Eu sou um grande fã do Boris. Admiro muito suas parcerias com o Stephen O’Malley do Sunn O)))) e com o Merzbow. E confesso que estava esperando muito menos deste disco. Ele não é somente uma grata surpresa, mas mostra que a inovação pode andar de mãos dadas com a música mais “convencional”. O disco começa com “Melody”, um rock alternativo bem padrão, que pode enganar um bocado quem espera que o resto do disco será assim, pois a faixa seguinte, “Vanilla”. A canção é uma mescla entre o rock alternativo americano com um post-punk pesado, na linha do BEASTMILK, além de momentos mais “j-rock”, remetendo a mestres do gênero como O LUNA SEA e o DIR EN GREY. São riffs pesados, vocal bem melódico, bem estilo rock. A música seguinte, “Ghost of Romance”, é uma balada melancólica, com um andamento mais post-rock/shoegaze. É uma tristeza muito grande, com uma estrutura mínima de alguns riffs e ritmo lento. Em “Heavy Rain” o vocal de Wata e o peso das guitarras criam um contraste muito bonito. É uma música com corpo, com alguns lances mais puxados para o post-metal com dreampop, é uma mistura diferente do habitual. “Taiyo No Baka” é um jpop bem grudento, digno de ser abertura de algum anime. É uma das músicas mais curtas, mas ainda sim mantendo um pouco do peso das faixas anteriores, para entrar na longa “Angel”. Post rock se encontra com shoegaze e um pouco do doom metal. É a melhor música do disco, com todo o seu esplendor e majestade. Merece ser ouvida diversas vezes. Quebrando toda a lentidão e melodrama, “Quicksilver”, outra música longa, é post-hardcore, doom, screamo e outras combinações malucas. É uma música veloz, pesada, gritada e excelente, até mesmo com alguns experimentalismos. E fechando o trabalho, “Siesta”, uma faixa instrumental bem sóbria e tranquila. O saldo final é que este, sem dúvidas, será um dos lançamentos do ano, trazendo uma banda que ainda é capaz de se renovar e reinventar sem cair na repetição.