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O DESDEMONIA é uma banda lá de Luxemburgo, uma das primeiras bandas do gênero no país. Em atividade desde 1994, o grupo se mantém fiel ao seu estilo musical, um death metal com fortes influências da velha guarda do gênero. Tivemos o privilégio de conversar com David Wagner, atual guitarrista da banda, que nos contou um bocado sobre a história do grupo, como foi assumir as guitarras e, claro, como a cena da sua cidade é rica e vasta.
Poderia nos contar um pouco da história da banda?
DESDEMONIA foi fundada em 1994 pelo guitarrista Marc Dosser e o baterista Tom Michels, que se conheceram no ensino médio, pois eram os únicos que vestiam camisetas de bandas. Após fazermos algumas jams, a formação ficou completa com o Stefano de Angelis na guitarra e vocal e o irmão do Marc, Tom, no baixo. Depois nosso primeiro show aconteceu em 1996, em Luxemburgo, no renomado Den Atelier. Após o lançamento de nosso primeiro disco, Same, em 1998, o Stefano deixou a banda e foi substituído por Oli Scheeck. Então Tom assumiu os vocais e começamos a compor material novo para o próximo disco, Paralyzed, lançado em 2001. O terceiro, Existance, veio em 2010. Em 2013 o Oli deixou a banda por razões pessoais e foi substituído por mim, que era um fã da banda desde o primeiro trabalho. E por todos estes anos, não apenas fizemos discos, mas também shows ao redor da Europa e dividimos o palco com bandas como SOILWORK, DYING FETUS, HAIL OF BULLETS, SINISTER, KRISIUN, entre muitas outras.
Quais são as suas influências?
Hoje é um pouco complicado de dizer, pois tudo que você escuta e gosta, obviamente, te influencia de um jeito ou de outro e impacta suas composições. Contudo, nunca foi nosso objetivo soar como as bandas que a gente gosta, e acho que temos conseguido fazer isto de forma satisfatória. Nossos fãs, algumas vezes, pensam que parecemos um bocado com BOLT THROWER, DISSECTION, CRYPTOPSY ou o AMON AMARTH.
O seu último trabalho, Existence, saiu em 2010. Quando veremos um novo trabalho?
Já gravamos nosso novo disco durante a primavera de 2017. E o fizemos com ninguém menos que o lendário produtor sueco Fredrik Nordström (AT THE GATES, ARCH ENEMY, IN FLAMES…), que mixou e masterizou tudo em julho. Se chama Anguish e será lançado mundialmente no dia 23 de março deste ano pela Mighty Music. O primeiro single, Endless Fight, já foi lançado no dia 12 de janeiro.
Nunca tinha ouvido nenhuma banda de Luxemburgo antes e, para ser honesto, fiquei muito curioso para saber como é a cena por aí.
A cena aqui em Luxemburgo é relativamente grande e muito viva, considerando o tamanho do nosso país. Temos cerca de 30 bandas de metal em atividade neste momento e há shows quase toda a semana, tanto nos dias úteis quanto aos finais de semana, muitos deles em pequenos clubes e pubs. É muito diferente hoje do que quando começamos. Formos uma das primeiras bandas daqui a trazer este tipo de música para as pessoas. E hoje somos a banda mais longeva de Luxemburgo.
Como é o processo de composição de vocês?
A gente trabalha muito em casa. Nosso outro guitarrista, mais o Marc e eu gravamos cada ideia em casa. Algumas vezes o Marc tenta fazer algumas batidas que se encaixem em seus riffs. Como muitas bandas, usamos o Dropbox para compartilhar o que gravamos, então os outros integrantes podem ouvir e colocar novas ideias para as músicas. Então, quando vamos ensaiar, raramente fazemos uma jam, pois tentamos trabalhar as músicas que já estão prontas, daí vemos o que funciona e o que não funciona. De forma resumida, fazemos a estrutura básica em casa sozinhos e depois, juntos, colocamos as peças em seus lugares nos ensaios.
A banda existe desde 1994, o que dá para dizer, pelo menos para mim, que é algo realmente impressionante que, exceto pelo guitarrista, todos vocês continuam juntos desde então. Poderia nos dizer o que mudou durante estes mais de 20 anos de estrada?
Quando o Tom e o Marc iniciaram a banda, eles se conheciam desde a escola. Como o metal, e em especial, o metal extremo, não era muito popular naquela época, a não ser por meia dúzia de gatos pingados, eles rapidamente conseguiram achar outros integrantes.
