Olá a todos que leem, apreciam e curtem o Ground Cast, aqui vai mais um review para galera e dessa vez é de uma banda da Bélgica, que infelizmente acabou, Axamenta (pronuncia Aksamenta), banda de Melodic Black/Death Metal. Não conheço muitas bandas da Bélgica, mas as poucas que conheço me impressionam muito e essa foi uma que me impressionou de forma surpreendente quando escutei.
Criando toda uma atmosfera em suas música e com letras que falam de horror e fantasia, Axamenta não é uma banda comum, a técnica dos músicos e a qualidade das composições tornam na minha opinião, uma obra-prima do metal extremo. Infelizmente por problemas de saúde, o vocalista Peter Meynckens não pode mais cantar (no mínimo por ter forçado sua garganta com os vocais rasgados e guturais que fez por um bom período de sua carreira), o que nos alerta para termos cuidado com isso, se está lhe fazendo mal, PARE!
Para fãs do estilo Black/Death com técnica e qualidade, Ever-Arch-I-Tech-Ture é indispensável na sua coleção
01 – Incognation
O CD abre com essa faixa, que começa bem calma, apenas com um som de fundo e algumas palavras ditas pelo vocalista. A música continua com uma introdução calma e simples, com uns pratos de bateria de fundo e vai ganhando força conforme vai se estendendo e após um mini solo de bateria e algumas notas no teclado, que pra mim foram genialmente colocadas ai a música toma outra forma. O peso das guitarras, baixo, bateria e a harmonização do teclado se mesclam numa coisa só e depois alguns coros inseridos dão uma boa atmosfera. A introdução da música é grande e você pode ouvir ela milhares de vezes sem enjoar. Um pouco antes de entrar o vocal tem uma parte feita no teclado muito boa.
Aos 2:12 entra o vocal muito bem executado e dando uma energia para a música, alternando entre vocais rasgados e guturais. A letra simples encaixa perfeitamente em toda a música. Algo que essa banda abusa bastante são de vocais dobrados para dar força aos versos.
Nada exagerado, ou seja, nenhuma guitarra tocada na velocidade da luz, nenhum baterista polvo, tudo feito de uma forma perfeita e brilhante, tendo até pontos mais melódicos de se ouvir.
Depois dos vocais segue uma parte instrumental bem construída, a música tem 6 minutos e não parece, você fica com vontade de ouvir mais e mais, mas infelizmente as músicas tem que acabar. Só que não se preocupem, essa foi só a primeira faixa.
02 – Demons Shelter Within
Música começa com uma Intro de teclado e algumas ambientações. Axamenta realmente é bom no que se trata de introduções de músicas, essa tem até direito a um solinho, nada exagerado, mas perfeito para depois entrar o vocalista com alguns versos antes de começar a quebradeira.
Eu presto bastante atenção nas letras das músicas e as do Axamenta me impressionaram, este álbum é “conceitual”, dividido em três partes.
Após o primeiro refrão, quando ele termina a parte “Forever these demons shelter within me”, começa um verso com uma linha vocal bem interessante, apenas ouvindo para ver realmente o que quero dizer, mas não é gritado e nem gutural, mas não é limpo.
Após isso, mais teclado e ambientações, essa banda usa e abusa desse recurso e o melhor é que sabe usar muito bem, de forma que não fica enjoativo. Mais versos cantados, é aqui eu já digo que é uma pena que esse cara tenha perdido a voz, pois era um bom vocalista, sabia fazer boas linhas de voz (para quem curte estilos mais extremos), mas nãos e cuidou e provavelmente não estudou. Repetindo, para vocês que querem ser vocalistas, ESTUDEM, para que não acabem que nem ele.
A música termina de forma agonizante por assim dizer e é o que serve para começar a introdução da outra música.
03 – Ashes to Flesh
Com o teclado roubando a cena até entrarem as guitarras e seus riffs cheios de força e cadenciados e entrando em uma parte melódica, essa banda tem bastante melodia e uma criatividade muito boa, em alguns sites eles foram considerados Black/Prog (apesar de eu achar meio exagerada essa classificação).
Quando parece que não pode melhorar vem o refrão, com um riff calmo e a adição de vocais limpos, alternando um dueto de rasgados e vocais limpos, de forma que tornam o refrão algo único de se ouvir.
A música continua com a mesma energia do refrão até cair em um solo com bastante pegada, sem exageros, simplesmente feeling até cair no refrão novamente: “I am not One Solemn Entity/Going through a myriad of conversions /But a whole entirety/Unbound by the strings of time”
Que ao final já cai em um parte empolgante que provavelmente servia para bater cabeça nos shows e quebrar tudo que se tem direito e cair em mais um solo para que a música possa ir para o seu desfecho, repetindo o refrão uma vez normal e depois apenas em vocal limpo, com um instrumental leve de fundo, o que o torna lindo de se ouvir, o som dos violões com vocal limpo são algo único, na minha opinião a banda devia ter explorado mais isso no CD.
