[Resenha] Sasha Grey as Wife – Eterno Dying 1.0 (2020)

2 min


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1. Sol

2. Zero Zero One One

3. Trisadness

4. Caos

5. Sol (Reprise)

Post-rock / experimental, Independente

Conheço o trabalho da Juvi tem pelo menos uns seis anos (é, o tempo voa bem rápido) e como ele andava ocupado com outras coisas na internet e até mesmo com outros projetos, pensei que nunca veria outro disco do Sasha Grey as Wife.

Libertador talvez seja o termo que resuma esse EP. As músicas todas são sobre o sofrimento e a angústia que permeia o universo online e o quanto esse mundo cria na gente sensações de extremo mal-estar e melancolia. A voz do Júlio nas músicas parece embargada, como se estivesse num misto de desespero e agonia, numa vontade de gritar sufocada pela tristeza. Não tem o mesmo brilho que os discos anteriores e mostra um processo intenso de compreender como as nossas ilusões machucam e nos silenciam.

Musicalmente remete bastante ao post-rock, indo diretamente a ícones como Explosion in the Sky e Godspeed You! Black Emperor. Tudo isso com guitarras lentas, letras em inglês e uma voz robotizada que parece com o alter ego do eu-lírico. É descrição de uma Inteligência Artificial, que descreve o estado emocional que a voz humana não consegue descrever.

Sol é a música que começa a trajetória com guitarras bem ao estilo post-rock, que depois, pela metade, mudam para um som épico, denso e melancólico, chegando inclusive ao metal. Zero Zero One One já tem um ritmo mais próximo do metal e continua a canção anterior, com a mesma voz robótica seguida de uma voz humana menos embargada. Trisadness repete a introdução de Sol e tem elementos eletrônicos mesclados com um post-metal forte, atmosférico e extremamente melancólico, com uma voz recortada e repetida diversas vezes.

Caos é metal, algo meio Neurosis, meio Isis, com elementos puxando um pouco pro sludge e pro neoprog e, representando o caos, a música muda conforme prossegue, tornando-se, com certeza, a canção mais melancólica desse trabalho. O EP termina reprisando a música Sol, mas com uma mensagem diferente. É a canção que questiona a existência e mostra uma voz ainda mais embargada e melancólica. Talvez represente que a volta ao tédio e ao desespero assume feições diferenciadas.

No geral, é um disco bacana. Ainda acho a trilogia do Ashtar Sheeran muito melhor, mas confesso ser um bom disco que serve para nos fazer olhar para nossos próprios demônios digitais.

Sasha Grey as Wife – Eterno Dying 1.0
  • Nota Geral - 8/10
    8/10
8/10

Editor, dono e podcaster. Escreve por amor à música estranha e contra o conservadorismo no meio underground.