Faz um tempo que não escrevo nada para o Groundcast por absoluta falta de tempo. Mas um episódio como a demonstração de uma postura racista como a do Phil Anselmo não deveria ficar impune ou passar batida. Nem deveria ser relativizada, como tem acontecido nos grandes portais internacionais e no Whiplash também.
Se você não entendeu o que aconteceu, vamos a um breve retrospecto: no dia 22 de janeiro deste ano aconteceu mais uma edição do Dimebash, evento cujo intento é homenagear o falecido ex-guitarrista do Pantera, Dimebag Darrell. Contou com a participação de muita gente legal e, caso queira conferir como foi, o Tenho Mais Discos que Amigos postou uma matéria bem legal sobre o evento. Eis que nesse evento o senhor Phil Anselmo, ex-vocalista do Pantera e presente nas bandas Down, Superjoint Ritual, Necrophagia, Viking Crown, Southern Isolation, Arson Anthem e Philip H. Anselmo & the Illegals resolve soltar, ao final de sua apresentação, uma saudação nazista e falar sobre o White Power, sendo retirado às vaias.
Antes de colocar o meu posicionamento, gostaria também de frisar que o senhor Anselmo ainda é uma figura relevante dentro da cena metal, assim como seu falecido companheiro. Ambos possuem histórico de mancadas envolvendo racismo e apologia ao fascismo. O que me surpreende é ver tanta gente surpresa não com o ato em si, que já é bastante condenável, mas sim com o fato do Phil Anselmo ser um cuzão da marca maior. Quem conhece o Pantera e as bandas do seu ex-vocalista e acompanha minimamente a carreira dele sabe o quanto ele já falou merda em outras ocasiões.
https://www.youtube.com/watch?v=cxQk3DC3gL0
Nesse vídeo ele coloca algumas visões preconceituosas acerca de orgulho racial. Recomendo lerem os comentários, o teor deles é estranho e incoerente. E vejam, é um vídeo de 1996 possivelmente, disponível no youtube desde 2008. Ele se coloca contra o domínio da cultura rap, que estaria ofuscando o resto da cultura branca, criando uma espécie de racismo. Sim, é bem triste, mas verdadeiro.
Dito isto, vamos a algumas coisas. Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que o underground não deveria aceitar este tipo de coisa, seja no metal, no gótico, do eletrônico, entre outros. O próprio termo remete um posicionamento que vai contra a vertente dominante, contra o establishment. Surge com base nos movimentos de resistência da Segunda Guerra Mundial, sendo ressignificado para nomear os movimentos contraculturais. Em outras palavras, é ir contra os modelos estabelecidos como socialmente aceitáveis, baseados puramente em tabus e crenças que não fazem mais sentido ou não deveria fazer. Começa com a beat generation e está historicamente ligada aos movimentos sociais contra o racismo, a favor dos direitos LGBT e da liberdade sexual. Tudo isto ganha ainda mais força com a Guerra do Vietnã, num mundo polarizado pela Guerra Fria e pelas disputas de poder.
Nesse ponto que eu gostaria de colocar a razão do underground não ser lugar para comportamentos como o do Phil Anselmo. Dado o seu caráter de confrontar aquilo que é aceito como “certo” por força de imposições sociais, por sua conexão com movimentos que buscavam legitimamente ir contra o preconceito social de muitos séculos, torna-se totalmente reprovável alguém aceitar ou mesmo justificar como uma brincadeira o que foi feito naquela noite e o que se faz até hoje em gêneros como o heavy metal. Parafraseando o Sean, do Cvlt Nation, “racismo não é extremo, é ignorância”, mostrando que qualquer pessoa que se apoie por “viver no underground”, mas que aceite este tipo de coisa não está sendo nem um pouco radical, colaborando para uma cena mais conservadora e babaca.
Mas está muito longe de ser somente por parte do Phil Anselmo este tipo de comportamento infantil e ridículo. Muitos fãs agem de forma muito parecida, dizendo frases como “funk é som de bandido”, “só gente com pouca cultura curte isto”, “quem ouve rock é mais inteligente”, etc. E não existe nenhuma barreira social ou moral que impeça o indivíduo de tratar mal alguém por não se alinhar com seu ponto de vista. Podemos ainda acrescentar o fato desses mesmos fãs acharem que as mulheres “são putas e vadias” por usarem pouca roupa, por “não ter lugar pra viadinho” e, como se não fosse suficiente, valorizar bandas femininas ou com integrantes do sexo feminino apenas pela beleza e não por serem uma boa banda.
