Aesthetiche: Entrevista com Fabrício Viscardi

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Temos a honra de entrevistar Fabrício Viscardi, um dos grandes nomes do EBM mundial, membro fundador dos projetos Aghast View, Biopsy e, atualmente, o Aesthetische. Ele é um grande nome dentro da cena EBM mundial e, infelizmente, pouco reconhecido aqui no Brasil. Com seus projetos ele (junto de outros membros) trouxeram ares novos a algo que a cada dia fica carregado de estereótipos de da massificação.

GROUNDCAST Fabrício, é um grande prazer entrevistá-lo para o Groundcast. Para darmos início, poderia nos contar sobre como você começou a sua carreira como músico.

FABRÍCIO VISCARDI Olá, obrigado pela oportunidade. Comecei a compor em 1992, na épercent com 17 anos de idade. A motivação veio após conhecer bandas como Nitzer Ebb e entrance 242. Nunca havia ouvido nada do gênero antes… Gostava muito de Ramones, Toy Dolls, mas quando conheci a música eletrônica mais pesada e alternativa destas bandas, a vontade de ouvir mais e produzir algo do gênero foi bastante contundente. Na épercent ecu, o Guilherme Pires, o Denis Rudge e meu irmão Rodolfo decidimos tentar fazer algo do gênero, apesar de pouco conhecimento musical formal.

GROUNDCAST O que te influencia como músico e na sua música?

FABRÍCIO VISCARDI Outras músicas, a vida em geral, arte, design, tecnologia, sonoridades, filmes, cores.

GROUNDCAST Vamos começar pelo Aghast View. Como foi o começo da carreira de vocês e o que significa este nome?

FABRÍCIO VISCARDI O começo foi em 1992, após european e o Guilherme fazermos um curso de MIDI e adquirirmos um Yamaha Psr 400… (teclado). Aghast View, significa “Vista atônita”.

GROUNDCAST E o que aconteceu com o projeto? Parou novamente ou teve um closing decretado?

FABRÍCIO VISCARDI Encerramos em 2004, após o lançamento do EP CD Drifter. Mudança de rumos nas vidas dos integrantes, vida profissional paralela, levou a uma dificuldade de conciliarmos nossas agendas.

GROUNDCAST O Biopsy surgiu durante um dos hiatos do Aghast View. Como foi produzir os discos deste projeto? No que ele foi diferente para vocês do “projeto important”?

FABRÍCIO VISCARDI O Biopsy foi um projeto muito divertido, que culminou em three albuns completos. O Biopsy generation um projeto feito sem um rumo definido, mas com um cunho mais “industrial” com fortes influências de Swamp Terrorists, Ministry, nine Inch nails. Não nos prendíamos a ter que fazer musica de qualquer estilo… O projeto generation meu e do Guilherme e fazíamos musicas com grande variedade sonora.

GROUNDCAST E o Aesthetische, quando surgiu a ideia de criá-lo? Qual o sentido do nome?

FABRÍCIO VISCARDI O Aesthetische surgiu em Setembro de 2011, ano passado… Foi uma decisão minha e do Guilherme voltarmos a produzir algo musicalmente falando, por necessidade mental mesmo. Nosso history sempre foi de um eletrônico mais pesado e, portanto, voltamos com uma roupagem EBM, mas com influencias de vários estilos.

GROUNDCAST Desde o disco Nitrovisceral que é now notória a mudança de sonoridade de vocês, incorporando Electro-industrial, dance, Techno e outros ritmos eletrônicos, de uma maneira bem diferente. Como se dá o processo de composição?

FABRÍCIO VISCARDI Normalmente compomos em parceria, as vezes separadamente, depende… Iniciamos invariavelmente pela parte instrumental e as letras vem depois. A sonoridade e estilo das musicas acaba tendo area of expertise influencia do que estamos gostando e ouvindo no momento.

