ENTREVISTA: I Shall Move the Earth

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ISMTEVindo do país de bandas como Legion of the Damned, Heidevolk, Epica, ReVamp, entre outras, I Shall Move the Earth mostra como ser criativo dentro de um estilo com tantas bandas boas. Tocando um Black Metal mais melódico e com seu primeio EP (Bluenprints MMXIII), ISMTE nos faz embarcar em uma densa estória de magia e tecnologia, com três brilhantes músicas a banda nos trás um som maduro e honesto. Confira a entrevista que CW e Niels concederam ao GroundCast.

GroundCast – Para começarmos, conte-nos, como tudo começou?

CW: No fim de 2010, Niels e eu estávamos procurando por um desafio musical. Eu já tinha tocado em algumas bandas de metal, mas nada era feito da forma que eu realmente queria. Nos conhecíamos há algum tempo já e sempre conversamos sobre fazer algum juntos, então, após Niels postar uma mensagem em seu facebook procurando músicos para um projeto novo, respondi que essa era a hora de fazermos algo. Pouco tempo depois, Niels gravou as primeiras partes de batera e guitarra do que futuramente se tornaria a música “Mind’s I” e me enviou para que eu desse uma olhada. Fiz o teclado da primeira parte da música e enviei de volta para ele que em um final de semana escreveu a música toda. Tudo veio de forma bem natural, e vimos na hora de que realmente valia a pena continuar. Enquanto isso Niels já estava conversando com Rowan sobre a possibilidade de fazerem música juntos, eles fizeram parte da mesma banda (ou ainda fazem, não sei ao certo) chamada Heidevolk. Eu já conhecia Rowan, pois tocamos juntos na minha antiga banda de black metal, “Serenade of Darkness”, então foi algo bem natural e confortável saber que o teríamos nos vocais. Robert por sua vez, tocou com Rowan no Bolthorn, ele é guitarrista, mas procurava uma oportunidade de tocar baixo, então, nós quatro começamos a trabalhar e como resultado, temos nosso EP, Blueprints MMXIII.

Niels: Eu acredito que tudo aconteceu no momento certo, os quatro se conhecem há anos e sempre quisemos fazer algo mais diferente dentro da música, mas de alguma forma nunca tivemos a possibilidade de trabalhar juntos. Agora posso afirmar que todos tem a experiência e os equipamentos necessários para fazer a música que tanto queremos.

GroundCast – Quais são as suas influências?

Niels: Para a banda eu posso dizer que são as bandas de Melodic Black Metal da metade dos anos 90, mas o que faz ISMTE tão legal éBlueprintsMMXIII que todos nós temos diferentes influências e diferentes bandas favoritas. Além de metal, escuto muito música folk/indie de grupos como First Aid Kit, Hexvessel, Les discrets e a trilha sonora do Cirque Du Soleil, o trabalho de Christophe Heral, Stephane Picq, Pierre Esteve (um brilhante compositor de músicas para vídeo games) e atualmente o novo CD do Ghost BC tem tocado bastante aqui.

CW: Eu escuto muitas bandas e estilos diferentes de música. Para o ISMTE minha inspiração vem de bandas como Covenant, Emperor, Arcturus, Dimmu Borgir e Satyricon. Também posso citar bandas como Enslaved e Abigail Williams. Fora do metal compositores como Hans Zimmer ou Philip Glass (por exemplo, eu usei o mesmo padrão de sampler que ele usou em Glassworks na parte do meio da Mind’s I), além disse, sou um grande fã de Ulver, principalmente da fase mais nova.

GroundCast – Qual o significado do nome “I Shall Move the Earth” e o que ele representa para banda?

CW: Archimedes, um famoso filosófo e cientista grego uma vez escreveu emu ma carta para o rei: “Me dê uma alavanca grande o bastante e um ponto de apoio para coloca-lá e eu moverei a Terra”. Com essa frase ele defendeu a lei das alavancas (que você deve ter aprendido nas aulas de física básica da escola). Uma das primeiras coisas que decidimos fazer quando começamos a banda foi fugir do clichê black metal e tentar algo novo. Então voltamos para o final do século 19, começo do século 20, onde a eletricidade e a fisica moderna estavam caminhando pela sociedade, o que inclui muitas questões éticas acerca disso. Pense por exemplo na estória do Frankenstein, onde um monstro foi criado usando partes de corpos mortos e eletricidade, a estória traça um paralelo de como a tecnologia era aceita naquela época. Adicionando um pouco de magia a tudo isso, pense em Aleister Crowley. Com tudo isso conseguimos um conceito interessante e por esse motivo precisávamos de um nome que fosse ao mesmo tempo científico e filosófico, mas com um toque de misticismo. I Shall Move the Earth se encaixa perfeitamente nisso e eu espero que esse nome viva por muito tempo.

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GroundCast – Vocês lançaram seu primeiro EP no dia 24 de Julho desse ano, como foi a aceitação do material?

CW: Tem sido bastante posiivas, é um momento muito legal para nós, pois estamos trabalhando nessas músicas desde 2010. Foi a primeira vez que lançamos isso ao público. Claro, ainda não temos muitos fãs, mas todos que tem ouvido tem nos dado um feedback bem positivo.

