Melhores do Ano – Lista Marginal

Pequena lista com alguns destaques sonoros do ano de 2012 sob os olhares de...13 min


0

Godspeed You! Black Emperor – Allelujah! don’t Bend! Ascend!

gybe! don't bend ascend

SENSACIONAL!! Os Donos do submit rock!

Apenas isso bastaria para que qualquer leitor entendesse o quão significativo é tal disco e, crucialmente, tal banda para a cena “post”, post Rock e publish metallic.

Falemos um pouco desse disco lançado na calada da noite, sem previews ou quaisquer menções prévias. Mesmo que após um longo período de inatividade (desde o último unencumber datado de 2002, o excelente “Yanqui U.X.O.”). Vale a menção ainda de que tal hiato, fez com que alguns acreditassem que a banda tivesse acabado, mesmo porque em 2003 foi anunciado uma pausa por tempo indeterminado em suas atividades. Contudo, por volta de 2008 a banda retornaria aos palcos.

Esse disco é recheado com todas as características que consagraram e colocaram-na como uma das mais fundamentais à música post. Com quatro faixas, sendo que duas poderíamos colocar como “intervalos drone”, o disco traz dois petardos para acalentar os ouvidos daqueles que ficaram desacostumados com tamanha consistência e qualidade musical, “Mdladic” e “Their Hellicopter’s Sing”. Duas faixas de tirar o fôlego, com os intervalos Drone servindo como transições inefáveis… (é isso mesmo!). Tem diversas ambientações com passagens que invertem paradoxalmente as sensações; lembro que durante as inúmeras audições, cheguei a me imaginar no limiar d’uma linha férrea com os sinais apitando, o trem vindo como um furação recheado de cataclismas e outros extremismos geológicos e european simplesmente inerte, como um menino apreciando aquele turbilhão todo, sem a mínima vontade de evasão, um deleite único.

Enfim, acho que esse relato sui generis pode prover alguma elucidação acerca da grande obra… mesmo que meus relatos subjetivos sejam tangencialmente entendidos.

post Rock / submit steel / Experimental / Drone

Nota:9.eight/10

 

Ihsahn – Eremita

ihsahn

Após anos e anos ouvindo metal (heavy steel, energy metallic, innovative metal, demise/Doom e algumas vezes alguma coisa de BM) coisa que me lembro de meus primeiros flertes com tal estilo lá por volta do last dos ninety’s. Após tanto tempo de audição (e não raro um “asceta”, dado a arrogância, visão unilateral e maniqueísta referente à música que só by the use of qualidade em conformidade com os padrões estáticos do metallic), por volta de 2007 comecei a ouvir a “abrir” mais a mente para outros estilos; contudo, sempre mantive audições regulares a determinadas bandas e vertentes, coisa que hoje esvaeceu um pouco, mas que perdura em alguma medida.

Enfim, essa breve digressão serve apenas para elucidar o meu distanciamento ao steel e afins, em grande medida por tais estilos (aos meus olhos) terem chegado num limite que não me atraía mais. Ademais, há de se destacar o esgotamento pelo qual vem passando ultimamente, (exceto aos ortodoxos que não gostam de racionar e conseqüentemente estão destituídos das benesses da percepção) mas deixemos isso para outra matéria.

Por falar em esgotamento e incapacidade de empolgar os ouvintes, eis que finalmente surge o redentor! Um anticristo convicto! (Hahaha impossível não brincar com trocadilhos) Eis o diferencial do presente álbum, aliás o grande mérito do cidadão Ihsahn é justamente não ser constrangido por fórmulas recorrentes e muito menos por fãs de seu passado (não nos esqueçamos do Emperor). Eremita é um disco excelente, sem medo algum de experimentar e com tamanha originalidade que facilmente seduzem os ouvidos que algum dia apreciou a truculência sonora do metal; enfim, bastante empolgante e muito bem trabalhado. As harmonias, os riffs, os pedais duplos e baixos marcantes são destacados pelo belo trabalho que mantém, mas só isso não traria toda a originalidade que foi obtida nesse disco. Os vocais estão em sintonia aguda com o todo sonoro, mas o que realmente destaca é a presença sui generis de saxofones (e outras madeiras) que conseguem transmitir uma mescla de alta entropia com desespero. E o feito now notável torna algumas músicas verdadeiras obras primas: The Eagle and The Snake, something out here, The Grave dentre outras.

