Dez razões para o funk ter mais atitude que o rock

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“Faça você mesmo” em sua forma mais pura

O punk rock inaugurou como estética e filosofia de vida o termo “do it yourself”, ou seja, não espere grandes gravadoras, não espere ter o melhor equipamento ou mesmo o refino da técnica para expressar suas ideias por meio da música. Na sua origem, punks eram pessoas pobres, pertencentes à classe trabalhadora, sofriam com as injustiças sociais, moravam em locais violentos e dominados pela criminalidade crescente e viam na agressividade do seu visual e no seu “foda-se” para tudo que fosse bem-comportado.

Nessa linha, o funk possui um contexto social muito parecido. Troque as ruas de Nova Iorque pelos morros do Rio de Janeiro e entenda que a população mais fragilizada social e economicamente não possui voz que se faça ser ouvida na sociedade. Não possui dinheiro para estudar em escolas de música, menos ainda para comprarem instrumentos musicais e gravar suas composições. É neste ponto que o lema punk ganha seus contornos à moda brasileira.

Fica nítida toda e qualquer falta de técnica ou estudo formal para os músicos de funk carioca. Mas sem as complexas melodias, os estudos em outros gêneros e usando sempre a mesma base, constroem uma metáfora para seus problemas e anseios sociais. Seja pelo desejo de pertencer a uma elite consumista a mostrar os direitos das mulheres, é fato o quanto estas pessoas, sem nenhum grande conhecimento erudito ou o quer que seja, usam da precariedade como marca para sua identidade. Você não precisa mais do que alguns segundos para identificar o gênero.


Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.