O irmão do Marc ficou um tempinho na banda. E, desde o começo, a banda era mais que apenas amigos, pois se tornou uma grande família. Por isto, brigamos como irmãos, mas também cuidamos e respeitamos uns aos outros, como parte essencial da coisa. Deve ser por isto que o DESDEMONIA tem essa longevidade.
Como pode imaginar, cada membro cresceu como pessoal durante esses mais de 20 anos. Alguns continuam os estudos, outros foram trabalhar. E alguns também constituíram família e tiveram filhos. Todas estas mudanças nem sempre foram fáceis de contornar, pois tínhamos que adaptar nosso ritmo a estas novas situações.
E, o mais importante de tudo, a gente nunca mandou as pessoas para fora da banda, apenas a ajustamos para se encaixar nas nossas necessidades. De fato, a gente aceitou todos os pequenos hiatos, nos ajudamos a continuar com a regra mais significante para a banda, que é tocar na vida de todos nós. Então, este é um processo lento que ajudou a gente a criar uma fundação bem sólida.
Musicalmente, o nosso foco principal sempre foi tocar e compor aquilo que a gente sempre gostou. Isto é o que nos manteve unidos conforme a gente crescia, mas também evoluímos com novas influências vindas de cada músico.
Diferentemente de outras bandas desta época, a gente nunca mudou nossa música para seguir novas tendências. Isto foi ficando cada vez mais complicado para nós durante o final dos anos 1990 e o começo dos anos 2000. O cenário musical para o metal mudou tão drasticamente que, de repente, a gente passou a ser chamado de “velha escola” se você continuasse fazendo o seu trabalho da mesma forma de antes. Contar a alguém que você tocava “metal” não era mais moda.
Felizmente, lá para 2005, fomos recompensados por nos mantermos em nossas convicções. Naquela época, metal foi ressurgindo em todos os tipos e formas, a um ponto que até mesmo canções de 10 anos atrás estavam fazendo sucesso. Eu me senti supermoderno para os fãs mais novos e mais jovens. E desde então, sabíamos que continuar nesse caminho era a única maneira que servia para nós.
Você conhece alguma banda daqui do Brasil e já teve algum convite para tocar lá?
Bem, todos conhecem as bandas em que os irmãos Cavalera estão envolvidos, então, sim, conhecemos SEPULTURA, SOULFLY e CAVALERA CONSPIRACY, mas também conhecemos uma ou duas outras bandas, como KRISIUN, por exemplo. Enquanto nunca fomos convidados para tocar no Brasil, organizamos um show para Krisiun aqui em Luxemburgo em 1998, quando fizeram sua primeira turnê na Europa. Eu não diria que os conheço pessoalmente, mas encontrei o Andreas do Sepultura e o Igor Cavalera no Wacken na Alemanha uma vez, conversamos um pouco e dei para eles o nosso álbum.
Quais os planos para o Desdemonia?
Nossa meta principal é sempre tocar no máximo de lugares possíveis. Para conseguirmos mais datas de shows, decidimos fazer o nosso disco mais recente o melhor possível. E tudo isto porque o Fredrik Nordström fez a mixagem e a masterização. Também procuramos mais exposição e uma melhor distribuição, por isto assinamos com o selo escandinavo, especializado em rock e metal, Mighty Music. Esperamos que, com um som perfeito, um bom selo e um monte de esforço, consigamos fazer mais apresentações fora de Luxemburgo.
Estamos aqui na era da internet, onde você pode encontrar a maioria dos lançamentos online. Alguns países, como a Alemanha, tem uma lei que torna mais complicada a vida de quem faz downloads ilegais. E temos serviços como o Spotify. O que você pensa sobre isto?
Acho que depende de qual o nível que fazer música você se refere, porque isto pode ser bom ou ruim. Para bandas como a nossa, que não são conhecidas fora do seu próprio país, serviços de streaming e mídia social pode ajudar a ampliar o seu público, porque é mais fácil de distribuir sua música online. Por isso, agradecemos que o nosso álbum mais recente esteja disponível em todas as plataformas online e que as pessoas, que não teriam a possibilidade de nos ouvir se não houvesse esse serviço, poderão nos descobrir. Por outro lado, para bandas que ganham a vida vendendo suas músicas e fazendo shows, os serviços de streaming provavelmente estão prejudicando seus rendimentos, penso, porque são muito baratos ou grátis, como o YouTube, por exemplo.
Agora este espaço é de vocês para dizerem algo para nossos leitores.
Agradecemos muito por esta entrevista. Espero que vocês gostem do nosso novo álbum e espalhem a palavra que ficaremos eternamente gratos. 🙂
Links Relacionados
http://desdemonia.bandcamp.com/