Diary of Dreams em São Paulo – Cine Joia 21-01-2012

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O grupo alemão de darkwave Diary of Dreams se apresentou em São Paulo no último sábado, dia 21 de janeiro de 2012, para a alegria dos fãs brasileiros. E mais uma vez o Groundcast esteve presente neste show memorável.

O formato da apresentação foi atípica para quem está acostumado ao esquema “entre-veja a banda-saia”, sendo, no final das contas, uma balada organizada pelo Projeto Ferro Velho e que teve como atração os shows ao vivo. Isto representou deixar o público dentro do espaço do Cine Joia, que se demonstrou excelente para receber shows do porte que o grupo de Adrian Hates merece.

O local está localizado a menos de cinco minutos a pé da estação Liberdade de metrô, cujo acesso é mais fácil assim do que de carro, embora tenha um estacionamento conveniado. Para entrar foi tranquilo, mesmo quem não tivesse o ingresso antecipado não encontraria problemas e fizeram uma separação entre homens e mulheres, com revista feminina e masculina adequadas.

Dentro da casa vê-se um ambiente muito interessante, com um formato losangular imitando uma joia, razão do nome do clube. Um palco bem montado, com projetores passando jogos de imagens nas paredes e criando um efeito bem bonito era visível durante a discotecagem. Esta, aliás, merece um destaque muito grande, pois raramente se vê em baladas do tipo “underground” uma preocupação na parte do DJ e do setlist, o que significa que a noite começou bem.

Falando da casa, o espaço era ótimo, amplo, com um local para comprar fichas para adquirir as bebidas. Ela corria bem rapidamente, dificilmente alguém ficou esperando mais de cinco minutos para ser atendido. O local, como um todo, estava sempre bem limpo, incluindo os sanitários. Além disto, é importante mencionar a qualidade dos equipamentos de som e de iluminação, muito bons e melhores do que a média das casas de São Paulo, o que também contribuiu para deixar um excelente clima lá dentro. Some a tudo isto os funcionários bem preparados para lidar com o público, educados e extremamente solícitos.

Depois de algum tempo de discotecagem entra a banda de abertura, o Segundo Inverno. O grupo paulista, formado por Carlos Porto (baixo e voz), Dennis Monteiro (voz, guitarra e programação) e Renato Andrade (guitarra e voz) faz um post-punk com traços de new wave, lembrando muito bandas em suas fases mais antigas, como Titãs, Paralamas do Sucesso e Legião Urbana. O show, entretanto, não pareceu empolgar as pessoas, que certamente queriam ver o grupo alemão e não se mostraram interessadas na desempenho do trio.

Após a abertura aparecem os membros do grupo durante a introdução do disco mais recente, para depois emendarem com a “The Wedding”, faixa de trabalho do disco (if). Confesso que não esperava a agitação de uma das músicas mais “metal” do grupo, mas ao vivo ela soava muito diferente da versão de estúdio. O que, aliás, vale a pena destacar, é que a desempenho do grupo todo foi muito diferente da que aparece nos vídeos ao vivo na Europa e mesmo no DVD Nine in Numbers. Adrian Hates possui um carisma e uma presença de palco muito grandes, interagindo com o público, que se extasiava em cada música. Os outros membros também possuíam presença de palco, com exceção do baterista, que por motivos óbvios não conseguia tirar sensações diversas de quem assistia.

Um dos momentos mais altos foi com a música “Chemicals”, grande hit do grupo, presente no disco “One of 18 Angels”. O público acompanhada, sobretudo no refrão. A empolgação crescia a ponto de explodir quando emendaram com o clássico “The Plague” e depois com “Reign of Chaos”. Após uma sequência de boas músicas, ao anunciar a música “False Affection, False Creation”. Seguiram-se outras músicas, com as pessoas se mostrando cada vez mais animadas, até o momento que toca “King of Nowhere”, outro single do disco (if), agitando demais a pista, seguindo com a música de trabalho do novo disco, “Undividable”.

“Amok” era cantada com muita empolgação pelos presentes, um dos grandes hinos do grupo alemão, seguida por “The Curse” e pela “Butterfly:Dance!”, músicas que levaram os fãs ao delírio. Para o bis o grupo escolhe duas músicas mais “soft”, fechando muito bem a apresentação memorável na cidade de São Paulo.

Fazendo uma análise do show, o grupo se mostrou muito coeso, executando as músicas de forma soberba. Estas ficaram mais pesadas que suas versões de estúdio, onde as duas guitarras e a bateria física eram mais evidentes. Talvez até mesmo pela natureza do concerto fosse muito complicado colocar algo mais “dançante” por assim dizer. Ressaltando que não é um grupo extremamente técnico, pois suas músicas não são deste tipo, por isto o que as tornava especiais era na forma como o senhor Hates e cia iam interagindo com as pessoas e pela “energia” que a própria apresentação tinha, era especial, de todo o jeito. No palco se mostraram muito superiores ao que era esperado, quem acompanha a banda pelo youtube não consegue ter metade da ideia de como um show deles transcorre de forma harmoniosa e bem-executada

Entretanto, nem tudo aconteceu como deveria e houve alguns problemas. O primeiro aconteceu no pós-show, onde a banda distribuiu autógrafos e posou para fotos. O espaço era muito pequeno, fazendo com que todo mundo se espremesse para falar com eles. O segundo se deu pela falta de locais para sentar. O Cine Joia precisa começar a providenciar sofás ou algum tipo de local para as pessoas sentarem em eventos com o formato igual ao do show, uma vez que as pessoas ficam cansadas e desejam um pouco de conforto. Também não avistei nenhum ambulatório ou ambulância nas imediações, o que poderia ser vital caso acontecesse algum problema.

Para finalizar, mesmo com estes pequenos problemas, o evento foi, seguramente, o melhor já produzido pela equipe do Projeto Ferro Velho. Profissionalismo, respeito pelo público e, acima de tudo, uma organização que foi impecável. Parabéns ao Rodrigo Cyber e a Lu Tonoli por todo o empenho e garra.

Que venham novos shows para o Brasil!

 Setlist do Diary of Dreams

1.    Intro X’s

2.    The Wedding

3.    Lebenslang

4.    MenschFeind

5.    Chemicals

6.    The Plague

7.    Reign of Chaos

8.    21 grams of Nothing

9.    Giftraum

10.    Echo in Me

11.    Mein-Eid

12.    False Affection, False Creation

13.    Wahn!Sinn?

14.    Choir Hotel

15.    Tick

16.    King of Nowhere

17.    Undividable

18.    Kindrom

19.    Amok

20.    The Curse

21.    Butterfly:Dance!

22.    Traumtänzer

23.    She and her darkness


Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.