Apresenta críticas a uma realidade mais palpável
Eis um ponto muito difícil dos fãs de rock e metal aceitarem: o funk promove críticas sociais mais tangíveis que simplesmente falar sobre guerras, governo, religião etc. Não são críticas vazias como acontece nas músicas do Slayer (e aqui preciso me segurar para este choque de realidade com uma das bandas que mais gosto) e do Megadeth. São críticas que não mexem no status quo, ou seja, são indiferentes a quem ouve.
É neste momento que o funk se aproxima do punk, com letras que estão mais próximas da realidade e, por consequência, menos universais. Seja de forma indireta, com a reafirmação da feminilidade e do poder de escolha da mulher, como na música Larguei Meu Marido, Eu Vou Distribuir, ou de forma direta, como o Dama de Pau, do Solange Tô Aberta, para retratar parte do mundo das transexuais que são tratadas como mercadoria e que existe a hipocrisia perante à forma como são tratadas.
Isto acontece também no rock com algumas bandas do circuito punk/hardcore, mas elas, assim como o funk carioca, pertencem a um nicho muito pequeno e que dificilmente se entrega ao mainstream ou a um culto das críticas imbecilizadas e juvenis de algumas bandas de rock e de metal. Existe um ativismo político maior numa letra pornográfica de funk do que em todos os discos do Megadeth, por exemplo.