Niels: Como o próprio CW disse, estamos tendo uma ótima aceitação. O mais legal é que as pessoas nos perguntam do conceito da música, artwork, etc. A forma como tudo isso ficou é algo que eu realmente me orgulho, não apenas eu como a banda toda. É realmente um ótimo momento para nós.

GroundCast – Existe algum conceito nas músicas do EP?

CW_synths
CW – Teclado

CW: As três músicas do EP são parte de uma estória que Rowan está escrevendo. O cientista que você vê na capa é nosso protagonist. Ele se tornou o criador de um mundo, esse universo foi criado a partir da fusão de ciência e magia, podemos dizer que ele seria o Deus desse mundo. Na primeira música vemos como ele está a par da criação de seu próprio mundo, como ele reage e pensa. Ele começa a reparar nessas habilidades divinas e é bombardeado por ideias e inspiração. Com tudo isso, ele acaba sendo preso nessa realidade distorcida e lentamente ele começa a perder sua compreensão de realidade e sanidade (Blueprints of Divine). No final ele percebe que não pode resistir a esse spoderes por muito tempo e procura alguma maneira de se livrar dessa realidade distorcida. Isto pode ser escutado e percebido na última frase da música “Absolution in the Eyes of the universe”: ‘There is not, and never will be on truth. There is only my own”.

GroundCast – Vocês possuem um som consistente e maduro, como é o processo de composição de vocês?

CW: Com exceção de Rowan e Niels, nos vivemos espalhados pelo país com nossas agendas lotadas. Ensaiar frequentemente é algo bem complicado. Nós usamos um sistema em nuvem para compartilhar nossas criações e material. Todos nós temos um pequeno estúdio em casa onde podemos fazer nossas pequenas gravações. Geralmente eu e Niels aparecemos com algumas ideias. Vamos lapidando essas ideias até que tenhamos um esboço da faixa (ou das faixas). Geralmente Rowan tem alguns comentários sobre os arranjos para que encaixem perfeitamente com as letras. Robert é o engenheiro de som, ele tem um pequeno estúdio em casa, então é ele que toma conta da parte de gravação, após termos uma boa ideia da faixa, Rowan ter encaixado a linha vocal, Robert suja suas mãos um pouco e começa a trabalhar na mixagem e masterização. Ele é muito talentoso nisso, mais do que a banda inteira. Ele inclusive gravou o primeiro album do Heidevolk em casa. Posso dizer que é ele que dá a polida necessária nas músicas para que elas fiquem do jeito que vocês ouvem.

GroundCast – Vocês tem algum projeto que gostariam de compartilhar conosco?

CW: Minha agenda não me permite estar envolvido com qualquer outra banda, de qualquer forma eu sei que Niels sempre está produzindo coisa nova.

Niels: Haha, sim, estou sempre fazendo algo novo. Parece que tenho a sorte de sempre estar fazendo algo com músicos talentosos. Atualmente possuo alguns projetos bem legais, mas em desenvolvimento, apenas ISMTE é minha prioridade.

GroundCast – Vocês são da Holanda e eu conheço algumas bandas do seu país, mas gostaria de saber de vocês, como é a cena metal

Niels - Guitarra
Niels – Guitarra

Holandesa?

CW: O gosto musical em geral aqui na Holanda é terrível. A música que faz sucesso não possuí nada muito pesado, e como resultado, a cena metal é realmente pequena, mas em contrapartida ela é muito leal e ativa. Temos muitas bandas undergrounds por aqui. Dependendo de onde você morar, pode ser que existam alguns bares para se tocar, mas infelizmente não é muito fácil de encontrar, geralmente o fãs de metal tem que encontrar o prazer de escutar música em casa, já que não temos muitos locais que tocam esse tipo de música e se possa tomar uma cerveja, geralmente tomamos cerveja expostos a música de péssima qualidade hahahaha.

Niels: Eu concordo com CW sobre o gosto musical por aqui, não é lá aquelas coisas e isso é para qualquer genêro que fuja do Mainstream. Claro, temos ótimas bandas que conseguem ir muito longe, tocam nos EUA e fazem turnês. Gosto sempre de citar o Heidevolk, que é uma banda que ganhou renome internacional cantando em Holandês. Temos muitas bandas boas com musicos realmente bons. A fé da cena metal holandesa está reestabelicida 😉

GroundCast – Sabemos que uma banda geralmente é algo paralelo, normalmente os envolvidos tem um outro trabalho, vocês vivem de música (de forma direta ou indireta)? E se possuem outros empregos, como conseguem tempo para tudo?

CW: Nós começamos o ISMTE como um projeto que podemos mexer quando quisermos, pois sabemos que todos da banda são bem ocupados, então tentamos manter a pressão a menor possível. Algumas vezes muita coisa acontece e as vezes nada acontece, temos períodos de produtividade e descanso por assim dizer. A banda é parte da minha vida, este é o tipo de música que eu sempre quis fazer desde que comecei a tocar. A química entre nós é muito boa e é isso que realmente me motiva a continuar.