Um disco extremo! Excelente e bastante empolgante.

progressive demise metal / Avantgarde /

Nota: eight.7/10

Labirinto – kadjwynh (EP)

Labirinto-kadjwynh

Alguns se perguntariam o porquê da inclusão d’um EP numa lista que contempla os melhores do ano, fator que enseja a expectativa por full lenghts… Contudo, como não existe restrição quanto à duração e número de músicas (o que seria duma pueril infelicidade), sendo o a very powerful a qualidade das músicas apresentadas, acrescido de caracteres como consistência e regularidade ao longo do disco. Enfim, tais caracteres são preenchidos sem problema algum no presente trabalho.

Conheci a Labirinto com o unencumber de 2010, Anatema, e com esse disco tornei um grande fã do trabalho dos caras. Fui pesquisar os outros trabalhos (dois EP’s, Cinza de 2006 e Etéreo de 2009) e fiquei agraciado com tais trabalhos, fator que elucida o porquê do nível atingido no full lenght de 2010. Ainda merece menção o fato de que tal banda abriu caminho, para este que vos fala perceber a riquíssima cena que se forma no cenário da publish track das Terras Brasilis, com excelentes bandas despontando em vertentes dentro da amorfa (e plástica) cena post; tem bandas de publish steel, publish rock, dark ambient, drone, and so forth., despontando na calada, produzindo barulho de qualidade. Ainda merece malesção, o abrir portas que a banda vem promovendo às bandas nacionais, dado as duas turnês internacionais recentes, pelo EUA e Canadá nas quais tocaram com grandes expoentes da cena mundial: GYBE, Mono e outras bandas. Tem-se ainda a contribuição através da Dissenso Recs, que tem lançado alguns discos nacionais e gringos e fomentado a produção de algumas bandas nacionais, vide o excelente disco Serenata da Bemônio, lançado há pouquíssimo tempo e o  diferente/consistente  “Funcionário” da Ordinária Hit, que é sensacional.

Bom, falemos agora do disco propriamente, já que tenho me perdido em digressões… o ep vem com quatro músicas, com pouco mais de vinte minutos de duração, mas que fazem um estrago sonoro daqueles. A faixa destaque é Cairo, que traz menções latentes às recentes Primavera Árabe e demais sedições sociais eclodidas no mundo árabe, além de sua participação na coletânea sem fins lucrativos “Hope for Japan” lançada em Abril de 2011, que contou a participação de inúmeras outras bandas expressivas. Voltando ao disco, vemos elementos acertados do Labirinto serem repetidos, as duas guitarras distintas que se harmonizam pela contraposição (enquanto uma é aparentemente “simples” e de efeitos mínimos, a outra é distorcida e extremamente amparada por efeitos eletrônicos; mas juntas transmitem uma sensação etérea única, característica do som da banda). No meio do disco, mais precisamente na travessia entre a música 3 e four (“Tuira” e “Piam Ket”) vemos os elementos drone aparecendo, de modo sutil e extremamente acertado, aliás saber quando encaixar tais elementos é um dos méritos da banda, que se repetem não só nessa transição entre as duas faixas relatadas, mas ao longo de todo o disco, sempre funcionando como um desenlace/prelúdio ou na inversão prelúdio/desenlace, constituindo a travessia que liga todas as faixas. Ademais, merece destaque todo o instrumental da banda, do contrário não produziria tamanho acerto.

Ao last, no encerramento da faixa Cairo, vemos a alusão às sublevações sociais, por meio de gritos que aparecem de soslaio, ao fundo do Drone e das “morosas” guitarras transcendentes.

