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Vindos da cidade de Heinola na Finlândia, o Pressure Points apresenta um Progressive Death Metal muito bem estruturado, contando com dois discos (Remorses to Remember e False Lights). Conversamos um pouco com o baixista Janne Parikka, que pode ser conferido abaixo.
GroundCast: Para começar, conte como a banda se iniciou.
JANNE: A banda foi fundada em Heinola, na Finlândia em 2004. Kari e Vili se encontraram em um show, mas já eram velhos conhecidos. Eles começaram a conversar e perceberam que tinham muitas influências similares. Kari então chamou Vili para uma jam com algumas ideias que ele tinha composto. Depois de algum tempo me juntei a eles e logo em seguida nós três estávamos tendo ideias para alguns riffs. Vimos então que precisávamos de um nome para o grupo e assim nasceu o Pressure Points.
GroundCast: Quais são as suas influências?
Do pop até o mais extremo metal – e tudo entre essas duas coisas. Muitas bandas antigas de progressivo dos anos 70, acompanhadas de lendários grupos dos anos 80. Bandas como Rush, ELP, Kansas, Queensrÿche, King Crimson, Pink Floyd, Jethro Tull, Camel, Porcupine Tree, Dream Theater, Anathema, Devin Townsend, Strapping Young Lad, Muse e Tool, entre muitas outras que tiveram impacto de alguma forma em nossa percepção musical.
GroundCast: Vocês têm dois álbuns, Remorses to Remember (2010) e False Lights (2015). Por qual motivo demorou tanto tempo para que um segundo álbum fosse lançado e o que mudou na banda nesse tempo?
JANNE: As razões para isso são diversas. Nosso antigo guitarrista, Juho, deixou a banda em 2011 e isso foi de certa forma o principal motivo. Tínhamos feito muitos shows e queríamos descansar um pouco, nos concentrarmos em um novo material e enquanto isso achar alguém para o posto de guitarrista, mas não qualquer um, a pessoa certa para calçar as chuteiras. Isso aconteceu apenas em 2013 quando Jaako nos contatou dizendo que tinha interesse em se juntar a banda. Após um pequeno test drive estávamos certos de que era o nosso cara. Ele apareceu exatamente no meio do processo de gravação e sabia que teria muito o que correr atrás. Não apenas com o que iria compor – ele também faz vocal limpo nas duas primeiras músicas do álbum False Lights – também atuou como coprodutor e engenheiro de som. Acho que isso é bastante para um cara novo, certo?
Não era a nossa intenção parar por tanto tempo, mas aconteceu. Muitos incidentes aconteceram ao longo do caminho e nós não queríamos ser distraídos no meio do processo de gravação, então esperamos. Acredito que tenha sido o melhor a se fazer, pois ficamos realmente orgulhosos do resultado.
GroundCast: Fale um pouco do novo trabalho, seu conceito, como foi gravá-lo e a aceitação.
VILI: Um álbum de estreia é normalmente um “hit collection” do catálogo da banda e em nosso caso isso não foi exceção. Já o False Lights foi escrito praticamente do zero.
Além disso, a grande diferença foi o tempo e o esforço colocados para compor, gravar e arrumar as faixas. O grande desafio foi manter tudo conectado enquanto íamos para um lado mais experimental. Algumas músicas passaram por mudanças drásticas e alguns sacrifícios tiveram que ser feitos no processo criativo.
A ideia original para as letras veio das lendas de que os barcos eram atraídos para o perigo por luzes falsas. Esse pensamento encapsula o Zeitgeist do mundo moderno. Aqueles com o poder estão nos liderando para algum lugar, enquanto os menos poderosos lutam para continuar a bordo. Os temas são um tanto quando universais, incluindo tópicos como poder e desigualdade. Esses assuntos são abordados de forma global e com uma perspectiva individual. O álbum é bem forte liricamente e alguns podem considerar isso um álbum conceitual.
Ele foi gravado de uma forma bem moderna. Quase todos os instrumentos foram gravados em lugares diferentes e temos recebidos resenhas muito boas de vários lugares do mundo.
GroundCast: Conheço a banda desde o primeiro lançamento (Remorses to Remember) e queria saber como é o processo de composição, vocês têm um compositor principal?
