ENTREVISTA: Necromesis

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“Em 2006, Victor Prospero juntou-se a alguns amigos para tocar covers de músicas que gostavam. Apresentavam-se em pequenos eventos e bares no ABC Paulista. Quando Daniel Curtolo integrou a banda em 2007, começaram a surgir as primeiras composições próprias. Em 2008 a banda passou se dedicar integralmente às músicas próprias. Com a entrada do baterista Gil Oliveira, veio também a influência dos elementos de música brasileira, somados ao som técnico e trabalhado que a banda já fazia. Em 2009 a banda lançou o CD demo “The Dark Works of Art”, que trazia como tema central histórias de terror. Durante a divulgação deste CD, a banda se apresentou ao lado de grandes nomes do Metal como Onslaught (Inglaterra), Master (E.U.A.), Man of Kin (Inglaterra), Besatt (Polônia), Cangaço, Dr. Sin, Andralls, Pastore, Nervochaos, Necromancia e Ação Direta. Tudo isso colaborou para a divulgação e o reconhecimento da banda dentro do cenário de bandas independentes. Atualmente a banda está percorrendo o Brasil em divulgação do recém lançado EP “Evolving to an Underworld”, que apresenta em suas letras o submundo que o ser humano está criando e que futuro o espera.”

GroundCast: Pra começar, conte-nos sobre o seu passado musical, suas bandas e projetos e como a música entrou na sua vida.

Victor Prospero: Por influência de meu pai, desde criança eu gostava muito de bandas como Deep Purple e Black Sabbath. Quando eu tinha 9 anos de idade eu tinha uma banda cover de Kiss onde eu era baterista e meu irmão, guitarrista.
Em pouco tempo comecei a tocar guitarra e com 12 anos de idade eu tocava contrabaixo em uma banda de covers variados de Metal.
Alguns anos mais tarde, entrei em uma banda de sons próprios Power/Thrash metal do ABC onde conheci o Gilmar (atual baterista do Necromesis). Após esta banda acabar, formei o Necromesis para tocar um som mais pesado que é o que eu sempre quis.
Além disso, integrei outras bandas do abc paulista como o Evil Mayhem que fazia um black / thrash metal e participei de alguns projetos musicais de outros estilos como MPB e Rock Progressivo.

GroundCast : Você pode apresentar um pouco da banda pra quem não conhece, falar da proposta, nome, estilo e etc?

Victor: O Necromesis começou em 2006, mas estabilisou-se apenas em 2009 com a entrada do Gilmar na bateria. Foi neste ano que lançamos nossa primeira demo “The Dark Works of Art” que apresentava um thrash / death metal mais tradicional.
Após este lançamento, fizemos uma série de shows pelo estado de São Paulo para pegar experiência de palco e amadurecer a banda.
Em Setembro 2011 lançamos o EP “Evolving to an underworld”, onde tentamos incorporar outros elementos ao nosso som e trabalhar melhor nas letras e na produção. Para divulgar este trabalho, logo após o lançamento nós iniciamos uma turnê pelo estado de São Paulo e pelo nordeste brasileiro.
Tivemos oportunidade de tocar ao lado de grandes nomes como Onslaught (INGLATERRA), Torture Squad, Besatt (POLONIA), Dr. Sin e Nocturnal Depression (França) e ainda seguimos na correria com estes shows.
O EP foi disponibilizado para download gratuito em nosso site (www.necromesis.com)

GroundCast: Existe algum motivo especial pra escolha do estilo do Necromesis?

Victor: Quando iniciamos a banda faziamos um death/thrash tradicional e estavamos buscando um nome. Eu sugeri uma sério de opções precedidas por “NECRO” e o Daniel (guitarrista) teve a idéia de colocar o nome da deusa “Nemesis”. Unindo as duas idéias veio o nome “Necromesis”.

GroundCast: Quais as influências da banda na hora de compor?

Victor: Nós curtimos muitas coisas de dentro e fora do metal e acabamos trazendo isso para dentro de nosso som. Curtimos progressivo, death metal, thrash metal, heavy metal, black metal, punk, musica brasileira, musica erudita… enfim, muita coisa.
Tentamos misturar um pouco disso para criar algo novo com identidade.

