. Contudo isto não as impede de brilharem e a dona Vera Figueiredo é uma artista de extremo talento, técnica e precisão, tendo iniciado seus estudos com piano clássico e posteriormente, encontrando seu estilo na bateria. Estudou percussão e teve como professor ninguém menos que o sensacional Rubinho Barsotti, não menos sensacional. Trabalhou no programa Altas Horas de 2000 a 2015 e escreve regularmente para a revista Modern Drummer.
Diamanda Galás
Essa mulher certamente vai te mostrar o quanto a música experimental pode ser algo extremamente perturbador. Possuindo vasta formação musical, ela toca piano, teclado e órgão e possui uma das vozes mais assustadoras do mundo da música. Ela foi presa em 1989 por participar de um protesto em oposição ao arcebispo John O’Connor, que era contra a distribuição de camisinhas em escolas públicas e contra o ensino de métodos de prevenção à AIDS. Como se não fosse o bastante, ela já trabalhou com gente de alto gabarito, como Erasure (à convite do vocalista Andy Bell), Iggy Pop e a banda de black metal Rotting Christ.
Jarboe La Salle Devereaux
Um dos maiores nomes da música experimental, a Jarboe mantem muito da sua vida privada em segredo. Sabe-se que ela desde cedo estudou órgão e participou como integrante recorrente da banda Swans e estudou ópera por insistência do pai, um agente do FBI, fato que foi importante para a sua carreira como cantora. Participou em trabalhos com o Neurosis, Justin Broadrick (Godflesh, Jesu), Michael Gira, A Perfect Circle, Kirlian Camera, Cattle Decapitation, entre muitos outros e também fez parte da trilha do jogo The Path.
Azam Ali, além de possuir uma beleza encantadora, é uma ótima musicista. Acrescentaria apenas; Else Marie Pade, a única mulher envolvida com a “Musique Concrete”, de quem ouvi falar; Sister Rosetta Tharpe, que mesmo pouco conhecida tivera notoriedade em primórdios do Rock e Anna Varney Cantodea, não apenas pelo fato de eu ser fã.