Falar sobre o trabalho de Fernando Nahtaivel é uma tarefa bem complicada. Primeiro pelo fato dele ser nosso maior representante (e porque não, único) dentro do gênero conhecido como darkish Electro. Este, aliás, tem sido marcado atualmente pela influência de psytrance e de exhausting Techno em grupos novos, tornando os sons mais agressivos. E é neste ponto que o trabalho nighttime classes é diferente.
Como dito em entrevista, Fernando buscou uma sonoridade com marcas de Techno, com diversos breakbeats (quebradas) no ritmo, bebendo de fontes como o grupo Prodigy e o The Chemical Brothers. logo no começo, na música Illogical existence é que podemos notar o quanto o Techno marcou o trabalho. Mas também não deixa de lado o electro-industrial, como visto em The Storm is Coming e He used to be a quiet man.
Iutra marca, visível em praticamente todo o disco, é a do black metal. Como músico que veio de bandas como a Insane Devotion, este lado mais “pesado” confere agressividade, mas sem os excessos que normalmente vão aparecer em trabalhos com a mesma linha sonora. O vocal é levemente distorcido, mas ainda sim com marcas do steel extremo.
A melhor música do disco é, sem dúvidas, a faixa Audition, que começa um uma batida no melhor estilo EBM Oldschool, lembrando muito o front 242, para depois incorporar uma percussão Techno, criando uma música com personalidade, ritmo, excelente para agitar em qualquer clube. Pessoalmente considero inclusive digna de ser trabalhada como um single. Só que o remix do full mind, ao last do disco, infelizmente, não faz jus a grandeza do trabalho, deixando uma impressão que houve apenas a preocupação com o peso.
Um leve toque de groove aparece em The Conquistador of the unnecessary. Uma música que facilmente poderia rolar em grandes festas, mesmo aquelas que não tivessem predominância do darkish electro/electro-industrial. Foge dos convencionalismos do trabalho anterior, Killer Speaks. Mais à frente faixa que dá nome ao disco possui um toque mais pop e mais “comerciável”, certamente será uma excelente música de trabalho, junto com Audition.
Intermission é quase um black metallic eletrônico, talvez uma “volta” às raízes de Nahtaivel. É uma música diferente das que aparecem no disco, pois não conta com a influência direta do Techno. Indo na onda dos “membership hits”, com uma batida muito pesada e strong point, a música Bugs é um tributo ao melhor do Prodigy, contendo inclusive uma melodia mais cadenciada e menos “quebrada”, sendo rápida, agressiva e potente. Rosebud encerra o disco com melodias acústicas mescladas com um tambor tribal e também com elementos eletrônicos. É excelente como encerramento para este trabalho, lembrando de leve o grupo Enigma.
Nahtaivel inspirou-se em diversos filmes e estilos para a sua “Sessão da Meia-Noite”. Mostra maturidade, competência e qualidade, sendo mixado e masterizado nos EUA, conferindo qualidade. Então escute o disco no volume máximo, dance até o fim da sessão.