04 – A Nation in Atrophy
A música começa mais pesada que as outras 3, a intro já tem uma base de guitarra, baixo, bateria e teclado e não é tão longa. Vocal começa com gutural e terminando com um grito rasgado que dá ate uma certa agonia.
Para depois entrar no vocal rasgado e um verso inteiro com vocais dobrados, dando uma força muito grande para a composição e caindo em seguida em mais vocais guturais.
Ao fim dos vocais algumas instrumentações interessantes, inserção de um pouco de música “clássica”, mas nada em exagero ou de forma desconexa, tudo parece ter um proposito e não é simplesmente largado na música. Essa música é mais direta do que as anteriores, mas mesmo sendo mais direta o pesa das músicas é equivalente. O teclado nessa banda mostra uma diferença gigantesca, eu diria que esse é um exemplo de como se colocar teclado em bandas mais extremas.
05 – The Midnight Grotesque
Na minha opinião A MELHOR MÚSICA DO CD. Começando com um teclado que parece coisa de filme de terror, para logo em seguida começar toda a quebradeira, aqui você ouve um bumbo duplo bem cheio e as harmonizações do teclado acompanhando esse peso. Eu fico imaginando o bate cabeça que não devia se formar quando essa música era tocada. Introdução longa e de respeito, mostrando “é para isso que viemos, derrubar tudo”.
A letra faz você simplesmente viajar, eu realmente adoro as letras deles, as linhas vocais colocando guturuais e rasgados onde devem ser colocados e ai caí no refrão.
“Daylight will drown in shadows of eve
Lands atrociously plundered, suffused, besieged
A last cast to be shed on Atlantis’ pale crystal flesh
Spat upon the raging tyrant in the midnight grotesque”
A parte final, quando ele fala “In the midnight grotesque”, eu realmente fiquei imaginando algo grotesco, macabro e destruidor passando por tudo. A música segue assim até o final, não tenho nem palavras para descrever a grandiosidade dessa música.
Riffs muito bem feitos, vocais perfeitamente encaixados, bateria empolgante e o teclado bem dosado, somando ainda mais uma letra muito boa, a banda faz letras de horror e fantasia, eu me sinto numa aventura de RPG, poderia fazer uma aventura baseada em cada música desse CD com muita facilidade.
Quando o refrão é cantado de novo eles ainda acrescentam gritos femininos no fundo o que realmente dá mais sentido ao “grotesque”
06 – Prophet Set to Witness
Aqui começamos o segundo capítulo do CD (que é dividido em 3) e já começamos com um mini solo de bateria que caem em riffs pesados, o que podemos ver até o momento é que o CD vai ganhando peso conforme as músicas vão passando, como se quisessem ver a coisa ferver na pista aos poucos.
Como antes veio uma faixa absurda eu posso dizer que me “decepcionei”, pois espero sempre que as músicas melhorem, mas a faixa é ótima, mas como eu tinha acabado de ouvir milhares de vezes a afixa anterior fiquei naquela ansiedade de ouvir essa. Reparei um trabalho muito interessante de teclado que pode ser ouvido de fundo, acho que uma das coisas que eu mais gostei dessa banda é que o teclado é bem feito, mas não é feito para roubar a cena como em bandas que o colocam, mas se ele não estivesse nas músicas eu com certeza as acharia incompletas, principalmente nessa música que para mim é vital que ele esteja presente, ainda mais com o decorrer da música.
07 – Ever-Arch-I-Tech-Ture
Música instrumental, sem comentários, vocês precisam ouvir para saber do que estou falando. O teclado é simplesmente absurdo, se na música anterior eu achava que ele era vital, nessa eu diria que ele É A MÚSICA, os outros instrumentos simplesmente o acompanham para criar essa belíssima música. Você escuta risadas mais para frente, é muito coisa de filme, sem palavras, essa é a faixa que vocês precisam ouvir para tirar conclusões.
08 – Threnody for an Ending
Essa música é apelação falar sobre, logo no começo vocês vão reparar que não é o vocalista do Axamenta cantando e para quem curte a banda perceberá que tem a participação de Daniel Gildenlöw do Pain of Salvation.
Bom a música é praticamente uma música do Pain of Salvation, sem tirar nem por, então para quem gosta é um prato cheio. Eu adorei essa música e se eu não me engano foi o Daniel que produziu esse CD deles.