JANNE: A maior parte do material do primeiro álbum foi escrita pelo Kari. No começo ele nos trazia alguns riffs e o colocávamos juntos no ensaio e eram assim as coisas naquela época. Desde então, aprendemos muito sobre composição. Nada é composto e incluído numa música sem propósito. Em Remorses to Remember tínhamos muito material antigo e como dito antes, as músicas eram em sua grande parte material do Kari. Não estou dizendo que existe algo errado com isso, mas elas foram compostas de forma muito diferente das do False Lights. Com o passar dos anos nós aprendemos a criticar nosso material muito mais e inclusive descartamos alguns ótimos riffs, pois queríamos que as músicas soassem mais como uma coisa só. Hoje em dia não posso dizer que temos um compositor principal. Temos muitas coisas do nosso tecladista e do novo guitarrista e apenas como curiosidade, partes do material foi escrita pelos dois guitarristas originais, Juho e Timo.
GroundCast: Sobre a arte de False Lights, qual a conexão dela com a música?
VILI: Falamos um pouco das letras, que nelas têm uma certa mensagem (sem esperança) no imaginário, mas nós não somos os mensageiros do apocalipse. O tom do álbum é sombrio, deveríamos nos preocupar, mas não cair em desespero, pois o otimismo é uma das armas mais poderosas contra a miséria.
A arte mostra o estado naufragado do mundo, mas como em todos os naufrágios, existem uma forma de ser salvo.
GroundCast: Algo que talvez muitos não saibam, como é ter uma banda de metal na Finlândia, como é a cena metal daí?
JANNE: Na minha opinião a Finlândia é um dos países mais ativos e entusiasmados com o metal em todo mundo. Se não me falha a memória, o meu país estava nas estáticas como aquele com mais bandas de metal per capita no mundo. É um bom começo para entender como são as coisas por estes lados. São tantas que é até difícil você estar fora desse meio. E não escolhemos tocar algo assim para ser diferente dos demais, foi algo que aconteceu, algo que podíamos colocar nosso coração e emoções e parece que tem muitos outros que compartilham da mesma paixão. O que para nós é realmente muito inspirador e motivador.
E claro, se você é um metalhead, posso dizer que a cena metal daqui é o lugar certo para ti. Tem música para todos os gostos e a qualidade de produção e composição são impressionantes. Sem mencionar os excelentes músicos que temos, até mesmo os mais novos estão adquirindo uma virtuosidade enorme.
GroundCast: Da onde vem o nome Pressure Points, o que ele significa para a banda e para as músicas que vocês tocam?
JANNE: Foi originalmente inspirado pelo disco ao vivo do grupo britânico Camel (NOTA DO EDITOR: Camel é um dos nomes mais importantes do rock progressivo). Existe também um motivo mais profundo, o nome remete a como você sente as diferentes emoções pelos pontos de pressão do corpo. E como já sabemos, ouvir música pode ativar memórias e sentimentos.
GroundCast: Estamos na era da internet, pessoas conseguem fazer download de praticamente tudo. O que vocês pensam sobre isso?
JANNE: Nossa banda surgiu na transição onde as pessoas passaram a ter acesso a internet rápida em seus computadores e celulares e por essa razão estamos bem confortáveis em relação a tudo isso. Acreditamos que nossa música é mais do que um simples mp3 ou um arquivo que você compartilhe por aí. Então não ligamos muito de onde a pessoa nos conhece ou como ela conseguiu nosso material e em qual formato ouve, apenas queremos que nos deem uma chance e ouçam nosso material. Ainda existem muitos ouvintes que compram material original e apenas das bandas que eles mais gostam. Não vejo nada de errado com isso e sabemos que o que tocamos ou você gosta ou odeia, é difícil ter algo no meio termo. Se alguém ama esse tipo de música, por que não comprar uma cópia física e ouvir com a melhor qualidade e ter um encarte muito bem produzido (e até com autógrafos, se nos pedirem)? Eu gosto muito de vinil, mas apenas compro o que eu realmente gosto e existem hoje muitas formas de streaming e plataformas de download legais que nos trazem uma gama enorme de bandas por apenas algumas moedas por mês.
GroundCast: Qual os planos futuros da banda?
JANNE: Atualmente estamos indo com a maré. Temos grandes expectativas para o álbum False Lights e esperamos que ele alcance muitos ouvintes. Acreditamos que teremos a oportunidade de uma pequena turnê. Também estamos começando a compor material novo e podem ter certeza que faremos de tudo para que isso veja a luz do dia em menos do que cinco anos…
GroundCast: Obrigado pela entrevista, agora o espaço é de vocês para dizerem algo aos nossos leitores.
Esperamos poder ver vocês no palco logo! Já estamos produzindo material novo e a distância do segundo para o terceiro álbum não será tão longa.
VILI VOI HEITTÄÄ TÄHÄN JOTAIN LÄPYSKÄÄ