Dez músicas para conhecer o gothic metal

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É bem verdade que as pessoas não gostam muito desta coisa de rótulos. O gothic metal é, sem dúvidas, uma destas rotulações que causam problemas por desentendimentos ou cismas dos “entendidos” de qualquer área.

Para isto que selecionei dez bandas do gênero, justamente pelo ponto de muitos “acreditarem” num metal sem gótico no meio. Gothic metal nunca teve a intenção de ser gótico e isto precisa ser entendido tanto pelos góticos quanto pelos headbangers. Também já saiu faz um bom tempo da esfera do doom metal e adquiriu características próprias. O precursor do gênero, o Paradise Lost, assim como o Theatre of Tragedy, começaram no doom e depois se distanciaram bastante. Vamos aos grupos, mas não esperem por coisas como Within Temptation ou Epica.

To/Die/For – Hollow Heart

Na época quando se chamavam Mary-Ann flertavam bastante com o gothic rock, com elementos de pop e de synth em algumas composições. Ao trocarem para o To/Die/For eles adicionaram elementos de metal, sem perder as características mais “góticas” da encarnação anterior. Depois de um tempo passaram a entrar mais ainda no heavy metal e perderam boa parte da sonoridade original.

Poisonblack – Love Infernal

Grupo formado por Ville Laihiala, que na época era vocalista do Sentenced, tinha como proposta inicial ser um grupo com uma musicalidade próxima do Type O Negative. Contou com Juha-Pekka Leppäluoto, vocalista do Charon, no seu primeiro disco, “Escapexstacy”. O primeiro e único disco gothic metal deles, para depois encarnarem num heavy metal na mesma linha do Sentenced.

Charon – Little Angel

Charon foi citado na música anterior e não poderia ficar de fora, não é verdade? O trabalho conta com os vocais graves do já citado Juha-Pekka Leppäluoto e arrisca uma sonoridade mais calcada no rock e no metal, diferente do começo do Poisonblack. Lembra em alguns momentos o próprio Sentenced, mas dentro de uma vertente menos heavy metal.

Entwine – Silence is killing me

Sinceramente não tem como fazer esta lista sem citar o Entwine. O grupo é fortemente influenciado pelo Depeche Mode e o synthpop, como possível notar nos dois primeiros trabalhos da banda, “The Treasures Within Hearts” e “Gone”, dois grandes trabalhos do grupo. Mais para frente assumem de vez o lado “metal” do gênero, apostando numa música que, vez por outra, vai flertar com o HIM.

Flowing Tears – Serpentine

Saindo da Finlândia e aportando na Alemanha, o Flowing Tears era uma promessa bacana. Um instrumental simples, bem puxado para o metal, com os vocais poderosos de Stefanie Duchêne (que infelizmente não está mais na banda), foi uma revelação interessante. Sem vocais líricos, sem nada muito elaborado e sem nada de doom, o grupo fez um disco excelente, seguido de outros medianos.

Beseech – Drama

Mais uma boa banda que acabou. O Beseech é um destes grupos a trazer um lado bem mais gótico ao metal. Sem influências diretas de doom, seus discos são muito próximos do gothic rock em muitos momentos.

Theatre of Tragedy – Venus

Raymond Istvàn Rohonyi, das frias terras da Noruega, teve um projeto que influenciaria o metal como um todo. Junto de alguns amigos, fizeram o primeiro disco, autointitulado, vindo do doom metal, só que com boas diferenças. Mesclava música erudita, passagens menos arrastadas e outras coisas. Mas é no seu terceiro disco, “Aegis”, onde temos a incorporação do darkwave ao metal de forma sublime. Era a mistura perfeita, sem marcas de doom ou de gótico, mas o meio termo exato entre os dois. Mais tarde foram produzidos dois discos eletrônicos, teve a saída de sua vocalista original, Liv Kristine, para depois lançarem mais dois discos com uma nova vocalista e encerrarem as atividades. Merecem estar aqui, com certeza.

Type O Negative – My Girlfriend’s Girlfriend

Agora começamos com um dos alicerces do estilo. O grupo liderado pelo já falecido Peter Steele começou como um trabalho de doom metal e foi incorporando muita coisa de música gótica em seu som. É importante por ter trazido ao metal este lado mais “dark” em músicas como Black No1, Christian Woman e esta que vocês estão vendo. É ele quem também vai ajudar a colocar uma cara mais “gótica” dentro do metal. Tanto que temos dois covers para eles por bandas góticas: Cinderella Effect e Love Like Blood.

Moonspell – Nocturna

Os portugueses do Moonspell são decisivos para a consolidação do gênero. Começando como uma banda de black metal, depois de folk black metal e, gradativamente, incorporando o gothic rock na linha do The Sisters of Mercy e Nosferatu, eles conseguiram se tornar únicos, com a consagração vindo somente muitos anos depois, com o disco “Memorial”, afastado do som gótico e aproximado com o metal extremo.

Paradise Lost – Say just words

A raiz de todo o mal e a origem do nome gothic metal. Estes ingleses, a partir do disco “Icon”, começaram a despontar do Death/Doom e a abrir caminho para grupos como Tiamat, Moonspell e outros. Também começaram a colocar muito da música eletrônica e se tornaram, durante um tempo, uma banda mais próxima do gothic rock que do metal. Merecem ser ovacionados de todas as maneiras possíveis, seja pela criatividade, seja pelo fato de não se renderem fácil aos fãs headbangers que torcem o nariz para seus discos menos “metal”.


Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.