Vamos a mais um review do Groundcast e a banda que trago para vocês hoje é a The Fall of Every Season da Noruega. Na verdade ela é uma one-man band, Marius Strand é o dono de tal banda/projeto. Classificada como Atmospheric Doom Metal, The Fall of Every Season traz aos seus ouvintes os clássicos elementos do Doom Metal mesclados a uma sonoridade mais leve em alguns momentos.
From Below é um álbum conceitual que conta a história de uma família que conhece apenas a agonia e a morte e as músicas contam cronologicamente a estória de um filho aprisionado até o momento em que é solto.
The Fall of Every Season vai agradar fãs do bom e velho Doom Metal.
01 – From Below
O CD abre com a faixa título, começando bem baixinha e progredindo com o tempo, violões dão as notas inicias da melodia, tocados de forma agoniante por assim dizer. Bem devagar e leves, já mostrando o que devemos esperar no restante da música. Junto ao violão uma guitarra bem leve vai seguindo até entrar os outros instrumentos, que acompanham o mesmo ritmo lento, mas não um lento arrastado como vemos na maioria das bandas de doom.
Vocais guturais começam após a intro, dando mais tristeza e dramaticidade a letra e fazendo ela ficar mais triste, o primeiro verso é cantado assim e bem lento. Quando o segundo verso começa, uma mescla de vocais guturais, rasgados e limpos aparecem, o instrumental ainda segue a mesma linha que estava quando começou.
Os vocais alternando seguem o decorrer da música que está quase chegando na metade (ela tem quase 12 minutos).
Caso você esteja esperando algo a mais, então pare por aqui, pois a música segue o mesmo ritmo de quando começou, sem muitas variações,. Em alguns momentos uma ênfase nos pratos da bateria, outras um riff mais puxado, mas nada muito diferente do que já foi ouvido até o momento. O próprio solo segue esse esquema, até que voltam para o violão (que eu considero o ponto forte do CD todo). O bom de se ouvir The Fall of Every Season é você estar com a letra e acompanhando, cria uma outra atmosfera nas músicas, a emoção empregada é muito profunda e lendo as letras você entende o que cada parte do instrumental quer dizer.
Caso ainda estejam vivos, preparados para a segunda música? Espero que sim
02 – Sisyphean
Uma das músicas curtas do CD, não chega nem a ter 5 minutos, mas transborda de sinceridade e sentimentalismo em simples notas, suaves e melancólicas. Uma faixa que já torna o álbum mais interessante, na verdade eu definiria que mostra uma evolução gradativa das faixas. O vocal limpo é devastador, não é o mais primoroso em técnica, mas capta bem o que a música deseja passar e transfere para o ouvinte o estado atual de sofrimento.
O teclado de fundo, apenas como algo para dar clima, ajuda a criar a atmosfera desoladora da música e do conceito que o álbum possui. Perto dos 3 minutos algumas notas são notadas em evidencia, contracenando com o instrumental relativamente simples, mas envolvendo quem estiver ouvindo. Se você puder escutar essa música sozinho e com tudo quieto, conseguira perceber tudo contido nela.
03 – The Triumphant Beast
A terceira faixa já mergulha no sofrimento novamente, o começo agoniante e o instrumental lento, no estilo da primeira faixa, mas ainda assim mostrando a evolução das músicas do CD, algo como o sentimento crescendo conforme as músicas passam.
Começando com o vocal limpo que troca para o gutural e que eu não sei o que causa mais sensação de agonia e tormento, os dois estão no mesmo nível de passar um sentimento triste, como algo preso, que gostaria de sair. Parece como duas consciências conversando entre si, se lamentando uma para a outra.
Novamente se possuir a letra a música pode tomar uma cara diferente.
Depois desse começo os riffs ficam mais rápidos um pouco e entra uma parte estilo Draconian, não sendo um Doom tão arrastado (me refiro ao Draconian antigo, nos dois primeiros CDs). Escutando as vezes chega a dar um arrepio e provavelmente essa era a intensão de Marius quando fez o álbum, ou não, mas que ele consegue transmitir as sensações como se esse garoto realmente existisse, isso com certeza consegue.
Vocais limpos na música e novamente aviso, não são os mais bem executados, mas para as melodias são perfeitos, mostrando como o feeling é bem importante quando se faz música, se fazer música com o “coração”. A faixa de doze minutos e meio prende e fascina os fãs do estilo. Os solos da música passam a sensação de desespero também e mesmo sendo uma música longa ela não é cansativa.
Aos quase 8 minutos violões, que como eu citei, são o ponto forte do álbum. É simplesmente de deixar qualquer um paralisado escutando, o ar gracioso, triste e ao mesmo tempo esperançoso, unindo ao teclado de fundo uma mistura de sentimentos, realmente pode mexer com quem escutar. Com o tempo a bateria e a guitarra voltam em cima do violão e teclado que estava sendo tocado, mas a sensação permanece até ir saindo de cena com o tempo e ficar só o instrumental mais “pesado” até ir finalizando a música.
04 – Escape of the Dove
Outra música curta do álbum, mais curta que a segunda e a minha preferida do álbum. Á com uma introdução matadora que palavras não podem descrever, deve ser ouvida e sentida. Teclado parece guiar sua mente ela música e o violão guia sua mente pelos versos. Vocais limpos, suaves, tranquilos, mostrando algo sendo libertado, querendo desbravar algo novo, mas ainda assim receoso com o que pode ser encontrado.
Essa é a atmosfera da música que não tem o que ser dita, escutem e vejam por vocês.
E para finalizar o CD, a maior faixa, com seus 15 minutos de tormento e tristeza que já são sentidos nos primeiros acordes de guitarra e na bateria. Vá prestando atenção, escutando calmamente e perceberá onde é o fundo do posso, se você ouviu até agora as faixas em ordem, calmamente já deve ter sido capturado pela atmosfera e começa a achar que realmente sentiu o mesmo que o garoto que ele descreve no álbum.
A introdução comprida e que prende e faz você se sentir amarrado a essa mistura de sentimentos e esperando a conclusão do que está por vir, após 3 minutos começam os vocais guturais, acompanhando a música até quando entram os vocais limpos em algo mais calmo, morno e carregado emocionalmente. Fico pensando o que será que ele estava sentindo ou imaginando quando compôs.
Após partes limpas, a parte mais “agressiva” retorna e devolve a atmosfera do inicio. Outra música que senti um pouco de Draconian mais para frente, mas é a minha opinião, não sei, mas algo me remete a banda quando escuto.
A música segue sem surpresas, assim como as outras e mantendo o ritmo que teve quando começou e até meio se repetindo nas partes calmas (que voltam a aparecer) que se mantem por mais tempo e vão dando uma descansada para música (que para mim poderia acabar aqui), mas conforme vai passando a música fica um pouco mais “agitada”, mas os vocais limpos continuam e vão assim até o final da música. Fim.
Considerações finais
O CD é bom, mas não espere algo inovador, fantástico e mítico, essa não é a lacuna que The Fall of Every Season preenche. É interessante, bem feito e agrada os fãs do estilo, mas está longe ainda de ser a melhor banda de Doom que eu já escutei. Estou esperando o lançamento do CD novo, intitulado “Amends” e se manter a qualidade, com certeza o escutarei. Não espere nada extremamente bem tocado e nem vocais perfeitos, The Fall of Every Season ainda peca em algumas coisas, mas analisando o conjunto da obra é um ótimo trabalho, espero que Marius se supere em seu novo lançamento. Vale a pena conferir.