GroundCast: Geralmente as bandas de Death Metal possuem a formação clássica com dois guitarristas, pra dar volume e fazer os duals característicos do estilo. Pela ausência de outro guitarra, algumas pessoas podem torcer o nariz para vocês. Por que um power trio de Death Metal?

Victor: Nossa intenção é que nosso som soe limpo de maneira que dê para escutar o que todos os instrumentos estão tocando. Para encher o som, tentamos trabalhar com a guitarra e o contrabaixo em dueto.
Acreditamos que esta é a melhor forma para reproduzir as nossas ideias.

GroundCast: Uma das coisas que mais me atrai no Necromesis é a inovação e mistura com outros estilos musicais, não preso apenas ao metal. O que levou a tais misturas?

Victor: Isso veio de maneira natural. Como eu disse antes, curtimos muita coisa mesmo… fica dificil para nós nos prendermos a apenas um estilo como o death metal ou o thrash metal, pois curtimos muitas outras coisas que temos vontade de tocar e acabamos incorporando em nosso som.

GroundCast: A técnica também é outra característica essencial do som de vocês. É algo que é pensado na composição ou sai naturalmente?

Victor: Realmente não temos nenhuma intenção em nosso som soar “técnico”. O que acontece é que no processo de composição temos uma preocupação em lapidar e destacar bem os detalhes da música. Em elguns momentos isso pode acabar soando “técnico” mas realmente não é intencional.

GroundCast: No EP de vocês, uma das faixas é uma versão, um cover, de forró. Isso numa banda de metal extremo, é quebrar uma barreira. Fale-nos mais sobre essa escolha.

Victor: Escolhemos uma música chamada “o ovo” que o Hermeto Pascoal gravou em 1967 com o Quarteto Novo.
A intenção principal foi homenagear o maior genio atual da musica brasileira mostrando o nosso respeito e admiração.
Além disso, na europa é muito comum misturar gêneros folclóricos com o Metal. Portanto as pessoas não deveriam estranhar a mistura de nossa musica que é tão rica com o Metal.

GroundCast: Vocês são do ABC Paulista, que sempre teve uma cena forte no metal de São Paulo e nacional. Como você vê a cena do ABC hoje?

Victor: Hoje em dia o ABC tem grandes bandas como Forka, Bywar, Ação Direta, Necromancia.
Existem poucas casas de shows, mas ainda existem bons eventos como o Grito Rock e uma série de shows internacionais dos quais tivemos oportunidade de participar de alguns como o Onslaught e o Besatt.
Enfim…a cena nunca morre porque sempre haverão pessoas sérias comprometidas em fazer a coisa acontecer.

GroundCast: Ainda falando da cena regional e nacional, existe alguma banda ou bandas nacionais que vocês admiram atualmente?

Victor: Com certeza. Somos fãs do Torture Squad, Korzus, Ratos de Porão, Krisiun, Claustrofobia e algumas outras que não me veio na cabeça agora…hehehe
Estas bandas não devem absolutamente em nada para as principais bandas internacionais.

GroundCast: Existe algum plano de lançamento de um álbum completo num futuro próximo?

Victor: Sim, temos intenção de lançar um album completo quando sentirmos que estamos preparados para isto.
Queremos lançar um trabalho maduro como um todo… tem todo trabalho em composições, arranjos, produção e etc. Isso requer tempo e, principalmente dinheiro pois somos uma banda totalmente independente.

GroundCast: Além de pensar em lançamentos, existe mais algum plano futuro para o Necromesis?

Victor: Nosso plano é sempre melhorar naquilo que estamos fazendo. Tanto em composições quanto em shows e até mesmo lançamentos.
…sempre buscamos amadurecer tudo isso para apresentar o melhor que podemos fazer.

GroundCast: Victor, muito obrigado pela entrevista. Algo mais que queira deixar e concluir para nossos leitores? 

Victor: Eu é que agradeço, Enzo! Muito obrigado pela força não só a nós como ao Metal nacional. O recado que deixo é para que as pessoas acreditem nas bandas nacionais…para que apoiem o underground pois tem muitas bandas excelentes que ainda não foram descobertas.

Abraço!

Por Enzo “Furakko”


Ilustrador, designer, vocalista, artista plástico e pentelho ans horas vagas. Fã de heavy metal e outras coisinhas mais.