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O projeto BILWIS mergulha no universo dos contos de fadas e mitos europeus, convertendo-os em uma experiência musical muito interessante com letras em alemão. Aqui ele nos concedeu uma entrevista a qual revela suas influências musicais, o significado por trás do nome e sua escolha de ser uma banda solo.
Como surgiu o projeto BILWIS? Quais são suas principais influências?
BILWIS: A ideia de começar uma banda ou projeto de Black Metal sempre esteve em minha cabeça, mas, por falta de tempo, nunca foi para frente. Então veio a pandemia e todas as minhas outras bandas tiveram que parar. E foi o momento perfeito para começar esse novo projeto.
Devo confessar que não tenho ideia para onde ele vai. Programei algumas baterias e comecei a escrever algumas músicas e tocá-las. Alguns dias depois, o quebra-cabeça tomou forma. Decidi então escrever algumas músicas e colocá-las no Bandcamp e semanas depois a gravadora Northern Silence me enviou um e-mail oferecendo um contrato. Foi como ganhar na loteria.
Cresci ouvindo todo tipo de música pesada, mas ouço muito bandas como DISSECTION, EMPEROR, DARK FUNERAL, LIMBONIC ART e MARDUK, mas quando escrevo para o BILWIS, apenas toco o fundo do meu coração. Não tenho uma banda em mente e penso que devo soar como as bandas que falei antes.
O que significa o nome “BILWIS”? Sei que esta é uma pergunta muito clichê e que faz parte do seu nome artístico.
BILWIS: Bilwis é um demônio ou um tipo de fantasma na natureza. Ele vive no sul e no norte da Alemanha. No norte ele ajuda os agricultores com as colheitas, mas no sul ele as destrói. Também há histórias de que ele corta os pés das crianças com uma foice. Procurava por um nome que soasse legal e li muito sobre mitologia alemã, onde encontrei o nome BILWIS.
Por que decidiu ser uma banda solo? Acho incrível alguém conseguir tocar tantos instrumentos e coordená-los em uma peça musical coesa e coerente.
BILWIS: Muito obrigado. Desde muito jovem eu toco em bandas. Eu gosto disso, com certeza. Contudo, quando comecei o BILWIS, ficou claro desde o início que faria tudo sozinho. Com isso eu tenho a liberdade de trabalhar nas minhas músicas sempre que quiser e ninguém precisa aprová-las. Posso escolher o título, letras, arte e por aí vai, sem brigas ou discussões. Amo essa forma de trabalhar.
Claro que existem pessoas para quem envio as músicas, mas tudo é muito pacífico. Comecei a tocar guitarra quando tinha 16 anos e ainda sou um guitarrista. Quando componho algumas músicas para meus outros projetos e bandas, gravo demos em casa, então tenho que fazer tudo. Vocais, bateria, teclados, baixo ou o que for. Então aprendo muito sobre cada instrumento. Por outro lado, leio e tento muito sobre gravação.
Li por aí que suas letras são inspiradas em contos de fadas e mitos europeus. Por que você escolheu esses temas e como se relacionam com sua música?
BILWIS: Quando as canções do meu EP estavam finalizadas, pensei nas letras e no conceito para o BILWIS. Não me entenda mal, adoro as letras clássicas de Black Metal, mas tento fazer algo diferente.
Então tive a ideia de escrever sobre alguns contos de fadas e lendas. O mundo está cheio de tantas histórias bonitas. Em todos os quartos de criança podem ser encontrados livros sobre esses contos e eles são mais sombrios do que algumas letras de Black Metal. Tenho a esperança de que alguém que ouça meu disco pegue um livro destes novamente e leia. Penso também que todos esses contos de fadas se encaixam perfeitamente no meu som.
Também achei interessante que você cante em alemão sobre contos de fadas e temas mitológicos. Por que você escolheu o alemão como a língua para suas músicas?
BILWIS: É muito trabalhoso traduzir as letras do alemão para o inglês sem perder o significado. Tenho muitos livros antigos em casa, com tantas palavras antigas, então não tenho certeza se elas têm um significado em inglês. Por outro lado, o alemão é minha língua materna, então posso me expressar perfeitamente.
Queria comentar sobre a bela arte da capa de “Hameln”. Sei que é baseada no Flautista de Hamelin, que é uma das minhas histórias favoritas. Conte-nos um pouco mais sobre isso e como você e o artista tiveram a ideia.
BILWIS: O “Rattenfänger de Hameln” é uma das lendas mais populares e famosas do mundo. Então foi fácil escrever uma música sobre ela. Era também óbvio que se tornaria o título do álbum.
Em eventos com o Rattenfänger, ele sempre parece um cara amigável, que brinca com as crianças. Mas sequestra muitas dessas crianças e ninguém mais as vê. Quando falei com Torsten da NS sobre a arte, ele teve a ideia de pedir a Julian Bauer para fazer a arte. Entrei em contato com ele e contei sobre minhas ideias. Depois de alguns dias, nos enviou os primeiros rascunhos e eu quase caí da cadeira. É uma arte incrível e se encaixa perfeitamente na atmosfera do álbum. Era importante que as artes parecessem diferentes dos clichês do gênero, sem castelo ou cemitério em preto e branco. Isso faz com que muita gente clique no álbum no YouTube apenas porque acham a capa bonita.
Como você vê a cena atual de black metal, especialmente na Alemanha? Pergunto isso porque recentemente tenho visto um movimento legal de novas bandas do gênero aparecendo na Europa, desde experimentações de post-black metal até outros que procuram mais música “old-school”.
BILWIS: Há tantas bandas boas por aí. Você pode passar o dia todo na frente do seu PC e descobrir algumas bandas novas. No momento, estou ouvindo muito bandas como DAUPUZ, AHAB ou BELORE. Ontem recebi uma nova faixa matadora de “TOT GEWEIHT”. Estou realmente ansioso por este álbum. Acho que a cena está muito viva.
Aqui acontecem também muitos shows e se você gosta do gênero, pode ir em um show diferente a cada semana. No ano passado, visitei o festival NS como convidado, e foi incrível.
Este é um blog brasileiro e, como tal, sempre pergunto às bandas se elas conhecem alguma banda daqui do Brasil. Você conhece alguma? Gosta de alguma?
BILWIS: Uma das melhores bandas de metal vem daí do Brasil: SARCOFARGO. “Midnight Queen” é uma das melhores faixas já escritas. Também conheço o KRISIUN e sou um grande fã do ANGRA, que não é exatamente Black Metal, mas gosto das melodias e eles são músicos matadores com boas músicas.
Quero agradecer pela entrevista, muito obrigado. Agora é hora de você deixar uma mensagem para nossos leitores. Manda bala.
BILWIS: De nada, meu amigo. Gostaria te agradecer e aos seus leitores pelo apoio. Não apenas para o BILWIS, mas para toda a cena do metal. A música é a chave para o mundo. Como diz Erik Rutan: “Estamos todos juntos na música extrema”. Tudo de melhor da Alemanha para o Brasil!!!
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