Não tem muito o que se dizer, afinal se parece Pain of Salvation é no mínimo algo surpreendente, mas ela lembra a banda nos tempos do Ashes, Remedy Lane, então não achem que vão ouvir algo parecido com o novo Pain of Salvation. Até as quebradas de tempo são parecidas, Axamenta se supera nessa faixa, apesar da minha preferida ser a “The Midnight Grotesque”, essa faixa é simplesmente perfeita e eu sinto o feeling da música, uma emoção absurda escutando-a.
Daniel Gildenlöw rouba a cena e faz o que sabe fazer melhor, emocionar o público.
09 – Ravager 1.6.6.3
Depois da calmaria da faixa anterior a banda volta com algo pesado, esse contraste ficou muito bom, depois de uma música instrumental maravilhosa, eles emendam com uma música com Daniel Gildenlöw e retomam com tudo nessa música. Você fica tão anestesiado com a música anterior que nessa você se deixa levar, ela vai ganhando peso e mais peso conforme vai passando e não sei se é por que a música anterior te prendeu totalmente, mas você nem sente o tempo dessa faixa correr, quando vai ver ela está no final.
O baterista faz umas viradas nos meios dos versos do vocalista que eu gostei bastante, parece que um ressalta o outro.
10 – Of Genesis and Apocalypse
Música de 8 minutos, vocês podem pensar – “nossa deve ser muito chata” – caso não esteja acostumado a ouvir músicas longas. A música começa em sua introdução com falas, alguns chiados e o teclado (parecem vozes de rádio), depois de cerca de 1 minuto começa o instrumental, o teclado de base e os outros instrumentos parecem que o seguem, pode ser ouvido tudo trabalhando em conjunto, criando uma única melodia, algumas partes com ênfase até cair em uma parte mais calma com teclado, que gera uma ótima atmosfera para então entrar uma parte de bateria e vocal.
A música começa a se agitar e o teclado ainda predomina na música, dando uma boa harmonização. Já estamos no capítulo final do CD (que começou na música anterior).
Alguns corais de fundo, feitos por sintetizadores são encaixados, solos de guitarra que seguem com a mesma qualidade das músicas anteriores. Na metade da música ela dá uma caída, ficando mais calma e com algumas falas de fundo, enquanto a bateria e o teclado prosseguem, as guitarras podem ser ouvidas, mas não é feito nada de complexo ou brutal, tudo fala a mesma língua e traz o mesmo sentimento.
A música consegue passar de partes calmas para partes agitadas de forma impressionante, sem perder a qualidade que o Axamenta tem nos mostrado até agora. Música longa que parece passar em instantes. O final da música acaba de forma que emenda na próxima música.
11 – Foreboding
Mais uma música instrumental que tem que ser escutada para sentir tudo o que a banda passa, não tem como descrever algo, pois ficará incompleto. Simplesmente o teclado age de forma melancólica e traz todo sentimento a tona.
12 – Shackles Cross
Acanando a instrumental ela já emenda na “Shackles Cross” que começa quebrando tudo, como uma banda de metal extremo sabe fazer bem e o que eu mais gosto que não é nada exagerado, tudo na medida certa de melodia e peso.
As músicas fazem referências umas as outras, se você ler as letras vai perceber isso.
“Shackles Cross” é bem agressiva e digna de um bate cabeça para acompanhar os shows. Segue os níveis das outras composições deixando o CD até aqui mantendo o nível excelente que pode ser observado.
A música dá uma acalmada depois de um tempo e tem até uma parte só com teclado caindo como uma luva para aos 03:10 de música voltar a quebrar tudo como no começo e fazendo tudo se agitar novamente.
13 – The Omniscient
E aqui finalizamos o CD, com uma música interessante e genial, boa parte de sua linha vocal é falada e não cantada e em poucas partes tem harmonizações vocais que é exatamente quando chega na parte: “Save me – I’m falling/Into a – into a white void/Save me – I’m falling/Seeing what – I cannot believe”, se eu fosse o Axamenta eu tinha chamado o Gildenlöw para cantar essa música também, acredito que ficaria um trabalho absurdo.
A música simples e com frases faladas fecha o CD maravilhosamente, se ele começou muito bem com a Incognation, ele fecha melhor ainda com The Omniscient.
Quandos os vocais entram ela dá uma agitada, mas nada gritante, nada que você diga “ah ficou ruim, não combinou com a música”, essa transição é bem feita pela banda.
Considerações finais
CD indispensável, lançado em 2006. Infelizmente a banda acabou, mas deixou seu legado e suas obras-primas e caso você realmente tenha gostado procure a banda “He Came From the Sun”, não é 100% metal e você só acha um Teaser no site da mesma. Eles são do Axamenta e estão procurando vocalista para concluir o trabalho que provavelmente será muito bom.
Temos partes pesadas, cadenciadas, com feeling, melódicas, tudo em um CD, Axamenta realmente impressiona, procurem, escutem e se puderem adquiram o original