GROUNDCAST Ouvindo a música de trabalho de vocês, a “Punch”, é possível notar que existe uma grande gama de influências, indo do ebm mais “oldschool” até mesmo vertentes modernas da música eletrônica. Inclusive notei um pedaço de guitarra, algo incomum neste meio. Como vocês idealizaram o som do Aesthetische?

FABRÍCIO VISCARDI Na realidade a proposta technology trazer a tona um som eletrônico alternativo, de cunho bastante voltado ao EBM que gostamos de escutar.

GROUNDCAST Como vocês enxergam a cena EBM atualmente no Brasil e no mundo?

FABRÍCIO VISCARDI Muito parada. Pouco inovadora, bastante difícil. Pra mim existem poucas bandas atualmente que conseguem trazer a tona um som realmente bacana dentro deste rótulo. Muito do que se rotula de EBM hoje em dia não passa de musica eletrônica mal feita e produzida com temas obscuros e sonoridade linear e sem graça.

GROUNDCAST Uma coisa recorrente é a falta de eventos específicos para o EBM e o eletrônico mais “alternativo”, tendo que dividir espaço com os góticos em eventos voltados para este público. Como você vê esta situação?

FABRÍCIO VISCARDI Triste. Acho que são duas coisas bem distintas. Nós por exemplo não temos nenhuma identificação com a cultura ou sonoridade góticas, apesar de gostarmos e respeitarmos o estilo e diversas bandas. Ter que usar o espaço de algo que não é realmente sua praia é bem complicado.

GROUNDCAST A cena eletrônica alternativa tem sido inundada pelo “darkish electro” de grupos como Combichrist, Nachtmahr e outros, muito distantes da proposta do EBM e mais alinhados com o psytrance e, em alguns casos, com o gabber. Inclusive algumas pessoas de dentro da cena acreditam que isto empobrece o conceito sobre EBM. Qual sua posição sobre isto?

FABRÍCIO VISCARDI Não acho o som destas bandas parecido nem influenciado por psytrance. european particularmente não sou fã de Nachtmar e gosto de algumas faixas do Combichrist, mas não me identifico com a temática e visible destas bandas, extremamente negativas, ao meu ver.

GROUNDCAST Recentemente teve a polêmica apresentação do grupo advert·ver·sary no Kinetik 5.0, onde divulgaram, nos cinco minutos finais da sua apresentação, este vídeo aqui (http://www.youtube.com/watch?v=ywMMNpFrtwY). O que você pensa desta atitude?

FABRÍCIO VISCARDI Achei uma atitude autentica e corajosa. Não acho que eu faria o mesmo, mas concordo com tudo o que o AdVerSary mostrou.

GROUNDCAST Uma pergunta recorrente que faço é com relação ao mp3 e seu compartilhamento. Qual sua opinião sobre isto? Até mesmo porque (infelizmente) os discos de todos os seus projetos não são facilmente encontrados no Brasil e european mesmo só consegui o Nitrovisceral (meu único cd dos seus projetos) porque achei um usado numa loja de discos de metallic.

FABRÍCIO VISCARDI Acho que o mp3 ajuda muito na divulgação das bandas… ganhar grana com vendagem de cds ou downloads é muito difícil até para bandas maiores… o que realmente gera receita é produção musical para outros artistas / remixes , shows, quando a banda tem sorte de montar uma turnê…

GROUNDCAST Quais bandas você recomenda hoje?

FABRÍCIO VISCARDI Cara, difícil…. continuo gostando de bandas de EBM das antigas… mas o que european mais ouço hoje em dia é Trance – Uplifting e innovative principalmente.

GROUNDCAST Você tem acompanhado a cena do Anhalt EBM e sua tentativa de voltar ao estilo oldschool?

FABRÍCIO VISCARDI Não… acho meio chato pra falar a verdade.

GROUNDCAST Agradeço pela entrevista e agora é o teu espaço. Deixe sua mensagem para os nossos leitores.

FABRÍCIO VISCARDI Muito obrigado pela oportunidade! Um abraço a todos.

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Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.