[Resenha] Sunn 0))) – Life Metal (2019)

1. Between Sleipnir’s Breaths
2. Troubled Air
3. Aurora
4. Novae

Drone metal, Experimental, Southern Lord

Stephen O’ Malley é, pelo menos para mim, um dos maiores gênios da música contemporânea. Frente a projetos como Gravetemple, Teeth of Lions Rule the Divine, House of Low Culture, entre outros, o músico americano nos traz sempre alguma coisa nova e interessante para ouvir.

Sunn 0))) é uma entidade dentro do metal. Ninguém pode discordar de que nada soa igual, nada é igual e nada chega perto da grandiosidade dos drones ruidosos, ausência de percussão e indo contra qualquer convenção do que se espera de uma banda de metal. É por essa razão que o novo disco, Life Metal, lançado este ano, consegue resumir e trazer o melhor de seu trabalho em quatro longas músicas.

A parceria com o produtor Steve Albini, responsável por grandes trabalhos em grupos como Nirvana e Pixies, conseguiu tornar este novo disco acessível, melódico, rico em texturas musicais. Considero inclusive este um dos álbuns mais fáceis de serem ouvidos depois do Black One de 2005, sobretudo para quem não é fã de drone e nem de música experimental.

Musicalmente soa quase como um rock progressivo bem lento, na linha do Pink Floyd e suas viagens psicodélicas. Tem muito de Black Sabbath, por conta do uso de alguns riffs no meio da parede de som. A música vai se construindo conforme o tempo se passa, com a entrada de sintetizadores e outros instrumentos de forma muito especial. Você precisa ouvir cada faixa até o final, com muito cuidado, para não perder nada.

Dentre as participações especiais, destaca-se a islandesa Hildur Guðnadóttir, que canta a faixa Between Sleipnir’s Breaths. Esta faixa tem na sua letra a junção de dois poemas, um de Nezahualcoyotl, filósofo, guerreiro, arquiteto e legislador na era pré-Colombiana, no México e  de Ayocuan Cuetzpaltzin, poeta asteca do século XV.

Das outras faixas, destaca-se o uso das texturas musicais de guitarras que são somadas ao uso de instrumentos como moog, violoncelo elétrico, órgão, crotales (um antigo instrumento de percussão usado em música erudita) e um haldorophone (uma espécie de banjo eletro-acústico). Esses instrumentos revelam a riqueza do som e toda a força desse novo trabalho, que merece a audição de ouvidos atentos ao drone e aqueles que nunca foram conquistados por ele.