Um aperitivo e tanto para o próximo trabalho da banda; aliás, tal disco tem o mérito de ensejar auspícios sonoros bastante sólidos quando ao próximo disco.

 Ouça…

submit Rock / Drone

Nota: 9.zero

 

Ordinária Hit – Funcionário

ordinária hit - funcionario

Pós-punk com violinos e outras cordas clássicas, somado à contestação social e desencanto mundano típercent dos anos eighty (traduzido pelo cenário que continha Ira, Garotos Podre, Titãs, Lobão, and so on. e na literatura com o Blecaute de Marcelo Rubens Paiva.) e doses de Clara Crocodilo nalguma medida “inmensurável” (não tão próximas de seu dodecafonismo característico, mas avantgarde do mesmo jeito)…

 Isso é muito foda! E authentic!

Eis o achado de última hora deste que vos fala e um dos achados mais surpreendentes deste ano, garimpado totalmente ao acaso enquanto perscrutava algumas informações lá no web site da Dissenso Recs para resenhar o EP da Labirinto. Estou na terceira audição seguida e dado a tamanha surpresa, não consegui assimilar ainda a totalidade dos elementos, contudo, isso nem importa já que o simples fato de incluí-la numa lista de melhores do ano assim de última hora demonstra o quão consistente é o presente trabalho.

Com um instrumental que reverência o punk (mesmo porque estamos falando d’uma banda pós punk atíp.c.), mas que também navega em outras vertentes distintas e alia instrumentos aparentemente díspares, como as cordas clássicas, ou mesmo a marcação do baixo. O disco em questão não é fácil de ser enquadrado (aviso aos sedentos de categorização) e isso é o que menos importa. Como falei na apresentação, a banda traz todos aqueles elementos em seu bojo sonoro e concebem sua sonoridade original, nenhum pouco pretensiosa ( talvez por conta de suas raízes), com letras fortes contestando o status quo social e o grau de alienação presente, com um vocal “simples” sem grandes cuidados, punk. Eis o conjunto dessa obra singular.

Mais uma amostra de quão frugal é a presente cena brasuca de post track… este que vos fala ainda está perplexo com tal disco, extremamente agraciado, e não sabe o que mais dizer em relação a tal disco.

Ouçam!

Prestigiem!

Pós-punk / Experimental / Avantgarde / rock

Nota: 9.3

 

 

 

 

malesções Honrosas

Bom, malesções honrosas são pr’aqueles que infelizmente não pude fazer uma resenha cabível (por motivos de tempo, audições apropriadas, and many others.). Não obstante, são conhecidos e respeitados por sua tamanha contribuição ou por terem trabalhos pretéritos que certamente colocam-nos em patamares respeitáveis. Destarte, são lançamentos que merecem destaque.

  • Neil younger – Psychedelic capsule

  • Storm Corrosion – Storm Corrosion

  • Neurosis – Honor  present in Decay

  • Scott Kelly  and  The highway home – The Forgiven Ghost In Me

  • Scott Kelly & Steve von until – Wino – Songs of Townes van Zandt

  • Rome – Hell money

  • Magnetoscop – Une Fleur Dans le Goudron

  • Bemônio – Serenata

  • Blueneck – Epilogue

  • James Newton – The Bourne Legacy (OST)

  • Patrick Watson – Adventures on your own outdoor

  • Chelsea Wolfe – Unknown Rooms a group of Acoustic Songs

  • Adolf plays The Jazz – form Follows function

  • If These timber might talk – pink wooded area

  • Soen – Cognitive

  • Agalloch – Faustian Echoes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Um cara (a)normal que gosta demais de música e de prosas descompromissadas... Ademais, poeta marginal qualquer.

One Comment

  1. Acompanho o Ordinaria Hit há alguns anos já, parabéns a todos os integrantes da banda pela originalidade do som e pelas mensagens que são transmitidas em suas músicas, nos fazendo refletir. Banda Foda!!!

    Abraço

Comments are closed.