A gente sabe que o mundo da música é recheado de discos que não são bem aceitos pela crítica e pelo público. Seja por conta de uma mudança no estilo musical, seja porque talvez ele não atende ao que os fãs esperam, seja porque a produção podia ter sido melhor, não importa.
Nesta lista, utilizando como base as médias das avaliações do Metal Archives e do Metacritic, em conjunto com algumas listas de sites diversos, chegamos em dez discos que merecem uma segunda chance, até mesmo porque o mundo mudou, os gostos podem ter mudado e alguns ouvintes conseguiram amadurecer. Ou pelo menos ver que esses trabalhos não são tão ruins assim.
Carcass – Reek Of Putrefaction (1988)
O primeiro disco do Carcass é uma obra prima das podreiras, sobretudo porque o Bill Steer ainda guarda muitas influências daquele som cru e sujo dos primórdios do Napalm Death. Goregrind não teria a mesma graça sem esse trabalho, sobretudo na época em que eles nem assinavam com seus nomes e sim pseudônimos, como Frenzied Fornicator of Fetid Fetishes and Sickening Grisly Fetes, Gratuitously Brutal Asphyxiator of Ulcerated Pyoxanthous Goitres e Grume Gargler and Eviscerator of Maturated Neoplasm. Com seus 39 minutos e 22 faixas, dá pra ouvir e se divertir numa boa com letras sobre doenças e coisas ligadas ao vocabulário médico.
Bruce Dickinson – Skunkworks (1996)
Numa época posterior ao Iron Maiden e com uma imensa liberdade criativa, Bruce Dickinson resolve lançar o seu infame Skunkworks, fortemente influenciado pelo rock alternativo. Tanto que ele é produzido pelo grande Jack Endino, responsável por clássicos como Bleach, do Nirvana, Screaming Life do Soundgarden e vários dos discos de sucesso do Titãs.
O último disco da fase André Matos não chega a ser exatamente um disco malvisto pelos fãs: para muita gente, não é um disco digno de nota, exceto pela música Lisbon. O que acontece aqui é que esse disco abre mão das referências à música brasileira, presentes em Angels Cry e Holy Land, para fazer jus a uma musicalidade mais tradicional, com referências à música erudita europeia. Mas o disco é recheado de músicas excelentes, como Wings of Reality, Fireworks e Speed.
My Dying Bride – 34.788%… Complete (1998)
Acho que o final da década de 1990 foi um período bastante complicado para alguns fãs de metal. Muitas das bandas “clássicas” começaram a flertar com a música gótica e com a música eletrônica, procurando sonoridades diferentes e mais experimentais. O fã de metal não é lá muito conhecido como aquele que se abre a novas coisas, embora esse panorama tenha mudado muito. E foi com 34.788%…Complete que o grupo britânico My Dying Bride conseguiu fazer um dos seus trabalhos mais legais e, ao mesmo tempo, mais controversos, pois incorporou muito do darkwave e alguma coisa do synthpop. É um trabalho sensual, com letras bastante interessantes e um instrumental muito bom. Hoje muita gente passou a entender esse disco, que tem coisas muito legais como Heroin Chic, Apocalypse Woman e Base Level Erotica.
Cathedral – Caravan Beyond Redemption (1998)
Cathedral é uma banda que ajudou e muito o stoner a se consolidar como um gênero, ainda mais dentro do metal. Caravan Beyond Redemption é uma viagem psicodélica entre o doom, o hard rock e o rock psicodélico sessentista. Distorção, muito peso e muito riff recheia este disco que está no mesmo patamar dos trabalhos anteriores e já consagrados.
O Kreator lançou dois discos numa fase em que eles estavam meio que de saco cheio de fazer thrash metal. Destes saiu Endorama, trabalho que mescla gothic rock, rock alternativo e metal. A razão de muita gente torcer o nariz é por ele não soar como os primeiros trabalhos. Coloque na conta a faixa-título, com os vocais divididos entre o Mille Petrozza e o Tillo Wolff do Lacrimosa. Parafraseando o meu irmão, se eles não tivessem lançado o trabalho sob o nome do Kreator, talvez tivesse feito mais sucesso.
Dimmu Borgir – Spiritual Black Dimensions (1999)
Depois de lançarem o Enthrone Darkness Triumphant, disco que marcou a transição do Dimmu Borgir para o black metal sinfônico, sai em 1999 este disco, que traria uma sonoridade ainda mais carregada de sinfonias, muitas referências à música ambiente e muitas coisas que depois viriam a fazer parte da banda, como uso extensivo de teclado e coros com voz limpa. Tudo começa bem aqui, inclusive o uso mais que frequente dos blast beats.
Moonspell – The Butterfly Effect (1999)
O Moonspell é uma banda de gothic metal que iniciou no black metal e, durante um tempo, abraçou a sonoridade mais darkwave. E nesse meio surgiu este, que para muita gente é o pior disco do grupo. Os motivos: é um trabalho fortemente influenciado pela música industrial, sobretudo o Laibach (como é possível notar em músicas como Eternal Spectator). Esse disco foi primariamente composto pelo Pedro Paixão, que compôs músicas excelentes, muito fora do que o grupo português fazia ou fez depois.
King Diamond – House Of God (2000)
O que pega, de verdade, é que depois de alguns grandes clássicos como Spider’s Lullaby e Abgail, fica muito difícil fazer um disco que seja excelente. Muita gente relega este trabalho, possivelmente, por ele conter muito pouco daquele King Diamond inspirado. Mas, falando a verdade, é um puta discão, sobretudo por conta de uma excelente e consistente produção, junto de uma parte técnica, que eu sinto falta no Abgail 2, por exemplo. E não tem nem como ignorar uma música como House of God, que tem uma linha de órgão e uma teatralidade excepcional.
Paradise Lost – Believe In Nothing (2001)
Eu preciso confessar que tinha uma birra enorme com o Paradise Lost nessa fase em que eles incorporam mais elementos eletrônicos e góticos no som. Até por conta de eu não ser muito fã do One Second, que eu acho um disco bem mais ou menos. Contudo, Believe in Nothing é quase um disco de gothic rock no melhor estilo que pode ser e tem uma das músicas mais bonitas da banda, Mouth.
E para vocês, qual o disco de metal injustiçado que ficou faltando nesta lista? Comente sobre isso.