Deep Space Mask: “A França nunca foi um país de rock, muito menos de heavy metal”

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Liderado pelo multi-instrumentista francês Raymz (ex-Fiinky Pie), o Deep Space Mask consolida-se como um projeto solo que funde a essência do heavy/doom metal tradicional dos anos 80 a uma evolução sonora marcada por agressividade crescente e refinamento técnico. Seus três álbuns, lançados por selos de peso como Planet K Records, Argonauta Records e Metalloscope Music, refletem uma jornada de amadurecimento criativo: do stoner metal inicial a um “heavy metal mais essencial” , onde baterias devastadoras e riffs cortantes dominam a paisagem sonora. Em entrevista exclusiva, Raymz comenta os bastidores de sua produção solitária em home studio, a filosofia de manter o projeto confinado ao estúdio e sobre como o projeto evoluiu bastante ao longo do tempo.

 

Primeiramente, obrigado por conversar conosco. Para começar, conte um pouco sobre você e como o Deep Space Mask surgiu.
RAYMZ: Comecei na música como baterista, toquei em bandas de vários estilos: punk, rock, funk, jazz, metal… Depois fui baixista e vocalista do Fiinky Pie (hard rock tradicional), lançamos 4 álbuns e fizemos muitos shows. Durante a COVID, voltei a compor no meu home studio — e assim nasceu o Deep Space Mask. Fui contratado pela Planet K Records, lancei o primeiro álbum, depois o segundo pela Argonauta Records, e agora o terceiro pela Metalloscope Music, um selo fera!

Por que decidiu manter o Deep Space Mask como projeto solo? Imagino que trabalhar em banda às vezes envolve conflitos criativos.
RAYMZ: Tenho uma visão muito clara do que quero pro DSM. Infelizmente, na França, poucos músicos compartilham essa perspectiva. Como gosto de gravar tudo sozinho e tenho um home studio, prefiro assim. Posso trabalhar no meu ritmo, sem pressão.

É clichê, mas compartilhe suas influências — musicais e não musicais.
RAYMZ: Ouço estilos muito diversos: dos Beatles e Coltrane a Venom, passando por Pink Floyd ou Slayer. Mas pro DSM, minhas maiores referências são Black Sabbath, Judas Priest, Accept, Trouble, Motörhead, Pentagram e o Metallica antigo.

Como você vê a evolução musical do projeto até agora?
RAYMZ: Avancei bastante desde o primeiro álbum — na composição, gravação e mixagem. O estilo está mais definido, caminhando pra um heavy metal mais essencial, até mais que no Burn in Hell. Aos poucos, reduzo o stoner pra dar espaço à agressividade.

Como é seu processo de composição e gravação, já que toca todos os instrumentos?
RAYMZ: Varia. Geralmente pego o violão e busco riffs num tempo específico — defino se a música será rápida ou lenta. Às vezes, a base surge na bateria, e adapto os riffs. Na gravação: começo com uma guitarra guia e claque; depois gravo a bateria até ficar perfeita. Só então parto pra guitarras, baixo, teclados e vocais.

Qual sua opinião sobre a cena doom metal atual? Bandas como Primitive Man estão expandindo fronteiras sonoras.
RAYMZ: Serei honesto: não ouço muitas bandas recentes. Mantenho lealdade ao Candlemass e à geração dos anos 80/90. Se novas bandas experimentam e têm público, ótimo! Mas minhas raízes estão no doom tradicional e no heavy dos anos 80.

Você gravou um cover do Kiss para a compilação Magick Sun, Mystic Moon. Como foi reinterpretar um clássico num estilo diferente?
RAYMZ: “Strange Ways” já estava no segundo álbum do DSM; a Argonauta só a incluiu na compilação. Sempre amei o Kiss dos anos 70 — essa música já era pesada pra época, e encaixou perfeitamente no nosso estilo. Gravei um solo psicodélico, foi divertido! Minha versão não difere muito do original: só afinei mais baixo e deixei a bateria mais pesada.

Há planos para shows ou colaborações futuras?
RAYMZ: Absolutamente não. Deep Space Mask é e sempre será um projeto solo de estúdio. É minha escolha.

Como está a cena doom na França hoje? Bandas como Gojira e Alcest alavancaram a atenção internacional.
RAYMZ: Aqui ainda é complicado. A França nunca foi um país de rock, muito menos de heavy metal. Felizmente, temos selos e fãs como você pelo mundo. Vendo quase nada na França, mas funciona bem em outros países. A cena metal extrema francesa até tem destaque, mas no heavy/doom tradicional é mais difícil.

Somos do Brasil: conhece alguma banda brasileira?
RAYMZ: Claro! Sou fã do Sarcófago e do Sepultura com o Max. Também curtia muito o Angra na era Holy Land — o show deles em Paris no Bataclan foi um dos melhores que já vi, fantástico!

Agora é hora de encerrar. Deixe uma mensagem para nossos leitores!
RAYMZ: Muito obrigado pela entrevista! Recebo muitos e-mails da América Latina — é incrível pra um francês gravando sozinho em casa ter contato com gente tão distante. Mil gracias! Sigam a gente no Facebook e Bandcamp.

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Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.