Pela primeira vez na história deste blog teremos uma resenha dupla. É muito difícil passar despercebido pelo lançamento do disco Alpha Noir / Omega White dos portugueses do Moonspell. Primeiro por se tratar de dois discos totalmente distintos, mas complementares e que mostram os dois lados do grupo. Um lado negro, pesado, metal e outro branco, gótico, sombrio. É, sem dúvidas, o disco (ou discos) do ano.
Alpha Noir: o lado metal e pesado
Comecemos pelo disco “oficial” da banda. O alfa é o começo de tudo, o início. Representa, neste lançamento, como o Moonspell iniciou, em sua fase black metal, altamente influenciada por Celtic Frost.
Este primeiro trabalho tem sua sonoridade fortemente influenciada pelo black metal melódico, influenciado pelo death metal e pelo thrash e várias passagens dos discos mais recentes, como o Memorial e o Night Eternal. Está muito superior a estes, combinando peso e melodia, sem soar extremamente cru ou desordenado.
“Lickanthrope”, a música de trabalho deste disco, retoma o tema da licantropia, presente em trabalhos como Wolfheart e Irreligious. É pesada, cujos riffs remetem ao metal mais tradicional (aspecto pouco presente em composições anteriores). “Versus” é quase uma faixa heavy metal deste disco, talvez destoando do que fizeram no passado, mas soando ainda como Moonspell. “Alpha Noir” retoma o estilo consagrado dos portugueses, com diversos flertes com o death metal mais moderno. “Em nome do medo”, a única música em português deste disco, começa com uma base no baixo muito densa e grave, para depois começar uma das melhores e mais bem trabalhadas músicas deste trabalho. “Love is Blasphemy” abre com um trecho retirado da Bíblia, aludindo ao momento da comunhão.
Dos dois discos é aquele de assimilação mais demorada. Deve ser ouvido algumas vezes, acostumando o ouvido ao disco. É indicado para quem gosta de ouvir os últimos discos.
Faixas
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Axis Mundi
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Lickanthrope
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Versus
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Alpha Noir
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Em Nome do Medo
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Opera Carne
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Love Is Blasphemy
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Grandstand
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Sine Missione
Omega White: o final gótico
Omega é o final, o término de um ciclo. É também a morte, o momento de mudança. Representa o Moonspell durante sua fase mais gótica, compreendida entre os discos Sin/Pecado, Butterfly Effect, Darkness and Hope e The Antidote.
Este segundo disco é para aqueles com saudades deste lado mais influenciado pelo rock gótico. É mais “calmo” se comparado com o Alpha Noir, mas sem perder o peso. É diferente, sobretudo por ser para os fãs desta leva menos metal do grupo.
“White Skies”, música de trabalho do Omega White (e não coincidentemente, a segunda faixa deste álbum), demonstra claras influências de gothic rock estilo Sisters of Mercy. Soa próximo do Lacrimas Profundere atual e uma tem letra bem grudenta. “Fireseason” é quase uma música de gothic rock mais pesada, nos mesmos moldes dos trabalhos atuais do Deathcamp Project e do Nox Interna. “New Tears Eve” é para os fãs do disco Darkness and Hope. Soa muito próxima das composições daquele disco, talvez com uma produção que está muito acima. “Incantrix” é uma música de gothic rock com bastante peso em algumas partes, um dos grandes destaques do trabalho. As faixas seguintes seguem o mesmo padrão, pendendo ora para um som mais gótico, ora para alguma coisa mais metal.
Dos dois, estes é, sem dúvidas, o melhor disco. Talvez pela produção mais limpa, pelo seu lado de retorno aos discos antigos com inovações e outras coisas, isto tudo faz o Omega White ser o melhor disco dos dois.
E no fim das contas…
Alpha Noir e Omega White se complementam. São dois excelentes discos, com propostas opostas e complementares. A edição especial vale ser mencionada, que vem com os dois cds num belo conjunto digipack com o encarte e um pingente com os símbolos do Moonspell.
Faixas
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Whiteomega
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White Skies
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Fireseason
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New Tears Eve
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Herodisiac
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Incantatrix
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Sacrificial
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A Greater Darkness