Só que todo mundo sabe que ser preconceituoso é errado, é feio e faz cair o pinto, caso você tenha um. Basta ver a repercussão negativa que a declaração do Anselmo teve, incluindo uma petição para que ele não toque no Download Festival. Há também alguns vídeos de outros artistas comentando o ocorrido, sendo o mais famoso deles o do Robb Flynn, do Machine Head, que também esteve presente no Dimebash:
Meu questionamento recai justamente no fato de o mundo todo ser contra isto, mas apoiar gente como o Varg, o China Lee (que fez um pedido de desculpas depois de escrever merda e ver a repercussão que deu), o Ted Nugent, entre muitos outros. Ou mesmo ser fã de gente como o Bolsonaro, o Olavo de Carvalho, Roger Moreira, Lobão, Rodrigo Constantino e tanta gente cujas posturas fogem muito da proposta do “ser do underground”. Ou ainda, curtir páginas como a Orgulho de ser Hétero, Bolsonaro Zuero, Silas Malafaia e demais que apoiam um modo de vida totalmente conservador, reafirmando regras socialmente estabelecidas e nomeando tudo como bem e mal. Não faz sentido algum criticar o Phil Anselmo e defender as suas ideias, mesmo que no nível do discurso, entenda-se que essas posturas não fazem sentido. Nesse sentido aconselho muito este artigo do Judão sobre o assunto.
Isto não quer dizer que o underground seja de esquerda. Aliás, o underground não é, tecnicamente falando, filiado a alguma vertente ideológica. Ele apenas não pode servir de aporte para gente que seja preconceituosa, em qualquer nível. Não pode aceitar que qualquer tipo de lixo ideológico segregacionista e elitista tome conta dele, deixe a cena cada vez mais impossível de ser acompanhada por quem espera algo diferente do nosso sistema. Até mesmo porque este tipo de comportamento leva a um outro extremo: a generalização infantil.
Saiu um artigo no Gelédes sobre o assunto. O teor é exatamente o mesmo do pessoal preconceituoso, partindo de generalizações bastante inconsistentes com base em achismos. Dá margem a comentários imbecis, exigindo uma representatividade ao meio, mas esquecendo que existem sim negros relevantes dentro do rock e do metal, tal qual Jimmy Hendrix, Derrick Green (Sepultura), Doug Pinnick (King’s X), Tom Morello (Rage Against the Machine / Audioslave), Benji Webbe (Skindred) e dá para colocar também alguns músicos com descendência africana, como o Slash. E não são músicos desconhecidos, pouco consagrados e de bandas que estão começando suas carreiras. Pode-se criticar a desproporcionalidade, o fato destes músicos não reduzir o preconceito dentro do meio rock e metal. Mas não generalizar e dizer que TODOS são preconceituosos.
Então fica a sugestão: o underground não tem espaço para preconceitos de qualquer tipo, seja religioso, étnico, sexual, político ou qualquer outro que possa surgir.
CORREÇÃO 1: Como bem disse nos comentários o Enzo Fernandes, o vídeo é possivelmente de 1995 ou 1996. Refiz o texto porque ficou confuso.
