Erudite Stoner: “Para mim a melodia é mais importante do que a técnica”

4 min


0

Música instrumental no Brasil é um ramo muito forte, mas infelizmente pouco conhecido. Temos grandes nomes como o Labirinto, Satanique Samba Trio, Macaco Bong, apenas para citar aqueles ligados ao rock. Se formos para o erudito, temos o Quaternaglia, o Paulo Bellinati, algumas grandes composições do Hermeto Pascoal, entre outros. E por que não juntar ambos, com atmosferas folk e uma dose generosa de virtuose. Conheça o Erudite Stoner, projeto de Matheus Novaes, que recentemente lançou seu primeiro disco autointitulado.

Créditos das fotos: Babi Bertagnoli

Adição de efeitos: Groundcast

Muito bem, ficamos muito felizes de poder entrevista-lo. Para começar, conte um pouco sobre sua carreira musical, quando que o garoto Matheus decidiu que iria começar a fazer música?

Meu interesse por música começou bem cedo, apesar de soar clichê, tudo começou quando ouvi Beatles pela primeira vez no filme “A Hard Day’s Night”, especificamente a música Don’t Brother me” composta por George Harrison.

Eu sou da cidade de Santos e por aqui sempre rolou alguns projetos culturais bem bacanas, foi num desses projetos que comecei a ter aula de violão erudito, realmente adquiri uma boa base cultural nesse período.

Apesar de ter tido o contato com a música erudita, sempre fui muito ligado ao rock como ouvinte e colecionador, devido ao colecionismo virei frequentador de algumas lojas, onde fiz amizades e onde sempre ocorreu troca de informações. As primeiras composições surgiram tocando com um amigo, a maioria dessas composições soavam bem stoner, com bastante influência de Kyuss, Fu Manchu e Atomic Bitchwax. Mas sempre quis fazer um projeto mais introspectivo, um disco que com certeza despertou a coragem de iniciar esse projeto foi o “Souvenirs d’um autre monde” do Alcest.


A primeira coisa que salta aos ouvidos é o elevado grau de complexidade do trabalho, mas sem soar extremamente hermético ou complicado. Como você pensou na concepção das músicas?

Nunca fui muito fã de músicos virtuosos, as composições surgiram naturalmente talvez um espelho das minhas influências e base musical. Para mim a melodia é mais importante do que a técnica, quis que o projeto soasse mais intimista e fosse aberto a interpretações.

Quando ouvi seu som a primeira vez me lembrei muito do Weiland, da banda Empyrium, mas também sinto muitas referências de violão erudito neoclássico e até uma ponta de música brasileira. O que te influenciou e te influencia como artista?

Possuo várias influências desde livros, filmes, até vídeo game. A faixa “Alienist” é inspirada na obra de Machado de Assis, outro livro que me inspira bastante é o Apanhador no campo de centeio de J.D. Salinger. Quando vejo algum filme sempre me ligo na trilha sonora, algumas que tenho escutado bastante ultimamente são dos filmes Amantes Eterno do Jim Jarmusch e a trilha executada pelo Popol Vuh para o filme Nosferatu do Werner Herzog. Nos games curto a trilha do Silent Hill 2 composta pelo Akira Yamaoka e a do Last of Us por Gustavo Santaolalla.

Como você classifica a música do Erudite Stoner? Aliás, por que esse nome para o projeto?

Apesar de eu usar rótulos no dia a dia para classificar algumas bandas, eu não consigo classificar meu som. O nome é aberto para interpretações, mas a princípio são dois gêneros musicais bem presente na minha vida, acho que a música “Waiting for the storm” resume bem isso.

Como tem sido a recepção deste trabalho? Eu tenho lido ótimas reviews do álbum, incluindo muitos elogios à faixa Far away from city walls. Para mim a melhor fica é a Waiting for the storm, sobretudo por ter uma levada que me remete a grandes baladas e um pouco daquela emoção da viola caipira e tem na segunda metade um gostinho daquele shoegaze maroto. Possui outros projetos musicais além do Erudite Stoner?

A recepção do projeto está sendo bem positiva até melhor que imaginei, estou recebendo boas resenhas e mensagens de fãs de vários cantos do mundo. Estou trabalhando em algumas composições para um novo projeto com foco mais shoegaze e slowcore.


Quais são seus planos para o projeto?

Pretendo lançar material físico antes de começar um novo álbum para o Erudite Stoner.

O que você acha dos serviços de compartilhamento de músicas e dos serviços de streaming? Eu vi que você lançou o trabalho nas plataformas de streaming como o Spotify.

Escolhi lançar nessas plataformas pois é uma forma de divulgação, não tenho nada a perder. Não uso Spotify mas sei que muita gente usa, sou fã do Bandcamp, é uma ótima plataforma para as bandas divulgarem seus trabalhos e para os usuários conhecerem bandas novas e darem suporte as suas bandas favoritas.

A pergunta que a gente sempre tem que fazer: você consegue viver de música, ainda que não da sua música?

Infelizmente não vivo da música, mas seria um sonho.

Eu agradeço sua atenção, as pessoas precisam MUITO conhecer a sua música. E aí é aquela hora que você deixa um recado pros nossos leitores. Manda bala.

Meu recado para os leitores, vocês podem conferir o meu álbum de estreia na íntegra pelo Youtube, Spotify ou Bandcamp. Espero que minha música acrescente algo na vida de vocês e que os inspire de alguma forma. Se quiserem entrar em contato comigo me procurem no e-mail: [email protected] ou entre em contato pela página do Erudite Stoner no facebook que eu sempre respondo.

Links Relacionados

https://www.facebook.com/Erudite-Stoner

https://eruditestoner.bandcamp.com/

https://www.youtube.com/channel/UCId6EsciKklBVc69DVjFhMQ

https://open.spotify.com/artist/0HCruc5WVZNCSsxxwxy0C5


Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.