Niels: É realmente complicado, ainda mais com todos tendo seus projetos e tarefas para fazer, mas tratando o ISMTE como um projeto, isso nos dá muita liberdade, pois não temos aquela pressão extrema e podemos trabalhar de forma tranquila. Todos nós temos trabalhos além das bandas e as vezes é complicado lidar com tudo isso, banda, amigos, família, diversão, mas acredito que eu esteja conseguindo fazer um bom trabalho. Claro que, dois dias a mais na semana para se fazer música seria muito bom!

Robert - Baixo
Robert – Baixo

GroundCast – Quais são os planos futuros para a banda?

Niels: Escrever mais músicas e continuar a nos aprofundar nesse conceito e ver até onde isso nos leva. Claro, um álbum está nos planos.

CW: Embora tenhamos lançado apenas três músicas, terminas muitas mais. Nosso objetivo é escrever mais uma ou duas músicas e começar a gravar um álbum. Se tudo correr bem, acredito que isso aconteça no ano que vem. Nós não temos planos de tocar ao vivo, embora isso possa vir a ocorrer no futuro.

GroundCast – Estamos na era da internet, onde praticamente tudo pode ser baixado. O que vocês pensam sobre isso?

CW: Minha opinião, a era das copias físicas acabou. O modo como a música pode ser distribuida pela internet é muito superior aos métodos antigos de distribuição. Claro, eu acredito que a copia física não vai deixar de existir, uma prova disso é que a venda de vinis cresceu bastante. Eu não compro CDs há muito tempo, realmente não é algo que eu me preocupe agora, eu tento manter uma coleção das minhas bandas preferidas em vinil. Eu prefiro comprar diretamente das bandas, pois sei que desse forma o dinheiro vai diretamente para elas. Pensando dessa forma, as pessoas poderiam comprar os CDs das mãos das bandas, o que faria com que os artistas recebessem a maior parte do lucro.

Claro que a distribuição pela internet também tem seus problemas, mas a distribuição antiga também tinha. Antigamente, algumas

Rowan - Vocais
Rowan – Vocais

bandas nunca chegariam em certos locais do mundo e a internet quebrou isso, claro que os downloads fizeram com que muitos selos e gravadoras menores fechassem. Todo mundo tem contas pra pagar, mas infelizmente as bandas pegavam pouca parte desse lucro das gravadoras, e temos que levar em consideração que a maior parte do trabalho vem delas. Com a internet as coisas começaram a ser feitas de forma diferente, dessa forma você corta intermediários e as bandas podem estar em contato direto com seus fãs. Claro que isso pode ser um problema, pois algumas pessoas tem que pegar dinheiro emprestado em bancos para arcar com os custos de gravação. Tenha em mente que antes de você conseguir recuperar o dinheiro para pagar os custos das gravações, alguém já vai ter colocado seu CD para baixar no Torrent ou de forma similar.

Acredito que serviços de streaming são o futuro para a era da música digital, serviços como Spotify são um bom começo, mas acho que esse modelo de serviço ainda tem que ser melhor desenvolvido. A indústria tem que olhar para si mesma e ver a direção certa para tomar. As leis de copyright e royalties tem que se modernizar para se encaixarem nessa era onde a internet mudou praticamente tudo.

GroundCast – Todos os dias bandas nascem e morrem, mas aqui no Brasil por exemplo, parece que paramos no tempo, todo mundo quer ser igual o Sepultura ou o Krisiun. Como vocês fazem para ir contra essa maré?

CW: Primeiramente, não temos a ambição de soar como alguém. Claro, é sempre legal ser comparado com seus artistas favoritos, mas sempre tentamos fazer algo nosso. Seria muito legal ser conhecido por muitas pessoas, mas esse não é o objetivo principal. Gosto de tocar o que tocamos e espero que as pessoas também apreciem. Não estou nessa por fama e glória, pode ter certeza que se esse fosse meu objetivo eu nem teria uma banda de metal.

I Shall Move the Earth - Logo por Christophe Szpajdel
I Shall Move the Earth – Logo por Christophe Szpajdel

Niels: É engraçado como as bandas seguem uma moda ou simplesmente querem fazer “tributos” para seus ídolos. Coisas desse tipo acontecem na Europa também e muito, se assim posso dizer. Eu gosto de sempre tentar soar diferente, mas não pelo simples fato de ser diferente. Escrevemos músicas que gostaríamos de ouvir, as vezes isso pode soar familiar com algo, mas sempre estamos nos surpreendendo com nossas composições, o que é algo muito bom.

GroundCast – Obrigado pela entrevista, agora o espaço é de vocês, deixem uma mensagem para nossos leitores.

CW and Niels: Obrigado pelo interesse no ISMTE! Escutem nosso EP, “Blueprints MMXIII, se você ainda não fez dê uma olhada na nossa página do facebook e baixe o EP, é de graça

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Ilustrador, designer, vocalista, artista plástico e pentelho ans horas vagas. Fã de heavy metal e outras coisinhas mais.