5
Perdão, mas o texto do Geledés não afirma que TODOS os rockeiros são preconceituosos, até porque o autor do texto é rockeiro e o texto foi escrito originalmente para o blog Van do Halen – ou o autor está fazendo uma confissão? É péssimo diminuir o tamanho do problema citando os músicos negros importantes do rock como se eles não fossem as exceções. O rock nasceu negro e foi branqueado porque as gravadores preferiam uma cara branca para vender mais facilmente – não, isso não estou tirando da minha cabeça, isso foi o que o produtor do Elvis disse e é o que faziam através de cantores como Pat Boone, que fazia covers suaves dos artistas negros. Sim, o cenário do metal é prevalentemente elitista e conservador. Negar tal coisa é como negar que vivemos numa sociedade machista, racista, homofóbica e excludente por haver pessoas bem intencionadas e tolerantes. O branco não-racista continua se beneficiando de um mercado de emprego que pretere o candidato negro. O homem pró-feminista continua reproduzindo os valores sexistas que aprendeu em casa na escola e na rua, mesmo que não tenha consciência disso (caramba, até as mulheres reproduzem machismo internalizado sem que queiram). O todo é mais do que a soma das partes e o autor deste artigo falha em perceber isso. Todos nós, rockeiros progressistas, não conseguimos impedir esse estado de elitismo, conservadorismo e reacionarismo. Mesmo que nós todos não sejamos preconceituosos, a cena é.
Então cara, mas assim, não se sentir conectado com a cena metal não torna todos os envolvidos nela racistas, homofóbicos e coisas do tipo. Eu sinceramente tenho uma certa aversão aos fãs de power metal e, no outro extremo, na nova leva de fãs de death metal, porque é onde normalmente esses discursos de segregação são mais fortes.
E não faz o menor sentido este tipo de coisa uma vez que o gênero começou justamente com o pessoal que tinha pouca grana e queria fazer um som pra esquecer das merdas.
Nem todas as cenas de metal são elitistas e assumir aquele discursinho pós-moderno de “homem pró-feminista sempre reproduz machismo” já demonstra certas orientações ideológicas que fazem tão mal quanto o conservadorismo extremo. O elitismo não existe, por exemplo, dentro de cenas como a do post-rock e a do post-metal, por exemplo. Aliás, tanto não rola que ninguém liga se quem está tocando é um homem ou uma mulher, ao ponto de todo mundo ter as suas funções na banda. E na cena hardcore o povo não vê com bons olhos esses preconceitos não, eu mesmo já devo ter visto umas três ou quatro vezes uns caras apanhando por desrespeitar algumas moças. Então colocar essa “elitização” é algo que também é bem complicado, mesmo quando tem alguns estudos bem falhos sobre isto..
Pessoalmente eu mesmo sou mais conectado com a cena industrial, mas aí falar sobre ela é complicado, uma vez que lá se aceita e se rejeita tudo ao mesmo tempo.
Existe uma diferença entre a prevalência e a totalidade. O Brasil não é um país composto de 100% de cidadãos racistas, mas isso não faz com que o Brasil deixe de ser um país racistas, pois sua estrutura de costumes faz com que uma categoria racial ou étnica inteira sofra prejuízos que outra não sofre.
‘assumir aquele discursinho pós-moderno de “homem pró-feminista sempre reproduz machismo” já demonstra certas orientações ideológicas que fazem tão mal quanto o conservadorismo extremo.’ – Discordo. Quando você é educado numa tradição cultural machista e se beneficia naturalmente de tal valor cultural porque você é tratado diferentemente perante a sociedade por não ser uma mulher, é preciso um esforço constante para não reproduzir tais valores. E isso não é uma sentença de condenação, muito pelo contrário. Admitir que você se insere numa cultura que precisa ser mudada é elogiável. Porém, apenas o fato de você decidir um dia que machismo é errado não te livra dele. Luta contra preconceitos é diária, tanto pessoal quanto coletiva e talvez sem fim.
Seria bom que você demonstrasse como “assumir um discursinho pós-moderno” me faz tão ruim quanto um conservador extremo, pois, tal rotulação que você me faz, eu julgo extremadamente reacionária.
No mais, fico feliz em saber que ramificações da cena underground do rock estejam evoluindo desde que me afastei da cena heavy metal.
Você já leu “Eichmann em Jerusalem – Um relato sobre a banalidade do mal”, da Hannah Arendt? É fruto da cobertura jornalística que ela fez do julgamento de Adolf Eichmann, um oficial nazista responsável pela expropriação e morte de centenas de judeus. Essa cobertura e esse livro geraram um grande problema para Arendt pelos seguintes motivos:
A) Ela revelou a todos que Eichmann, apeser de um genocida, não tinha essencialmente nenhum outro traço que o diferenciasse de qualquer outro ser humano. Isso jogou na cara de todo mundo que você não precisa ser um supervilão para fazer o mal. Basta que suas crenças equivocadas recebam aval da cultura vigente onde você vive. O princípio que Eichmann seguiu para executar as ordens de Hitler foi o Imperativo Categórico Kantiano, o mesmo princípio universalizador que rege a justiça em democracias contemporâneas.
