Espanta Hype: duo mineiro PRANADA revela um EP cru e visceral.

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PRANADA por Poliana Marques

Com três faixas, o projeto desconstrói tendências e reafirma a essência da cena independente.

Thiago Machado, o Porquinho, e Luiz Ramos, o Z, se conhecem de longa data e até já tocaram juntos na Fodastic Brenfers, um dos vários projetos que já criaram ou participaram na cena belorizontina. Em 2023 eles resolveram que era a hora de criarem um projeto juntos, interagindo e trabalhando juntos nas composições e em todas as ideias. Assim surge o PRANADA, com porquinho na guitarra, voz e synths e Z na bateria e voz.

“A gente já tinha tocado junto em uma banda, tínhamos outros projetos, mas queríamos fazer algo novo. Começar do zero sabendo o que a gente sabe é um caminho muito diferente de quando conseguimos nossos primeiros shows da vida”, comenta Porquinho. Misturando nu metal, grunge e doses de ironia, periculosidade e experimentalismo. O som do PRANADA é pesado, mas sem perder um tom provocativo e irreverente.

O primeiro lançamento foi o EP ao vivo “BALADAS” (2024), que mostra bem como a banda funciona nos shows. “Apesar de ser um primeiro lançamento, gravado no final de 2023, a banda demonstra maturidade e uma identidade bem definida”, comenta o Z. Embalados pela repercussão positiva entre os amigos, o duo adentrou o estúdio Moai para gravar algumas canções.

Assim nasce “ESPANTA HYPE”, EP de 3 faixas que diz muito sobre a visão da música comercial desta dupla de quarentões. Um trabalho de rock totalmente fora do esperado na música pop da cidade, “quase como uma afronta ao que está no topo das listas de streamings”, explica Z. A sonoridade é suja, distorcida e intensa, sem medo de fugir de padrões. “No fim das contas brincamos com a ideia de que fazer música como fazemos é correr contra a correnteza”, complementa Porquinho.

Dentre as faixas do trabalho, duas já são conhecidas do público que cola nos shows da banda. “Amigo do fim” está no EP ao vivo baladas, mas mudou muito da versão inicial para esta que sai agora. A música fala sobre inevitabilidade, depressão, nihilismo e mais. “Morrer mais rápido” é uma regravação de uma música do Grupo Porco, lançada em um álbum de 10 anos atrás. No formato duo ela ficou mais intensa e o peso da letra ficou maior nestes 10 anos com uma pandemia no meio do processo. “Dançando na tumba” é a faixa principal do trabalho. Gravada em 2024, trata de uma canção sobre relacionamento em geral, inclusive de pessoas com coisas, situações e substâncias.

“A ideia é que as pessoas consigam se identificar com as letras, que sintam o peso dos arranjos e que tenham a curiosidade de ir aos shows. É um disco triste, mas dá pra ficar animado ao vivo”, afirma o duo, que é responsável pela mix e master do trabalho. A parte visual fica por conta do Z e o EP chega com a vontade e a ideia de uma minitour de lançamento em junho, com shows em BH, SP e outras cidades no caminho. Vitor Brauer, cantor e compositor mineiro (da Lupe de Lupe e vários outros projetos), escreve o texto de apresentação do EP e afirma: “Entre os boomers, a geração Z e os doomers, perdidos nesse vão de nem lá nem cá, avistamos o abismo. Nesse abismo se encontraram três canções de verdadeiros veteranos do rock belorizontino.” Olhe para o abismo e ouça você também.

OUÇA E SE DELICIE COM ESSA ODE MILLENIAL: BANDCAMP | YOUTUBE (Em breve nos outros streamings)


Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.