technology.On.Dope: Entrevista com Simone Zuccarini

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O grupo Generation.On.Dope é bastante interessante. Fundado em 2002, seu som é uma mistura de laborious rock oitentista com metalcore, submit-punk e outros. Entrevistamos Simone Zuccarini, vocalista e fundador da banda. Confiram logo abaixo.

GenerationOnDope1GROUNDCAST Estamos muito honrados em entrevistar Simone Zuccarini, do grupo italiano Generation.On.Dope. Para iniciarmos, poderia nos dizer pouco sobre como você começou sua carreira como músico?

SIMONE ZUCCARINI Bem, comecei quando criança, tinha 14 anos e só queria imitar meus artistas preferidos, assim como muitos adolescentes fazem. Então, ao longo dos anos, senti a necessidade de fazer algo mais pessoal.

GROUNDCAST O que nome Generation.On.Dope significa? É uma forma de criticar a nossa geração atual?

SIMONE ZUCCARINI Não é uma exatamente uma crítica, é mais como uma sugestão. Há um monte de coisas inúteis das quais não podemos viver sem e que, de alguma forma, nos torna escravos delas, enquanto muitas pessoas são obrigadas a viver com menos do que o necessário. Talvez o nosso objetivo seja nos libertar daquilo que não precisamos,  para tornar este mundo um lugar melhor para viver.

GROUNDCAST Quais são as dificuldades de manter uma banda na ativa, em sua opinião?

SIMONE ZUCCARINI As dificuldades aumentam com o tempo. Depois de muitos anos tocando em uma banda, você pode enfrentar uma falta de motivação que, na maioria dos casos, leva a um rompimento. No nosso caso, a nossa motivação é a necessidade de expressar nossos sentimentos e ideias através da nossa música. De certa maneira, a música melhora a nós mesmos.

GenerationOnDope2GROUNDCAST Você começou com uma banda de hard rock chamada Razzle Dazzle, soando muito diferente de hoje. Poderia nos contar um pouco sobre o tempo como membro do Razzle Dazzle?

SIMONE ZUCCARINI Foi um grande momento, entre 2003 e 2006, o cenário do rock na Itália é muito dinâmico, tivemos a oportunidade de fazer centenas de shows ao longo desses anos, nos divertindo muito e conhecendo um monte de gente bacana.

GROUNDCAST Poderia nos dizer sobre o que suas principais influências?

SIMONE ZUCCARINI Somos influenciados por tudo o que ouvimos e todos nós ouvimos um monte de música, principalmente heavy metal em todas as suas vertentes, mas também punk-hardcore e assim por diante.

GROUNDCAST Ouvindo atentamente o seu trabalho, nota-se a mudança e a incorporação de novos gêneros musicais, sem perder a essência do heavy meta. Em alguns momentos noto um flerte com o metalcore e o post-punk. Como você define o gênero do Generation.On.Dope?

SIMONE ZUCCARINI Bem, é difícil dizer. Quando se trabalha tão duro em uma gravação, você não é mais imparcial ao falar sobre ele. Por outro lado, é muito interessante ver como os ouvintes definem a nossa música. Curiosamente a definição mais fashionable é simplesmente “rock alternativo”.

GenerationOnDope3GROUNDCAST De onde surgiu a ideia de gravar um cover do The cure?

SIMONE ZUCCARINI Ouvimos pela primeira vez “Burn” na trilha sonora do filme “O Corvo” há muitos anos. Riccardo fez o arranjo, nós estávamos incertos sobre colocá-lo ou não no registro, mas quando toquei pela primeira vez, logo senti que faria parte do nosso repertório para sempre.

GROUNDCAST Normalmente os membros de bandas de metal adotam uma estética visual com temas mais agressivos ou sombrios. No entanto vocês se vestem como pessoas comuns. É proposital? Por quê?

SIMONE ZUCCARINI Às vezes parece que o visual é mais importante do que a música e isto é restritivo demais. Tentamos escapar deste clichê adotando uma roupa neutra, para concentrar a atenção das pessoas sobre a música que tocamos.

GROUNDCAST Como foi a produção do álbum “Ghosts”?

SIMONE ZUCCARINI Gerenciamos todo o processo nós mesmos, sem o auxílio de um produtor. Foi um trabalho árduo e podíamos ter errado, mas acreditamos ser necessário, pois assim foi possível preservar o som heterogêneo do disco.

GROUNDCAST Poderia comentar um pouco sobre as letras do novo álbum?

SIMONE ZUCCARINI Elas falam principalmente sobre o declínio de uma sociedade, há referências específicas para a situação do nosso país, mas também para a luta interna de pessoas com o desejo de não fazer mais parte deste sistema.

GROUNDCAST Qual é a sua opinião sobre o compartilhamento de mp3? Em países como o Brasil é muito difícil conseguir acesso a CDs físicos e eles são muito caros, além da capacidade de compra das pessoas que desejariam ter o disco.

SIMONE ZUCCARINI Bem, quando éramos crianças, costumávamos “compartilhar” músicas copiando fitas cassetes ou CD, hoje em dia a música não é mais ligada ao apoio físico e é uma grande oportunidade, tanto para os artistas e ouvintes. O mercado global não pode lutar contra o progresso, tem que lidar com isso. Hoje existem alguns serviços como o Spotify ou Deezer, dando acesso a uma biblioteca de músicas imensa, quase de graça! É perfeitamente legal e os artistas são pagos cada vez que uma música é tocada, talvez esse seja o futuro da distribuição de música.

GROUNDCAST Como você avalia a Europa de hoje, com a crise que assola o velho continente?

SIMONE ZUCCARINI Parece-me que estamos pagando pelos erros dos outros. Sobre o meu país em especial, estamos sofrendo décadas de má administração por uma classe dominante inadequada. Seu fracasso é evidente e cabe às novas gerações prensarem na possível de um novo caminho.

GROUNDCAST Como é a cena metallic na Itália? Existe receptividade a novas bandas?

SIMONE ZUCCARINI A minha opinião sobre isto é: a cena metal aqui é sempre receptiva! Infelizmente as chances de tocar ao vivo aqui estão diminuindo progressivamente, mas há um monte de bandas que são tão boas quanto as estrangeiras.

GROUNDCAST Quais bandas você recomenda na Itália?

SIMONE ZUCCARINI Estamos em contato muitas grandes bandas. Os nossos amigos do DustInEyes lançaram um EP incrível, eles são fantásticos. Confira também o trabalho do pessoal do Rhyme, que acabaram de lançar seu segundo álbum.

GROUNDCAST Conhece alguma banda brasileira?

SIMONE ZUCCARINI Não consigo esquecer o primeiro dia em que escutei “Chaos A.D.” do Sepultura, que realmente me surpreendeu. ecu também adorava o Angra. Infelizmente não estou tão atualizado sobre novas bandas, todas as sugestões são bem-vindas!

GROUNDCAST Obrigado pela entrevista. Aqui é o espaço para deixar uma mensagem para os leitores do Groundcast.

SIMONE ZUCCARINI O tempo é a coisa mais preciosa que você tem, nunca o desperdice. Agradeço a você e a todos os leitores de Groundcast, deem uma olhada no nosso site (www.generationondope.com) ou na nossa página no fb para olhar as atualizações!

Links Relacionados

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Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.