B) Ela revelou que o apoio do povo alemão à “solução final” nazista foi massivo. Não, ela não disse que 100% dos alemães eram pro-nazismo, até porque parte dos alemães foi vítima do nazismo. Isso não a impediu de dizer que a falência moral da Alemanha na 2ª Guerra foi em nível nacional.
C) Ela também revelou que associações de anciões judeus ajudaram o partido nazista a expropriar e enviar outros judeus para campos de concentração ou para países onde eles os explorariam como mão de obra empobrecida e barata. Sendo ela mesma judia, Hannah Arendt sofreu com rejeição dentro de sua própria comunidade.
O que eu quero dizer com isso? Eu quero dizer que, antes de me chamar de “pós-moderno”, seja lá o que você queira dizer com isso, já que eu não vejo o mínimo problema em ser um admirador de Foucault ou Judith Butler, por exemplo, só porque eu disse que machismo é um preconceito que persiste no comportamento da pessoa que pretende ser contra ele, perceba que existe um precedente bem documentado sobre a maldade ser possível em sujeitos que, em qualquer outras circunstâncias, seriam considerados honestos e bem ajustados membros da sociedade, desde que a sociedade ofereça estrutura para a sistematização e a institucionalização de seus deslizes morais.
No mais, a existência de felizes ramificações do rock onde os preconceitos são combatidos não altera os fatos de que a) o rock, em geral, foi historicamente esbranquiçado e b) na cena metal, em específico, ainda se fomenta valores como virilidade exacerbada e eurocentrismo, independente do quanto você ignore que eu disse que nem todos os fãs de metal são seres abjetos. O fato de eu ter parado de frequentar o underground não eliminou o meu contato com fãs do estilo e o comportamento que eles exibem é consistente com aquele que eu presenciei na cena. Só posso esperar que essas cenas mais evoluídas inspirem a cena metal a evoluir junto.
Você já leu “Eichmann em Jerusalem: Um relato sobre a banalidade do mal”, da Hannah Arendt? É fruto da cobertura jornalística que ela fez do julgamento de Adolf Eichmann, um oficial nazista responsável pela expropriação e morte de centenas de judeus. Essa cobertura e esse livro geraram um grande problema para Arendt pelos seguintes motivos:
A) Ela revelou a todos que Eichmann, apeser de um genocida, não tinha essencialmente nenhum outro traço que o diferenciasse de qualquer outro ser humano. Isso jogou na cara de todo mundo que você não precisa ser um supervilão para fazer o mal. Basta que suas crenças equivocadas recebam aval da cultura vigente onde você vive. O princípio que Eichmann seguiu para executar as ordens de Hitler foi o Imperativo Categórico Kantiano, o mesmo princípio universalizador que rege a justiça em democracias contemporâneas.
B) Ela revelou que o apoio do povo alemão à “solução final” nazista foi massivo. Não, ela não disse que 100% dos alemães eram pro-nazismo, até porque parte dos alemães foi vítima do nazismo. Isso não a impediu de dizer que a falência moral da Alemanha na 2ª Guerra foi em nível nacional.
C) Ela também revelou que associações de anciões judeus ajudaram o partido nazista a expropriar e enviar outros judeus para campos de concentração ou para países onde eles os explorariam como mão de obra empobrecida e barata. Sendo ela mesma judia, Hannah Arendt sofreu com rejeição dentro de sua própria comunidade.
O que eu quero dizer com isso? Eu quero dizer que, antes de me chamar de “pós-moderno”, seja lá o que você queira dizer com isso, já que eu não vejo o mínimo problema em ser um admirador de Foucault ou Judith Butler, por exemplo, só porque eu disse que machismo é um preconceito que persiste no comportamento da pessoa que pretende ser contra ele, perceba que existe um precedente bem documentado sobre a maldade ser possível em sujeitos que, em qualquer outras circunstâncias, seriam considerados honestos e bem ajustados membros da sociedade, desde que a sociedade ofereça estrutura para a sistematização e a institucionalização de seus deslizes morais.
