O que define o Gothic Metal

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Amadurecimento

O Type O Negative começou, paralelamente, a trazer um lado mais “escuro” ao metal. No começo da carreira tocavam doom metal com influências de grindcore e de death metal. Com o lançamento de “Bloody Kisses”, em 1993, começaram os flertes com o gothic rock, remetendo a bandas como Bauhaus e Sisters of Mercy. A receita seria mantida posteriormente, gerando clássicos como “Black No.1“, “Love You to Death“, “My Girlfriend’s Girlfriend“, entre outros. Traziam a sonoridade gótica e uma espécie de humor negro e sarcástico, onde o próprio Peter Steele mostrava uma visão debochada do próprio meio metal.

Os portugueses do Moonspell iniciaram sua carreira no black metal . “Wolfheart”, de 1995, apresentava uma mistura de metal e música folclórica, era mais atmosférico, com músicas como “Vampiria, mais sombrias e densas. Com o lançamento do “Irreligious” aparecem as referências aos clássicos da música gótica como The Cult e Sisters of Mercy, continuando em “Sin/Pecado”, considerado por especialistas como um disco de gothic rock e não de metal. Por esta razão ele é um dos mais criticados da carreira dos portugueses, junto do lançamento seguinte, o “Butterfly Effect”, que foi para o experimental, mostrando uma veia mais “industrial”, influenciado pelo Test Dept e o Laibach, por exemplo. À partir do “Darkness and Hope” acontece a fusão entre o metal e o gótico, sendo continuada em “The Antidote”.

Theatre of Tragedy em sua última turnê.

Os noruegueses do Theatre of Tragedy também deixariam a sua marca para uma possível “definição” do gênero. Inicia-se em 1992 com Raymond István Rohonyi e Pål Bjåstad. Demorariam dois anos para a primeira demo vir ao mundo e ainda mais um ano para seu debut chegar ao mercado. Produzido por Dan Swanö (produtor e músico, este envolvido com artistas como Katatonia, Bloodbath, Frameshift etc), este marcaria o inicio da era “A Bela e a Fera”, onde os vocais masculinos guturais de Raymond contrastariam com os operísticos da estreante Liv Kristine Espenæs. Misturavam o death metal com o doom e a música barroca, com sons atmosféricos e letras em inglês shakespereano. No “Velvet Darkness They Fear” haveria uma mudança, com acréscimos de sonoridades mais góticas e mais sombrias, contando, inclusive com a participação de Tillo Wolff do Lacrimosa na música Der Tanz Der Schatten. Estes dois álbuns iriam influenciar toda uma leva de artistas, como o Macbeth, Trail of Tears, Draconian, The Sins of Thy Beloved, por exemplo. E com o lançamento de “Aegis” em 1998, o grupo abandona o doom metal para se dedicar a um estilo mesclando o darkwave e o heavy metal. Passariam por uma fase eletrônica com “Musique” e “Assembly, lançados respectivamente em 2000 e 2002, retomando ao velho som nos últimos trabalhos (“Storm” e “Forever is the World”), antes de encerrarem suas atividades.


Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.