O que define o Depressive Suicidal Black Metal

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Prophecy Productions | Lifelover | purchase online
Fonte: Prophecy Productions – Divulgação

A morte é um tema recorrente dentro do metal. Melancolia, depressão e os aspectos mais sombrios da existência humana são explorados em vários subgêneros, incluindo o black metal. Contudo, o chamado Depressive Suicidal Black Metal (DSBM) destaca-se dar mais ênfase a esses temas emocionalmente sombrios.

O DSBM, surgido no final dos anos 90 e início dos anos 2000, caracteriza-se por um som intenso e sombrio, com temas que abordam depressão, suicídio, angústia e desesperança. Suas raízes estão em bandas de black metal atmosférico com influências de doom, como Ophthalamia, Bethlehem, Forgotten Tomb e Shining. Essas bandas, por vezes, são também classificadas como dark metal, um gênero que combina a intensidade do black metal com as melodias melancólicas do doom.

Definir qual é a primeira banda de DSBM é um trabalho muito complexo, pois muitas bandas “clássicas” de black metal, como Burzum, Dissection, Setherial e Mayhem, já tratavam de temas similares sem serem categorizadas como pertencentes a um gênero separado. No entanto, o Silencer, fundado por Andreas Casado e Mikael Nilsson na Suécia, é frequentemente citado como o primeiro projeto do gênero. Sua demo “Death – Pierce Me” de 1998, relançada como álbum em 2001, é um marco importante para o estilo.

Musicalmente, o DSBM tem uma abordagem introspectiva e melancólica, com passagens acústicas, andamentos lentos e atmosferas etéreas. As letras costumam abordar a depressão, a automutilação e os pensamentos suicidas.

Bandas como Satyricon e Ophthalamia já exploraram partes mais lentas com o uso de violão, mas o Silencer conferiu um tom mais desesperado e sombrio às suas músicas, criando uma sensação de desesperança em quem os ouve, tornando as composições não somente pesadas, mas igualmente tétricas e sombrias.

Xasthur, formado na Califórnia por Scott Conner em 1995, é outro pilar do DSBM. Com um som lo-fi e uma atmosfera fria e barulhenta, seus álbuns “Nocturnal Poisoning” e “The Funeral of Being” são influentes para o início do gênero. Diferentemente do black metal europeu tradicional, o Xasthur destacava-se pela atmosfera de desolação e desespero, numa mistura cacofônica de gritos, distorções e música pesada.

Lifelover, nascida na Suécia em 2005 por Jonas Bergqvist e Kim Carlsson, combinou black metal com doom metal, post-punk, dark ambient e rock gótico, construindo uma sonoridade mais sofisticada e rica. O nome da banda é uma ironia, refletindo o cinismo e a depressão presentes nas letras de suas músicas. Após a morte de Bergqvist por overdose acidental em 2010, o grupo se separou, mas seu legado continua influente no gênero.

Bandas como Happy Days, My Useless Life e Make a Change… Kill Yourself mantêm a tradição dos pioneiros do DSBM, com foco na depressão, automutilação e ideação suicida em um som cru e sombrio. O gênero também conta com bandas lideradas por mulheres, como Lifeless, Angor Animi, Entardecer, Oculi Melancholiarum e Dreariness, demonstrando que o DSBM não é exclusivo aos homens.

Além disso, este não é um gênero monolítico; muitas bandas exploram post-rock, doom metal, folk e post-punk, refletindo as diversas faces da melancolia. O DSBM, assim como a vida, a tristeza e o suicídio, é multifacetado. Melancolicamente multifacetado.


Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.