No mais, a existência de felizes ramificações do rock onde os preconceitos são combatidos não altera os fatos de que A) o rock, em geral, foi historicamente esbranquiçado e B) na cena metal, em específico, ainda se fomenta valores como virilidade exacerbada e eurocentrismo, independente do quanto você ignore que eu disse que nem todos os fãs de metal são seres abjetos. O fato de eu ter parado de frequentar o underground não eliminou o meu contato com fãs do estilo e o comportamento que eles exibem é consistente com aquele que eu presenciei na cena. Só posso esperar que essas cenas mais evoluídas inspirem a cena metal a evoluir junto.
Olha, peço por gentileza pra evitar postar várias vezes a mesma coisa. O sistema do Disqus, por alguma razão que eu desconheço, às vezes classifica isto como Spam. por isto sua postagem não foi a primeira vez. Recebi agora mesmo uma mensagem de spam.
Você já leu “Eichmann em Jerusalem – Um relato sobre a banalidade do mal”, da Hannah Arendt? É fruto da cobertura jornalística que ela fez do julgamento de Adolf Eichmann, um oficial nazista responsável pela expropriação e morte de centenas de judeus. Essa cobertura e esse livro geraram um grande problema para Arendt pelos seguintes motivos:
A) Ela revelou a todos que Eichmann, apeser de um genocida, não tinha essencialmente nenhum outro traço que o diferenciasse de qualquer outro ser humano. Isso jogou na cara de todo mundo que você não precisa ser um supervilão para fazer o mal. Basta que suas crenças equivocadas recebam aval da cultura vigente onde você vive. O princípio que Eichmann seguiu para executar as ordens de Hitler foi o Imperativo Categórico Kantiano, o mesmo princípio universalizador que rege a justiça em democracias contemporâneas.
B) Ela revelou que o apoio do povo alemão à “solução final” nazista foi massivo. Não, ela não disse que 100% dos alemães eram pro-nazismo, até porque parte dos alemães foi vítima do nazismo. Isso não a impediu de dizer que a falência moral da Alemanha na 2ª Guerra foi em nível nacional.
C) Ela também revelou que associações de anciões judeus ajudaram o partido nazista a expropriar e enviar outros judeus para campos de concentração ou para países onde eles os explorariam como mão de obra empobrecida e barata. Sendo ela mesma judia, Hannah Arendt sofreu com rejeição dentro de sua própria comunidade.
O que eu quero dizer com isso? Eu quero dizer que, antes de me chamar de “pós-moderno”, seja lá o que você queira dizer com isso, já que eu não vejo o mínimo problema em ser um admirador de Foucault ou Judith Butler, por exemplo, só porque eu disse que machismo é um preconceito que persiste no comportamento da pessoa que pretende ser contra ele, perceba que existe um precedente bem documentado sobre a maldade ser possível em sujeitos que, em qualquer outras circunstâncias, seriam considerados honestos e bem ajustados membros da sociedade, desde que a sociedade ofereça estrutura para a sistematização e a institucionalização de seus deslizes morais.
No mais, a existência de felizes ramificações do rock onde os preconceitos são combatidos não altera os fatos de que A) o rock, em geral, foi historicamente esbranquiçado e B) na cena metal, em específico, ainda se fomenta valores como virilidade exacerbada e eurocentrismo, independente do quanto você ignore que eu disse que nem todos os fãs de metal são seres abjetos. O fato de eu ter parado de frequentar o underground não eliminou o meu contato com fãs do estilo e o comportamento que eles exibem é consistente com aquele que eu presenciei na cena. Só posso esperar que essas cenas mais evoluídas inspirem a cena metal a evoluir junto.
legal o texto mas precisa uma correção!! O video que vocês mencionaram não é de 2008 pois o Pantera acabou antes de 2004. Acredito que este video é de 1995 no maximo seria em 1998 abraço!!
Opa, tudo bem? Eu acho que me expressei mal, eu quis dizer que o vídeo está lá disponível desde 2008 pro pessoal ver. Mas vou arrumar sim, obrigado pela correção.