Existe uma coisa chamada tendência. Assim como observado no grupo Tomada, parece-me que no rock as pessoas redescobriram o quão é preciso ter um som bacana, simples e, ao mesmo tempo, que possa cativar seu público. E o grupo do Distrito Federal, o Totem, é uma banda legal desta leva.
Eles se definem como um grupo de “rock pesado”. E é exatamente o que são, uma banda preocupada em fazer melodias com as mais diversas referências musicais, influenciados sobretudo pelo heavy/hard dos anos 80, mas com passagens que remetem ao thrash metal, ao blues e até mesmo ao puro rock. Mesmo com todas estas misturas, é um trabalho simples e bem original, mostrando o quanto o antigo pode soar novo quando bem trabalhado.
Além disto, possuem como diferencial as letras em língua portuguesa, merecendo destaque o alto teor poético e lírico. De fato as letras passam a se assemelhar mais com poemas que com letras de músicas comuns, suas metáforas e jogos de palavras muito bem colocados. É até possível traçar um paralelo com algumas bandas de Portugal, que fazem este tipo de trabalho de forma magistral e muito bonita.
O ponto controverso deste disco é a parte vocal, que nas primeiras músicas soa estranha. Talvez o fato de as letras serem em português, associado a uma voz potente e grave não tenham sido bem combinados, embora tenha bons momentos. Na música “Imagem e Semelhança”, existe um trabalho muito bacana com a letra e o ritmo, talvez por isto acabe soando como a melhor música do álbum.
No final das contas, é uma banda madura, coesa, com boas ideias, um bom disco e que merece despontar no cenário nacional. Merece, sobretudo, por conta da enorme falta de criatividade que temos passado por estes tempos, com bandas se repetindo e não trazendo nada de novo ou diferente para o som pesado nacional.
Tracklist
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Lei do Tabuleiro
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Nojanta
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Resistência
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Balada Perdida
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Imagem e Semelhança
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Maracutaia
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Esse Morcego
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Futibol
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Mulher Ônix
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Amor de Monstro
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Ela Pintada
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Toda Estação (Parte 1)